Colômbia: a violência contra a mulher é muito pior no interior da prisão

imagemResumen Latinoamericano/Contagio Radio / 25 de novembro de 2015 – A população carcerária feminina é vítima constante da violação de seus direitos. Para a advogada Gloria Silva, da Fundação Comitê de Solidariedade com os Presos Políticos, esta vulnerabilidade é marcada de duas formas: a primeira vem com a violência exercida no momento da captura e a segunda está relacionada com a situação penitenciária em geral.

Para a jurista, as reclusas têm necessidades particulares “pelo fato de serem mulheres”, porém em nenhum momento são atendidas tais necessidades, como a da maternidade. A isto se somam o maltrato promovido contra seus familiares e a impossibilidade de contribuir com um sustento para eles pelo fato de estarem no cárcere, afirma.

De acordo com os números do Inpec, até janeiro de 2015, a população carcerária e penitenciária na Colômbia, continha 116.760 reclusos; dos quais 8120 são mulheres.

“A situação e a problemática da violência no país estão relacionadas com um sistema de desigualdade social e de diferença de classes que reproduzem algumas relações de poder em cenários sociais e familiares”, que se observam também nos centros penitenciários com as reclusas, especialmente as presas políticas, assegura Silva.

Para a advogada, a situação das detidas políticas tem uma carga maior, que se infundiu em torno da população reclusa, já que são consideradas mais perigosas que as demais.

INDULTO A GUERRILHEIROS DAS FARC

Frente ao anúncio do indulto a ser dado pelo Governo Nacional a 30 guerrilheiros que se encontram nas prisões do país, indicou que, ainda que celebre esta iniciativa, estes gestos humanitários de paz devem ser ampliados, tanto por parte do Estado como das FARC.

Afirmou que desconhece se na lista de indultados existem mulheres. Finalmente, Gloria Silva manifestou a importância de considerar a situação e as condições das presas políticas no país.

EM 2015 FORAM APRESENTADOS 5517 CASOS DE VIOLÊNCIA FÍSICA CONTRA A MULHER EM BOGOTÁ

Sandra Mujica, Secretária Distrital para a mulher

25 de novembro de 2015

Segundo os números da Secretaria Distrital para a mulher, de janeiro a julho de 2015, foram assassinadas 68 mulheres, apresentaram-se 5.517 casos de violência física de por parte do marido e 2.174 casos de pretenso crime sexual. Hoje no dia da Não violência contra a mulher foram programadas diversas atividades que se somam à mobilização desta data, com a qual se busca a conscientização e tomada de medidas frente ao maltrato, que apesar de nos últimos anos ter diminuído, continua permeando todas as camadas sociais.

Apesar de nos últimos anos se ter gerado um fortalecimento institucional, o que levou a um descenso nos casos de maltrato contra a mulher e à tomada de novas formas para denunciar, os indicadores continuam sendo fortes. “A cada três dias em Bogotá é assassinada uma mulher”, a cada hora uma mulher está sendo maltratada por seu marido e diariamente se apresentam pelo menos 23 queixas, afirma Sandra Mujica, encarregada da Secretaria Distrital para a mulher. São números que refletem a necessidade de continuar trabalhando para transformar esta situação.

Sobre as causas desta violência, Mujica avalia que são “estruturais e simbólicas” já que “se continua pensando que as mulheres são propriedades”, além do fato de que essa violência está presente em outros âmbitos, como o educativo e o laboral, dificultando o acesso a eles. Por isto Mujica chama a atenção de que “a violência contra as mulheres é problema de todos e de todas” e que a partir da “formação de professores e professoras, de meninos e meninas”, é possível minimizar esta problemática.

Sandra Mujica afirma que o maltrato contra a mulher “não reconhece estrato social” e o que acontece é que “mudam as expressões” e a aparição em meios de comunicação. Por isto, “é preciso fazer um exercício muito forte de reconhecimento dessas violências”, já que “ainda que pareçam sutis, deixam sequelas psicológicas muito fortes”. E isso compete à sociedade em seu conjunto.

Desta forma, a Secretaria Distrital para a mulher afirma que as medidas de proteção aumentaram para os casos que são denunciados e convida a denunciar na linha lilás da mulher 018000 112137 e na página www.sdmujer.com.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/11/27/colombia-la-violencia-contra-la-mujer-es-mucho-peor-al-interior-de-la-carcel/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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