Quatro líderes sociais assassinados na última semana na Colômbia

imagemResumen Latinoamericano /Marcha Patriótica / 08 de março de 2016 – William Castillo, dirigente agrário da região de Guamocó, foi o quarto ativista assassinado na última semana no país. O líder da Associação de Irmandades Agroecológicas e Mineradoras “Aheramigua” foi baleado no município de El Bagre (Antioquia) no dia 7 de março.

Um dia antes, o jovem comunista Klaus Zapata foi vitimado por desconhecidos em Soacha, Cundinamarca, quando jogava futebol nessa localidade limítrofe com Bogotá.

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Preocupa a perseguição contra o movimento social no momento em que se buscam garantias para a implantação dos acordos de paz

Em primeiro de março, as vítimas foram Maricela Tombe e Alexander Oime, dirigentes sociais assassinados no Cauca.

Esta serie de crimes preocupam os movimentos social e popular no momento em que se buscam garantias para a implantação dos acordos de paz com a insurgência.

“Presidente Santos, o fortalecimento do paramilitarismo e assassinato de líderes sociais demonstram que estamos em emergência humanitária”, foi a reivindicação de David Flórez, porta-voz nacional da Marcha Patriótica, ao chefe de Estado.

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Os quatro casos apontam a persistência do assassinato dirigido contra líderes sociais e defensores de direitos humanos. Além disso, coincidem na omissão das autoridades frente a eles e na pouca ou nula cobertura que é dada pelos principais meios de comunicação.

A construção de um país em paz com justiça social requer medidas efetivas de proteção para líderes sociais, defensores de direitos humanos e militantes da esquerda.

Também necessita do desmonte efetivo do paramilitarismo, um dos aspectos que fazem parte da agenda de negociação com as FARC e um dos assuntos cruciais na busca da paz.

A campanha “Yo Te Nombro Libertad” repudia o homicídio de Klaus Zapata

Marcha Patriótica

07 de março de 2016

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A campanha nacional e internacional “Yo Te Nombro Libertad” repudia o homicídio de Klaus Zapata, militante da Juventude Comunista Colombiana.

O assassinato do jovem KLAUS ZAPATA, que em sua condição de integrante da Juventude Comunista colombiana participava dos processos de luta popular no município de Soacha, é um fato que deve ser reprovado pelo conjunto da sociedade, pois o silenciamento através da violência que tem sido característica da intolerância e da violência sociopolítica, deve desaparecer de uma vez por todas de nossas realidades, na ideia de transitar para a construção da Paz verdadeira.

Klaus foi um dos jovens que recentemente se vinculou ao desenvolvimento comunicativo a Campanha “YO TE NOMBRO LIBERTAD” a partir de sua paixão pelo audiovisual como ferramenta para a denúncia da falta de garantias para a oposição política e em defesa dos Direitos Humanos na Colômbia. Sua contribuição na edição de curtas da Campanha permanecerá como marca indelével do trabalho que nos fica por levar a cabo na difícil tarefa de visibilizar a perseguição da qual consideramos que ele foi vítima.

Não nos fica nada clara a explicação relativa a mais um caso de intolerância, quando familiares e amigos do jovem afirmam que quem o tirou a vida, com vários impactos de projétil de arma de fogo, não estava sequer participando da partida de futebol onde ocorreu o terrível desenlace, senão, pelo contrário, se encontrava como espectador e na atitude de suspeitosa espera.

Em consequência, além de REPUDIAR contundentemente estes fatos, EXIGIMOS que as autoridades de Polícia e dos corpos investigativos da Procuradoria Geral da Nação empreendam todas as ações pertinentes e implantem imediatamente os trabalhos que permitam, no menor tempo possível, esclarecer o ocorrido e apresentar os responsáveis.

O desmonte do paramilitarismo, o término definitivo da violência sociopolítica e a geração de condições sociais que despojem a sociedade colombiana da intolerância e da incapacidade de respeitar as diferenças, é uma responsabilidade a qual o Estado deve fazer frente de maneira prioritária.

Aos nossos irmãos da Juventude Comunista Colombiana, à família, aos amigos e aos parentes de Klaus, estendemos o mais sincero dos abraços nos momentos em que nos encontramos obrigados a ficar de pé em meio à tristeza e à impotência. A luta pela vida e a esperança deve continuar guiada pelo exemplo de homens e mulheres, lutadores do Povo que nos foram arrebatadas pela força.

