Novo Comunicado do PCP: Não mais Terrorismo de Estado!
Mais uma vez, a ação mesquinha da oligarquia mafiosa entrincheirada no Estado e seu aparato repressivo levou outra vida. Ao assassinato do jovem dirigente liberal Rodrigo Quintana se soma um número ainda indeterminado de feridos e detidos arbitrariamente, produto da selvagem repressão desatada em Assunção e outros pontos do país no dia 31 de março. Esta ação criminosa tem uma clara definição: TERRORISMO DE ESTADO. E não é nova.
Mais de 180 militantes do movimento camponês foram assassinados desde 1989 por lutar por seu direito à terra, da parte de forças repressivas e sicários a serviço de produtores de soja com proteção estatal. Com a aprovação da chamada Lei “Antiterrorista” (2010) e as modificações da Lei de Defesa Nacional (2013), conhecida como de militarização (ambas inconstitucionais), o Congresso outorgou ao Poder Executivo e suas forças repressivas carta branca para a execução de invasões e remoções ilegais, detenções arbitrárias, torturas, sequestros e assassinatos.
A repudiável depredação de uma sede partidária e o assassinato do jovem dirigente liberal são expressões deste terrorismo de Estado, como continuidade efetiva da tirania stronista, que nunca se foi.
Como Partido Comunista Paraguaio, condenamos energicamente o Terrorismo de Estado de ontem e hoje, tanto no campo como na cidade. Nos comprometemos a continuar lutando, como parte do povo honesto, combativo e digno até derrotar este sistema corrupto, assassino e saqueador dirigido em nosso país pela narcopolítica e a máfia do agronegócio. Sobre o legado das mulheres e homens que deram sua vida por nossa liberdade, construiremos uma verdadeira Pátria Nova.
Na tarde de 31/03, finalizada a sessão que aprovou parcialmente a emenda, fizemos um chamado ao povo trabalhador “a não se expor a um confronto entre projetos igualmente politiqueiros que defendem interesses mesquinhos. Não caiamos em seu jogo criminoso. Organizemo-nos para defender nossos interesses que não estão expressos nesse Parlamento”. Uma parte importante das trabalhadoras, trabalhadores e estudantes honestos de nossa pátria expressou sua indignação nas ruas, demonstrando a disposição de lutar ante a injustiça, fartos da insuportável situação de miséria a que este governo, com suas políticas de saqueio e superexploração e sua prática corrupta, nos tem submetido. De igual forma, oportunistas de turno em tribunas jornalísticas e diversas cúpulas politiqueiras visam tirar proveito e benefício para seus interesses desta legítima raiva popular expressa na queima da sede legislativa, e o seguirão fazendo.
É necessário organizar a justa rebeldia para que seja efetiva a mensagem: não mais terrorismo jurídico, não mais terrorismo midiático, não mais terrorismo parlamentar, não mais terrorismo empresarial, não mais terrorismo de Estado. Em síntese, NÃO MAIS VIOLÊNCIA PARA OPRIMIR E EXPLORAR NOSSO POVO. Essa é a violência que já não estamos dispostos a tolerar.
Reiteramos nosso repúdio a esses acordos e disputas das cúpulas politiqueiras que não estão motivadas pelo interesse de defender uma Constituição Nacional, mas que diariamente a atropelam. Legitimam e executam políticas de fome e morte para a maioria da população, políticas que matam por falta de medicamentos e hospitais, que permitem cair os tetos das escolas sobre nossas meninas e meninos, que geram desemprego, que protegem os narcotraficantes e prendem, sem julgamento e sem provas, os pobres do campo e da cidade.
Diante disto, cremos firmemente que a saída é nos reconhecermos como trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade, nos encontrarmos em nossas praças, bairros, comunidades, assentamentos, escolas, universidades, locais de trabalho para discutirmos sobre nossas necessidades e como resolvê-las, para gerar confiança entre iguais no trabalho, ombro a ombro, e reconhecer que o poder está na força da organização solidária, na construção de confiança e Poder Popular para resolver nossas necessidades coletivamente, repudiando esse circo politiqueiro e derrotando este e qualquer outro governo das minorias narcomafiosas, corruptas e terroristas.
Nenhuma confiança neste governo de narcotraficantes, stronistas e oportunistas. Toda a confiança em nós, no povo explorado, na classe trabalhadora, que somos quem geramos vida, pão e toda a riqueza que vemos ao nosso redor.
Reiteramos a exigência de revogação da Lei “Antiterrorista” e da Lei de Militarização, assim como a libertação imediata das presas e presos políticos do caso Curuguaty #NulidadYa [#AnulaçãoJá], dos Seis Campesinos, de Pedro Espinoza e Dora Meza.
Fora Cartes!
Por um Governo Democrático, Agrário e Anti-imperialista!
Lutando, forjando, Poder Popular!
Socialismo é Vida, Pão e Paz!
Comissão Política
Partido Comunista Paraguaio
1° de abril de 2017
COMUNICADO DE CONAMURI: Estejamos em alerta: Visível aumento do autoritarismo no Paraguai
1° de abril de 2017
Ante os fatos registrados ao término da jornada de ontem, sexta-feira, 31 de março de 2017, nas ruas em frente ao Congresso Nacional e dentro do mesmo. Avivados pela insistência do Executivo em seu empenho de seguir adiante com os planos de reeleição presidencial, nós da Organização de Mulheres Campesinas e Indígenas Conamuri manifestamos quanto segue:
Condenamos a violência desmedida da repressão policial da noite de 31 de março e madrugada do dia 1° de abril, que deixou como saldo o assassinato à queima-roupa do jovem Rodrigo Quintana na sede do Partido Liberal. Nada justifica este abuso das forças pública sobre a cidadania a que deve servir e resguardar. Nesse sentido, solidarizamo-nos com a família da vítima e exigimos que sejam identificados os responsáveis e que paguem por isso em justo processo.
Honestamente, nos sentimos interpeladas quando, como resultado de ações de protesto, se incendeia o edifício do Congresso Nacional – titular de uma milionária apólice de seguro, diga-se de passagem –, porém, quando se produzem fumigações no campo, que corrói a pele dos meninos ou os olhos das mulheres que são submetidas à intoxicação sistematicamente, não reagimos como sociedade com a mesma porcentagem de indignação.
Os gravíssimos fatos registrados em 31/03 à noite, nos exigem revisar a história do país, na qual tantos colorados como liberais, movidos por seus próprios interesses e por máfias transversais, utilizaram o povo como bucha de canhão. Esta prática muito violenta, quase bélica, se dá no momento em que os grupos de poder disputam o espaço político e no qual finalmente são as trabalhadoras e os trabalhadores que colocam seus corpos e sofrem a repressão e as balas.
Responsabilizamos por este lamentável atentado contra a democracia o presidente Horacio Cartes como cabeça visível deste governo que em seu afã reeleicionista, não tem escrúpulos em cuspir sobre a Constituição Nacional e dançar sobre seu cadáver.
Convidamos as organizações campesinas e indígenas a organizar a resistência nas comunidades e a não se deixar levar por paixões vazias de análises, para atuar com prudência e no marco de nossos processos libertadores.
Estejamos em alerta, povo paraguaio: se ficarmos dormindo, a longa noite stronista voltará a nos cobrir com seu nefasto manto.
Ditadura nunca mais!
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)