Queremos continuar avançando

Havana, Cuba, sede dos Diálogos de Paz, 11 de setembro de 2015

Iniciamos este novo ciclo de diálogos com a convicção de que o processo deve redobrar sua caminhada indefectível para o fim do conflito. Temos razões fundamentadas para o otimismo. Em apenas 7 dias, a subcomissão jurídica posta em marcha pelo Presidente Santos e o comandante Timoleón Jiménez, nos colocou às portas do acordo sobre Justiça, como componente do Sistema Integral da Verdade, Justiça, Reparação e Não Repetição.

O entendimento avança também no terreno do Cessar-fogo e de Hostilidades, Bilateral e Definitivo, na subcomissão técnica integrada por cinco generais e um almirante, além de comandantes do Secretariado e do Estado Maior Central das FARC-EP, ao mesmo tempo em que começamos o estudo sobre o esclarecimento e desmonte do fenômeno do paramilitarismo, que não poderá ficar gravitando como ameaça de guerra suja sobre o firmamento do pós-acordo.

Quando as FARC falam de Havana ou da montanha, não fala a soberba, mas o realismo que sempre considera que o processo de paz não é um processo de submissão, mas um diálogo entre partes iguais que tem visões próprias de país. São estas que teremos de harmonizar, caso seja o objetivo alcançar o bem supremo da paz como direito síntese de todos os colombianos.

Não se pode confundir com soberba a precisão necessária de que este é um processo de paz e não um processo judicial contra as FARC. Não viemos a Havana para negociar impunidades nem baixar a cabeça frente o Direito Penal do Inimigo, mas para construir fórmulas consensuais que nos conduzam a uma paz justa e duradoura, baseada no reconhecimento as vítimas e que prepare o caminho para a reconciliação.

Por isso, quando falamos de Deposição das Armas, nos referimos a sua não utilização na política, compromisso que deve ser rubricado tanto pela guerrilha como pelo Estado. Os mecanismos para tornar realidade a colocação das armas longe de seu uso, de tal maneira que se assegure a luta política limpa e democrática, é o que estamos tentando aprovar na Mesa de Conversações. Não se trata de impor caprichos, mas de adotar, apoiados no sentido comum, um convênio razoável que nos permita alcançar esse objetivo.
Reiteramos que em Havana não conhecemos o conteúdo do projeto Ato Legislativo que, segundo a imprensa, estaria sendo discutido no Congresso. Torna-se inconveniente resolver de maneira unilateral um dos assuntos que ainda não foi abordado na Mesa de Conversações, como é o do Referendo, contido no ponto seis da Agenda.

Urge para o sucesso deste processo superar o quanto antes as desavenças entre Colômbia e Venezuela, duas repúblicas irmãs, filhas de um mesmo pai, o Libertador Simón Bolívar. Em nome dos excluídos e dos sem voz em nosso país, agradecemos à Venezuela tudo o que tem feito pela paz e a reconciliação da Colômbia.
Delegação de Paz das FARC-EP

Fonte: http://www.pazfarc-ep.org/index.php/noticias-comunicados-documentos-farc-ep/delegacion-de-paz-farc-ep/3009-queremos-seguir-avanzando

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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