Jovens como Klaus são e continuarão sendo o motor que impulsiona a construção de uma Colômbia distinta.

À MORTE, JAMAIS DAREMOS NADA… À VIDA, POR FIM, DAREMOS TUDO!

Campanha Nacional e Internacional “YO TE NOMBRO LIBERTAD

7 de março de 2016

Em El Tambo, Cauca, líder campesina foi assassinada

29 de fevereiro

Maricela Tombé, Q.E.P.D.

Comunidades campesinas da zona rural de El Tambo, Cauca, repudiaram o assassinato de Maricela Tombé, líder comunitária desta área do departamento.

O acontecimento foi confirmado pela Associação Campesina Ambiental de Playa Rica (ASCAP), organização camponesa que foi liderada pela vítima, de 33 anos de idade.

“Os fatos se registraram em torno das 9:30 da noite de ontem, domingo, quando a mulher pretendia entrar em um estabelecimento comercial, localizado na área urbana da comunidade de Playa Rica, zona rural deste município. Um sujeito a abordou para depois disparar contra as cabeça”, explica o comunicado enviado por dita associação.

“Mãe de dos menores, atuou como Secretária da Junta de Ação Comunal da Vereda Brisas, depois Presidenta desta instância e, posteriormente, Presidenta da Associação Campesina Ambiental de Playa Rica (ASCAP) no período de 2011-2014. No momento, devido a seu estado delicado de saúde, tinha desistido de seu trabalho na organização campesina da ASCAP”, reza o comunicado.

O Nuevo Liberal constatou que os familiares têm programada às 8 da noite de hoje a chegada do corpo da mulher a uma casa do bairro Solidaridad, onde será velada para depois ser enterrada em sepultura cristã.

Na zona onde se registrou este assassinato atuam grupos marginalizados, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército Libertação Nacional (ELN).

O grupo de campesinos que informou sobre este homicídio denuncia a existência de panfletos onde se anunciam atividades de ‘limpeza social’ por parte de um grupo paramilitar.

“Hoje acordei querendo que tudo fosse mentira e que somente tivesse sido um pesadelo. Esperei que entrasse pela porta e seu sorriso nos encheria, porém não chegou. E, então, entendi que tinha de ser forte porque enfrentara a realidade que Maricela Tombé não voltaria mais. Também entendi que em meu coração sempre estará como a pessoa que se foi e que nalgum dia voltarei a encontrar, seja onde for, e que a palavra que mais me dói pronunciar é: descanse em paz”, manifestou Verónica Rodríguez na conta de Maricela na rede social Facebook.

CHAMADO INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE PELA VIDA E PELOS DIEITOS HUMANOS DA ESQUERDA COLOMBIANA

O Movimento Político e Social Marcha Patriótica faz um chamado a todos os partidos do Fórum de São Paulo, aos governos progressistas e democráticos do mundo, à UNASUL, à CELAC, à OEA, ao Parlamento Europeu, à ONU e a todos os organismos de direitos humanos, para que se pronunciem com a contundência necessária, que permitam parar os sistemáticos assassinatos contra dirigentes sociais e de partidos ou movimentos da esquerda colombiana.

Este ano, às portas de um acordo de paz, se intensificaram os assassinatos dirigidos contra destacadas pessoas do movimento social, especialmente aquelas que estão apoiando o processo de paz e a reconciliação da sociedade colombiana. Esta tenebrosa situação se dá a par da ativação de mais grupos paramilitares em várias regiões do país, que vêm semeando o terror nas comunidades e mostrando abertamente seu repúdio ao eventual acordo de paz entre o Governo e as insurgências.

Conhecemos a história de outros processos de paz, nos quais o governo e a insurgência pactuaram dois acordos, destruídos pelas ações criminosas de grupos ultradireitistas que visam a perpetuação da guerra, porque recebem benefícios econômicos e políticos por estas.

Recordamos com muita dor o extermínio da Unión Patriótica, de A
Luchar e da Frente Popular, três forças políticas que foram apagadas da cena política ante o olhar inerme da comunidade internacional e das instituições colombianas.

Com o assassinato de nossos companheiros William Castillo e Klauss Zapata, já são 102 militantes da Marcha Patriótica assassinados entre 2012 e 2016. Isto não pode acontecer nunca mais. Por isso, propomos ativar um plano de acompanhamento e proteção internacional dirigido a facilita as condições de trabalho das organizações sociais e dos partidos de esquerda em todo o território nacional.

