COLÔMBIA – O chefe paramilitar dos “Mochacabezas”, que confessou 1500 assassinatos, já está livre

imagemResumen Latinoamericano / ANNCOL / 31 de julho de 2015 – Freddy Rendón Herrera, mais conhecido como Alemão, um dos mais sanguinários criadores das Autodefesas, cujos homens impuseram em Chocó e Antioquia a prática de cortar a cabeça de suas vítimas, foi posto em liberdade após cumprir a pena alternativa da lei de Justiça e Paz.

Aproximadamente às 17 horas desta quinta-feira, o ‘Alemão’ saiu da prisão de Itagüí e entrou no veículo que estava a sua espera do lado de fora do presídio. A ordem de liberdade chegou quase três meses depois de o Tribunal de Justiça e Paz de Medellín considerar terem sido cumpridos os compromissos da desmobilização: verdade, justiça e reparação.

No entanto, o paramilitar ainda tem um processo por narcotráfico nos Estados Unidos. Segundo a acusação, Rendón Herrera se associou com outras pessoas para introduzir droga nos Estados Unidos entre 1998 e 2009 (três anos depois de sua desmobilização).

Também é apontado por cobrar propina “de outros narcotraficantes” para permitir a passagem da droga, que depois saía em lanchas rápidas para países da América Central.

Ainda que em maio de 2010 a Corte Suprema tenha dado parecer desfavorável para sua extradição, seu processo segue aberto em uma corte de Nova York e a ordem de sua captura, vigente.
Freddy Rendón Herrera, alias el Alemán.

O ‘Alemão’ é irmão do narcoparamilitar Daniel Rendón Herrera, ‘Don Mario’, que também conseguiu evitar que o prendessem as autoridades dos Estados Unidos, onde possui processos por narcotráfico. Ele foi expulso pelo Justiça e Paz em setembro de 2013, por continuar cometendo crimes após a desmobilização. Seu outro irmão, Jesús Rendón, ‘Germán Monsalve’, cumpriu pena nos EUA e regressou ao país.

O ‘Alemão’ é um dos chefes históricos dos paramilitares. Nasceu em Amalfi (Antioquia), onde conheceu os irmãos Carlos, Vicente e Fidel Castaño Gil, e desde o começo esteve com eles no aparecimento e fortalecimento das Autodefesas.

Rendón Herrera confessou no Justiça e Paz sua responsabilidade em 1.500 eventos, dos 9.000 que foram denunciados contra seu grupo: o Élmer Cárdenas. Desses casos, 7.000 são por crime de remoções forçadas, o que o torna um dos maiores responsáveis pelo deslocamento na história do conflito armado do país, cujas ações, segundo sentenças jurídicas, terminaram por favorecer empresários de projetos agroindustriais que começaram a tomar as terras abandonadas com base em ameaças de morte.

O ‘ex-paramilitar’ foi colocado em liberdade sem que a justiça esclareça suas ligações com os poderosos ‘esmeralderos’ de Boyacá, como os extintos ‘imperadores’ Víctor Carranza e Pedro Rincón.

O ex-chefe do bloco Élmer Cárdenas das AUC é o segundo dos comandantes ‘paramilitares’ que recupera sua liberdade. Já tinha saído da prisão, em maio, o ex-chefe do bloco central Bolívar: Rodrigo Pérez Alzate, conhecido como Julián Bolívar.

O ex-AUC, segundo a Corte Suprema de Justiça, nunca colaborou com a justiça para esclarecer as ligações das autodefesas com setores políticos do país.

FOTO PRINCIPAL: Rendón sai agora em liberdade, graças à lei de Justiça e Paz, cujo arquiteto é o chamado Padrinho do paramilitarismo, Álvaro Uribe Véllez.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/07/31/colombia-el-jefe-paramilitar-de-los-mochacabezas-que-confeso-1500-asesinatos-ya-esta-libre/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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