Primeiro, a entrega de um jornalista militante, agora, a censura
Primeiro, a entrega de um jornalista militante, agora, a censura
A Associação Bolivariana de Comunicadores (ABC) denuncia que o Ministério de Informação e Comunicação da Venezuela (MINCI), na pessoa do Ministro Andrés Izarra, orientou todos os meios de comunicação que dirige a não cobrirem nenhum evento relacionado às expressões de solidariedade com Joaquín Pérez Becerra e nem aos pedidos dos amplos setores do povo revolucionário da Venezuela pela apresentação das condições das relações Colômbia-Venezuela e dos novos acordos de ambos os governos, em matéria de “inteligência” e cooperação militar.
Vale dizer que a censura começou antes. Na segunda-feira, 25 de abril, o MINCI convocou diversos meios para uma coletiva de imprensa no aeroporto de Maiquetía. O objetivo era esclarecer a possibilidade de entrega de Joaquín Pérez. Poucas horas depois, o convite foi cancelado com o argumento de que o processo em questão se encontrava congelado. Finalmente, o companheiro foi “deportado”, chegando à Bogotá às 17:40 horas, segundo os meios de comunicação da Colômbia.
É lamentável o papel desempenhado por meios informativos que, como a VTV e a Telesur, primaram por sua ausência nos lugares cruciais, onde se desenvolveu a notícia sobre a resposta da esquerda frente ao caso de Joaquín Pérez. Seus repórteres se limitaram aos comunicados do governo e às acusações do governo colombiano sobre os supostos crimes cometidos pelo diretor da ANNCOL.
Faltaram com a verdade e, sobretudo, com o compromisso de converter a Venezuela num espaço de construção de uma imprensa comprometida com os interesses das maiorias populares, com a ruptura do pensamento único e da hegemonia da comunicação capitalista que consolida esse feroz sistema. A Telesur e outros meios faltaram com o princípio socialista de construir uma comunicação voltada para a libertação.
Desta forma, respondemos à Iván Maiza que, no único artigo de opinião publicado pela Telesur, mais ou menos assegurou que o comunicador bolivariano buscou sua própria captura (assim como as mulheres que usam minissaias são culpadas por seus estupros – observação nossa) e que o movimento de esquerda, possivelmente infiltrado por “alguns ‘camaradas’ ou por alguns ‘partidos revolucionários’, vem planejando sabotar as estratégias empreendidas pelo Comandante, inclusive, criando armadilhas para seus companheiros de luta. São camaradas que não aceitam que o Comandante tenha tomado a decisão de se aproximar de Santos e estão dispostos a fazer qualquer coisa que ‘quebre a confiança’ entre Chávez e seu povo, entre Chávez e os povos do continente”.
Não, senhor Maiza e senhores da Telesur. Nós, dirigentes dos meios alternativos convidamos, em algumas ocasiões, Joaquín Pérez Becerra para consolidarmos um projeto de comunicação bolivariana. No entanto, não trabalhamos e nem fazemos acordos diplomáticos com o DAS. Nós o convidamos em diferentes momentos porque estávamos absolutamente seguros de que nenhum militante comprometido com a verdade, com o ideário bolivariano e que sempre tenha defendido, perante os mais diversos cenários europeus, este processo venezuelano, seria ser entregue a um governo de ultra-direita, culpado dos mais vergonhosos vexames contra seu povo. Isso, sem esquecer, que este governo teve participação no golpe de Estado de 2002.
Quem pensaria que uma entrega tão vil e desprovida de todo direito (até burguês) seria possível no país com maior número de emissoras comunitárias da América Latina; No país que faz tantos encontros, congressos e colóquios sobre o papel dos meios de comunicação na construção de Nossa América; No único país da América do Sul onde existe um processo revolucionário que diz ser socialista; No país do prêmio Rodolfo Walsh de comunicação popular.
No encontro de fundação da Associação Bolivariana de Comunicadores, realizado em dezembro de 2008, do qual participou Joaquín, decidimos que a sede da ABC seria em Caracas por ser o berço de nosso libertador Simón Bolívar e o lugar mais seguro contra a censura, as perseguições e a difamação da direita. Escolhemos o país por considerarmos que a Venezuela necessitava de uma Associação que fizesse frente às calúnias da imprensa burguesa e seu Colégio Nacional de jornalistas. Além disso, consideramos que Caracas deveria ser a capital da unidade latino-americana do setor de comunicação alternativa.
Em poucas palavras, para todos aqueles que insinuam que um setor da esquerda se prestou ao papel de criar uma armadilha ao Comandante e à revolução, dizemos: convidamos Joaquín Pérez Becerra para vir à Venezuela sim, porque nossa confiança no Comandante e em seus princípios era total. Assim, apesar de todas as calúnias e ameaças sofridas pela ANNCOL desde sua fundação, apesar do vizinho feroz, dissemos em algumas ocasiões a nosso querido companheiro, “camarada Joaco, venha que esta terra é livre”.
Agência Bolivariana de Imprensa ABP Notícias
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza