Colômbia: Assassinado líder camponês de Córdoba
Solidariedade de organizações campesinas ante o assassinato de José Yimer Cartagena
Asociación Campesina para el Desarrollo del Alto Sinú –ASODECAS / Resumen Latinoamericano/ 12 de janeiro de 2017 – O dirigente da Asociación Campesina para el Desarrollo del Alto Sinú (Asodecas) [Associação Campesina para o Desenvolvimento do Alto Sinú] Yilmer Cartagena foi sequestrado e assassinado em Carepa, Antioquia.
Em 10 de janeiro de 2017, já tarde da noite, o dirigente campesino e defensor dos direitos humanos José Yimer Cartagena Úsuga, que fora vice-presidente de ASODECAS, se deslocava da comunidade do Cerro até o centro da cidade do município de Carepa.
No ponto conhecido como La Petrolera do município de Carepa, Antioquia, José Yilmer foi abordado por um grupo de desconhecidos que viajava a bordo de uma caminhonete branca, que o obrigou a subir no veículo. Além disso, advertiu à comunidade que não avisasse ninguém sobre o ocorrido e partiram em direção desconhecida.
Na manhã do dia 11 de janeiro de 2017, agentes da polícia do município de Carepa – Antioquia informaram ao defensor de direitos humanos Andrés Chica que no necrotério dessa municipalidade se encontrava um corpo sem vida.
Integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Marcha Patriótica e familiares de José Ymer se dirigiram até as instalações do necrotério do hospital do município de Carepa – Antioquia, onde encontraram o corpo do dirigente campesino.
A Asodecas é uma organização campesina que há muitos anos avança com diferentes mecanismos reivindicativos de direitos humanos, um deles a Ação Humanitária em Crucito nos dias 26 e 27 de abril de 2013. Participou da Grande Greve Nacional Agrária ocorrida em agosto de 2013 e, em consequência disso, das negociações mediante a Cúpula Agrária Campesina Étnica e Popular, que permitiram que o governo nacional avaliasse e implementasse um projeto de economia campesina que está em curso no território do Alto Sinú e San Jorge. Dentro de seu raio de ação está a comunidade Gallo da região de Crucito, lugar escolhido como ZVTN, que no momento, a 5 quilômetros da mesma estão pré-agrupados integrantes da frente 58 das FARC-EP.
Em 27 de junho do ano anterior, a ASCSUCOR emitiu uma denúncia pública onde colocava em evidência o grave risco em que se encontram os dirigentes campesinos, líderes sociais, defensores de direitos humanos do sul de Córdoba. Apesar disso, o governo colombiano foi omisso aos riscos latentes. Paramilitares continuam ameaçando líderes campesinos em Córdoba.
O Sistema de Alertas Prévios emitiu um S.O.S em 23 de novembro de 2016, mediante o Informe de Risco n° 037-16 de iminência, onde alertavam para o risco e possíveis acontecimentos trágicos contra os ativistas da ASODECAS. Ante este, as autoridades competentes tampouco reagiram.
Solidariedade de organizações campesinas ante o assassinato de José Yimer Cartagena.
A Asodecas faz parte da Coordenação Agromineradora, organização que integra treze processos agrários e mineradores que trabalham na defesa da terra e na permanência no território, além da promoção e na defensa dos direitos humanos.
A Coordenação Agromineradora do Noroeste e do Meio Magdalena Colombiano repudia de forma enfática os eventos ocorridos em 10 de janeiro passado, quando desconhecidos, que se viajavam em uma caminhonete branca no município de Carepa (Antioquia), interceptaram, sequestraram e assassinaram o líder campesino José Yimer Cartagena Úsuga, vice-presidente da Asociación Campesina del Alto Sinú (Asodecas) [Associação Campesina do Alto Sinú] e líder da Marcha Patriótica no departamento de Córdoba.
Cabe notar que a Asodecas faz parte da Coordenação Agromineradora, organização que reúne treze processos agrários e mineradores que trabalham pela defesa da terra e a permanência no território, além da promoção e defesa dos direitos humanos. Trata-se de um espaço com o qual se tem construído, pela mão da Asodecas, canais de interlocução com autoridades civis e militares com a finalidade de evidenciar os riscos a que estão expostas as comunidades.
É por isso que se questiona o papel das autoridades em seu trabalho de garantir a vida e a integridade das comunidades campesinas e das organizações defensoras de direitos humanos que fazem presença nas zonas de alto conflito, mais ainda quando se denunciam em reiteradas oportunidades ameaças, assassinatos e o alto risco que corre a população pela presença de grupos paramilitares, o que desencadeou o aumento nos últimos anos das violações aos direitos humanos e as infrações ao Direito Internacional Humanitário.
Não cabe dúvida que a Asodecas liderou ações no Alto Sinú em prol da construção de vida digna para os camponeses, também gerou espaços que levam à materialização de uma paz estável e duradoura.
A Coordenação Agromineradora exige que o Estado e as autoridades competentes sejam diligentes na investigação do assassinato de José Yimer e dos outros 120 membros do Movimento Político e Social Marcha Patriótica, que tiveram sua vida retirada por conta de seu papel de liderança nos territórios. Exige-se que estes acontecimentos não fiquem na impunidade. É urgente que se ofereçam garantias às comunidades e aos processos organizativos para que isto não continue acontecendo.
Foto: Atividade da Asodecas.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)