Pedimos ao Presidente Rafael Correa, presidente pro tempore da CELAC, ao Dr. Luis Almagro, Secretário Geral da OEA, e ao Dr. Ernesto Samper, Secretário Geral da UNASUL, à Senhora Catherine Ashton, Ministra de Relações Exteriores da União Europeia, ao Sr. Ban Ki-moon, Secretário
Geral da ONU, à companheira Mónica Valente, Secretária Executiva do Fórum de São Paulo, e a todos os partidos e movimentos democráticos, que nos recebam o mais rápido possível para analisar conjuntamente um plano de ação preventivo pela paz e pela vida dos militantes da esquerda colombiana.

Porque a Paz com Justiça Social na Colômbia é a paz do continente:

Assinam: Porta-vozes do Movimento Político e Social Marcha Patriótica – PIEDAD CORDOBA RUIZ, GLORIA INES RAMIREZ, PATRICIA ARIZA, DAVID FLOREZ, ANDRES GIL, CARLOS LOZANO

OS PRISIONEIROS CUMPREM 10 DIAS EM GREVE DE FOME EM TRAMACUA

A Fundação Lazos de Dignidad difunde e contribui com o seguinte Comunicado emitido pelos Reclusos no Estabelecimento Penitenciário e Carcerário de Alta e Média Segurança de Valledupar “la Tramacua”, sobre o desenvolvimento da Greve de Fome Massiva iniciada pelos recluso em 23 de fevereiro de 2016, a qual hoje se somaram 500 grevistas.

“Nós, Prisioneiros no Estabelecimento Penitenciário de Alta e Média Segurança de Valledupar – “La Tramacua”, informamos o seguinte:

1. Cumprimos 10 dias da jornada de protesto consistente na devolução dos alimentos que nos são fornecidos na prisão, ou seja, greve de fome. Hoje persistimos 256 prisioneiros de diferentes torres, sem consumir os alimentos com a solidariedade e o acompanhamento de toda a população carcerária.

2. Nossa petição fundamental radica no cumprimento da tutela T-282 de 2014, que entre outras, ordena o fornecimento da água permanente e a proteção aos direitos fundamentais dos presos.

3. De igual maneira, exigimos o compromisso por arte da direção geral do INPEC e do Ministério da Justiça para resolver assuntos mínimos, porém indispensáveis para desenvolver uma vida digna dentro do estabelecimento, tais como: dotar os presos de mosquiteiro para nos proteger de inúmeras pragas, entre elas a zika que já faz estragos na região, se autorize o uso de ventiladores ou ventarolas nas celas, que permitam aliviar em algo a inclemência das temperaturas que superam os 40° graus, situação que torna grave nas celas para duas pessoas onde devemos conviver em três, também sem água. Que se autorize a compra do radio transistor para estarmos comunicados ou inteirados do que se passa no mundo exterior, permitir o ingresso de nossos visitantes a cada 8 dias, como ordena a lei 1709 de 2014 e a visita conjugal de ao menos 2 horas a cada 15 dias, abolir o uso
de Chanchón ou uniforme pelas visitas ou degradante para o
interno, principalmente quando o material com que é feito não está conforme às altas temperaturas.

4. No dia de hoje, o INPEC se faz de surdo acerca de nosso chamado ao diálogo e para solucionar nossos pedidos. Destacamos que tendo o pronunciamento da Corte constitucional de 25 de fevereiro passado, onde expressa que se mantém vigilante o cumprimento da sentença T-282, reconhecido nosso direito ao protesto pacífico e ordenado ativar o protocolo para greve de fome, ou seja, a proteção dos grevistas, ao contrário do ordenado, o INPEC arremeteu contra os grevistas no dia 29 de fevereiro e golpeou o companheiro WILMER CONTRERAS CONTRERAS, TD 6024, produzindo graves lacerações, perda da unha do dedo mindinho da mão direita e um dente partido.

Por último, reiteramos nosso agradecimento a familiares, amigos, ONGs e meios de comunicação que se solidarizaram e tornaram visível nossa justa luta em prol de uma vida digna.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/03/10/colombia-cuatro-lideres-sociales-asesinados-la-ultima-semana-en-colombia/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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