Palestina: postos de controles israelenses: “Vivemos sob a colonização”

imagemAllison Deger/Resumen Medio Oriente/Al Jazeera, 7 de dezembro de 2015 – Com cerca de 100 checkpoints (postos de controle) permanentes sob controle israelense na Cisjordânia, Al Jazeera consultou os palestinos como fazem para enfrentar estes postos.

À medida que o tráfego diário da tarde se estende através da Jerusalém Oriental ocupada, a polícia israelense das fronteiras detém crianças com mochilas que esperam em longas filas nas proximidades, enquanto dezenas de carros se encontram um após outro atrás de uma barreira de concreto.

Em meio à onda de violência dos últimos dois meses, Israel construiu mais de uma dúzia de novos checkpoints (postos de controle) no leste de Jerusalém, somando-se aos outros 96 postos permanentes controlados por Israel na Cisjordânia. Ainda que Israel diga que os novos postos de controle sejam temporários, os palestinos têm que se adaptar aos novos registros adicionais, atrasando ainda mais suas viagens à escola, ao trabalho e, inclusive, ao hospital.

Uma vez finalizado o dia escolar, os postos de controle de Jerusalém Oriental às vezes se convertem em focos de enfrentamento entre jovens palestinos e as forças israelenses. Al Jazeera falou com os residentes próximos de como os checkpoints estão afetando suas vidas.

Como pode ser observado, alguém que queira fazer um percurso que não deveria durar mais de 10 minutos, hoje pode se converter em uma hora, e a razão disso é a existência dos checkpoints.

Todos os dias temos momentos difíceis. Hoje um estudante foi detido em sua escola. A cada dia, a polícia israelense busca os meninos.

Alguns dos meninos menores não vão mais à escola porque têm medo da polícia, dos militares e dos postos de controle.

Tudo isto foi criando um estado de depressão em nós.

Não existe necessidade destes postos de controle. Estão aqui há quase dois meses com a justificativa de que serve para a segurança, porém isto não é o que traz a segurança a Israel.

O que poderia trazer a segurança para os israelenses e que também seja justo para nós, nos deixando viver? Devem manter-se distantes de nossas comunidades e vamos viver pacificamente.

Faz quase um mês que colocaram os checkpoints. Sempre chegamos tarde à escola e sempre tem engarrafamento.

Às vezes ocorrem inspeções e outras vezes as forças israelenses nos atacam. Ontem, os soldados dispararam contra o hospital da Meia Lua Vermelha enquanto estávamos aqui.

Inclusive, às vezes, nos detém no caminho para a escola.

A pior coisa é quando você é registrado, porém também quando os israelenses disparam gás lacrimogêneo em nosso caminho à escola, e entram no hospital. Antes dos postos de controle existiam problemas, mas menos que hoje. Às vezes me param e me registram aqui. Me fazem tirar todas as minhas coisas da mochila quando me inspecionam.

Quando cheguei ao posto de controle de Suwwana, apesar de estar de pé e com dores, tive que mostrar minha carteira de identidade.

Mesmo se você é uma mulher grávida, tem que parar. Não importa se você sente dor ou se está grávida. Eles podiam ver que eu estava grávida. Eles sabiam que eu estava grávida e me detiveram de todo o modo.

Vivemos sob a colonização; esta é a situação!

Tive que vir muitas vezes a este hospital e tinha medo. A espera poderia chegar a ser de cinco minutos a meia hora.

Aqui, neste bairro, ocorrem enfrentamentos, acontecem lançamentos de pedras e as forças israelenses disparam gás lacrimogêneo. Passei mal muitas vezes, sobretudo ultimamente, com a grande quantidade de gás lacrimogêneo. Se Deus quiser, eu estarei bem. Esta é a situação…

Tenho medo de ir e vir. O cheiro do gás lacrimogêneo, especialmente quando estava grávida, me causou problemas para respirar. Em minha vida, este tem sido o período mais difícil.

Os checkpoints têm criado muitos problemas e atrasos. Chego tarde em meu trabalho, em meu negócio. É uma dor.

Primeiro, cruzo o de Qalandia, depois o de Wadi Joz, e agora este posto de controle em Suwwana. Portanto, agora são três postos de controle que cruzo.

Hoje, no posto de controle de Qalandia esperei uma hora. Em Wadi Joz foram 15, 20 minutos. Este era o mesmo que antes. Preciso de umas duas horas para ir trabalhar só por conta dos checkpoints.

Saí de casa às 6 horas. Outros trabalhadores saem em torno das 4 horas da manhã para chegar até aqui. Chegamos ao trabalho cerca das 9 horas.

Nos checkpoints, os soldados registraram meu carro… Eu tive que mostrar minha identificação. Eles podem me deter talvez por meia hora ou uma hora; o soldado poderia dizer simplesmente: “Volte”. E então, você não vai trabalhar nesse dia.

Os israelenses dividiram Jerusalém. Não podemos viver normalmente, porque os soldados se comportam com muita arrogância.

Tradução para o espanhol: Palestinalibre.org.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/12/07/palestina-checkpoints-israelies-vivimos-bajo-la-colonizacion/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

 

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