Mobilizações de 9 de abril: o que propõem as FARC e o ELN
Resumen Latinoamericano/Colombia Informa, 6 de abril de 2015 – Como parte das consignas que serão expressas na próxima quinta-feira em todo país, se encontra o apoio ao processo de diálogo entre o Governo e as Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (FARC); e o estabelecimento formal de uma mesa de negociação com o Exército de Libertação Nacional (ELN). Ambas as organizações realizaram pronunciamentos sobre o que esperam dessa jornada.
FARC: “A mais ampla frente de unidade política”
Em uma coluna intitulada Deixem fazer a paz!, Carlos Antonio Lozada, integrante do Secretariado (órgão máximo de direção das FARC) e membro da comissão negociadora desta guerrilha em Havana, assegurou que não são por acaso os recentes ataques diretos dos parlamentares do Centro Democrático, do Procurador Geral Alejando Ordoñez e dos porta-vozes da Associação de Oficiais da Reserva das Forças Militares (Acore, sigla em espanhol) em que qualificam o processo de paz como uma “rendição frente ao terrorismo”. “Na medida em que avançam os diálogos de paz, crescem os ataques de seus inimigos”, afirmou.
“Não é segredo para ninguém que a agenda acordada em Havana busca desatar os nós que mantém a Colômbia amarrada ao monopólio da terra e à marginalização do campo, ao distanciamento abismal entre a vida urbana e rural; ao clientelismo político e à corrupção, à hegemonia política e ideológica de uma minoria autoritária, ligada por seus interesses ao grande capital transnacional”, sentenciou o líder guerrilheiro.
Finalmente, se referiu à necessária participação do conjunto da sociedade colombiana nas marchas em apoio ao processo e, em geral, como condição para o êxito das negociações: “a culminação dos diálogos de paz não é apenas competência do Governo e das FARC. É uma tarefa histórica de toda a Colômbia”.
Anunciou que, embora sejam alentadoras, as mobilizações anunciadas em apoio ao processo não são suficientes. “Temos que conquistar a paz e esse objetivo requer a formação da mais ampla frente de unidade política”, acrescentou Lozada.
ELN: “O processo de paz deve ser liderado pela sociedade”
De sua parte, através de um comunicado, o ELN assegurou que a paz necessária para o povo colombiano é “uma paz como única saída de futuro que significa justiça e equidade social, democracia e soberania”.
No texto, editorial da revista Insurrección [Insurreição] que publicam na web, esta guerrilha afirma que após meio século do assassinato do líder popular Jorge Eliecer Gaitán, “a oligarquia colombiana, que hoje continua no poder, segue impedindo o destino dos povos a ser livres”.
Asseguram que após a morte de Gaitán “os revolucionários democratas e lutadores populares encontraram os caminhos da democracia fechados”. Com esta afirmação, ressalta as raízes políticas que deram lugar à fase atual do conflito armado do país.
O ELN reafirmou que a paz é urgente para a Colômbia, porém que não concorda com o modelo de paz da classe dominante: “o processo de paz deve ser liderado pela sociedade, priorizando os marginalizados de sempre, que são as maiorias. Apenas desta maneira a paz terá futuro”.
Sobre a mobilização de 9 de abril, asseguraram que a Colômbia humilde, a que quer a paz, sairá às ruas reivindicando a memória de Gaitán. Segundo a organização insurgente, o povo se manifestará para dizer ao presidente Santos o que o líder popular disse a Mariano Ospina Pérez: “pedimos fatos de paz e civilização”.
Convergência pela Paz
As diferentes organizações sociais e políticas que convocam para a mobilização desta quinta-feira integram a chamada Convergência pela Paz. A data comemora o Dia Nacional da Memória e Solidariedade com as Vítimas. Na dita convergência, confluem praticamente a totalidade de expressões populares do país, caso se considere os setores campesinos, urbanos e populares que integram a Cúpula Agrária, as referências políticas que incitam a Frente Ampla, os intelectuais e setores eclesiásticos que dinamizam o Clamor Social pela paz.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/04/06/movilizaciones-del-9-de-abril-que-proponen-las-farc-y-el-eln/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)