Carta Aberta ao Comandante Hugo Chávez Frias
ARGENPRESS
Camarada Joaquín, muitas mensagens têm chegado ao nosso correio eletrônico para que permaneças altivo e digno ante o tirano; um trabalhador venezuelano nos pediu que te transmitíssemos esta mensagem: “nenhum aumento de salário nos fará esquecer que hoje dormes nas masmorras do regime fascista colombiano pela cegueira da direita endógena do nosso governo”. De nossa parte, camarada, desde nossa trincheira da ANNCOL nos preparamos para seguir o caminho. Não nos calarão!
Dirigimos-nos ao comandante da Revolução Venezuelana, ao cidadão presidente da nossa irmã República Bolivariana da Venezuela e por seu intermédio ao glorioso povo venezuelano.
Materializar o sonho da pátria Grande é um imperativo ético para todos os herdeiros do pensamento do Libertador. Esse projeto, para ser sólido e realista, deve construir-se sobre pilares fundamentais que consolidem sua fortaleza moral e sua ética revolucionária; entre esses pilares, estão o internacionalismo e a solidariedade. A solidariedade é a ternura dos povos, dizia Che.
Desde antes do processo revolucionário venezuelano, muitos homens e mulheres de diferentes países do mundo somaram-se lado a lado a esse processo, entre eles quadros políticos colombianos, muitos deles expulsos pelo conflito colombiano, que têm feito deste processo nosso processo, e hoje os encontramos em diferentes instancias da luta na Venezuela, desdobrando seus conhecimentos e potencialidades, aportando sua experiência com a perspectiva da Pátria Grande e do socialismo.
O processo revolucionário venezuelano o encarnam homens de carne e osso, muitos deles anônimos, desses que lutam toda a vida, os imprescindíveis, e é por isso que, desde a base desse processo, esses homens exigem que seus dirigentes estejam à altura moral do compromisso adquirido com seu povo, com todos os povos do mundo, especialmente com América Latina.
Perguntamos-nos hoje se esses dirigentes são capazes de olhar nos olhos a esposa do nosso camarada Joaquín Pérez Becerra, se são capazes de olhar nos olhos a sua pequena filha e dizer-lhe que são revolucionários e que são antiimperialistas, sobretudo depois de enviar um comunicador social alternativo às masmorras do regime mais criminoso da América Latina. Homens do País Basco têm sido extraditados, colombianos processados pelo regime de Santos como insurgentes têm sido extraditados por ordem do governo venezuelano. Essa ação é digna de dirigentes que pregam, a brados: “Pátria, socialismo ou morte, venceremos”? Não, mil vezes não.
O povo venezuelano deve assumir a direção coletiva do processo revolucionário. Não se pode permitir que a direita endógena siga aí, como quinta coluna do imperialismo e da direita internacional. Homens como Izarra e outros ineptos que fazem parte da burocracia do processo revolucionário devem ser chamados a prestar contas pelas forças vivas desse processo.
Izarra deve renunciar, porque seu comportamento não tem nada de ético quando anuncia “a captura de um terrorista como prova fidedigna do compromisso do governo venezuelano frente à luta contra o terrorismo”. Não é ético que Izarra, com o telefone na mão, ligue para os jornalistas da TELESUR e de outros meios para silenciá-los e calá-los, ordenando que ocultassem a nacionalidade sueca de nosso camarada. Venezuela durou três dias com censura oficial; aí temos que felicitar os camaradas dos meios alternativos de comunicação que romperam a censura para denunciar o seqüestro do nosso camarada e sua extradição à Colômbia.
Uma direção coletiva tem menos possibilidades de equivocar-se que um dirigente, rodeado de incapazes, áulicos ineptos, sem perspectiva-memória histórica e sem consciência de classe. Certos membros do governo venezuelano devem uma explicação aos povos bolivarianos e aos povos do mundo pela entrega servil ao regime colombiano de nosso camarada.
Esses mesmos dirigentes esqueceram que a oligarquia colombiana foi a primeira a reconhecer o golpe de Carmona contra Chávez, em 2002. Essa mesma oligarquia seqüestrou revolucionários em solo venezuelano, tem sobrevoado com aviões espiões e tem enviado unidades especiais das FFMM para infiltrar-se no solo venezuelano e não podemos esquecer a invasão de forças paramilitares promovidas desde Bogotá. Essa mesma oligarquia estimula o tráfico de drogas, o tráfico de produtos básicos como o leite, o cimento, entre outros, para que o projeto bolivariano fracasse.
Mais além das considerações internacionais, um governo como o venezuelano, que se apresenta ante o mundo como cabeça de um projeto emancipador e revolucionário, não pode, sob nenhuma circunstância, servir de cúmplice da extradição de um cidadão europeu a um regime fascista e genocida como o regime colombiano. Todo opositor ao regime colombiano é automaticamente um “terrorista”, segundo o léxico oficial do regime colombiano e da direita internacional.
Recordemos que Mandela foi tachado de terrorista; Ilitch Ramírez (Carlos) cidadão venezuelano, internacionalista da causa Palestina, tem sido considerado terrorista. Frente ao primeiro, todos os dirigentes mundiais têm posado para tomar fotos, os mesmos que antes o chamavam de terrorista. Frente a Carlos, a diplomacia venezuelana tem sido medíocre para exigir seu regresso à Venezuela. Todos os lutadores sociais e os que ousam opor-se ao imperialismo são terroristas, e isso parece que esqueceram os burocratas que obedeceram a Bogotá para extraditar um jornalista alternativo, considerado pelo regime fascista de Bogotá como terrorista.
O governo venezuelano, encabeçado pelo companheiro comandante Hugo Chávez Frias, assume ante os povos do mundo a responsabilidade de tudo o que possa suceder ao camarada Joaquín Pérez Becerra em mãos do governo genocida de Juan Manuel Santos.
Quem toma essa decisão, violando a carta magna venezuelana e passando por cima dos princípios básicos que todo revolucionário deve preservar, deverá render contas ao soberano.
Esse feito, a perda de liberdade de um comunicador alternativo, deve servir para redefinir o rumo do processo venezuelano.
Muito obrigada, desde ANNCOL, a todos os revolucionários do mundo que têm tido a coragem de opor-se a esse ato indigno e baixo.
Comandante Chávez, você tem a palavra.
Fonte: http://www.argenpress.info/2011/04/carta-abierta-al-comandante-hugo-chavez.html
Traduzido por Coletivo Paulo Petry, núcleo da UJC/PCB em Cuba