Sobre a conjuntura atual na Venezuela

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

A Venezuela tem hoje as maiores reservas de petróleo e ouro do mundo, fator que tem sido fonte de profundos interesses do imperialismo estadunidense, das empresas do setor e do consórcio internacional da burguesia que desejam o controle desses produtos estratégicos e a privatização da PDVSA. Há mais de dez anos o país está sendo atacado pelo bloqueio dos EUA, da União Europeia e de outros países submetidos aos ditames do imperialismo dos EUA, chegando ao crime de confiscar suas reservas cambiais. Tudo isso tem gerado imensos problemas econômicos e sociais na Venezuela.

O governo Maduro, que opera na lógica do capitalismo, vem perseguindo setores do sindicalismo classista, retirando direitos, congelando os salários e fazendo concessões ao liberalismo econômico, como a dolarização para estabelecer o controle inflacionário, parcerias público-privadas na área petrolífera com a Chevron, privatizações nos setores de telecomunicações, dentre outras medidas. O governo do PSUV se comporta de forma a impedir o avanço da organização popular e restringe a participação das forças revolucionárias, a exemplo da perseguição política ao histórico Partido Comunista (PCV) e às forças políticas integrantes da Alternativa Popular Revolucionária (APR), com a intervenção judicial e o sequestro da legenda do PCV nas recentes eleições no país. Trata-se de um comportamento autocrático que impede a livre participação política daqueles que defendem o avanço do processo de mudanças na Venezuela.

Por outro lado, nos últimos dias, em virtude das eleições, o golpismo da extrema-direita, representado por Edmundo González (miliciano que ajudou a matar milhares de insurgentes em El Salvador nos anos 1980), juntamente com a líder neofascista Maria Corina, a serviço do imperialismo dos EUA, têm agido no sentido de fomentar uma total desestabilização do país na perspectiva de uma guerra civil.

A mídia corporativa mundial tem contribuído para cercar a Venezuela e distorcer de forma absurda os acontecimentos em curso: resultado das eleições, manifestações de rua, postura de Maduro, etc. Mas nada disso é novidade no cenário internacional. A camarilha em torno de Aécio Neves informou que houve fraude nas eleições de 2014 no Brasil, Trump não aceitou o resultado das eleições nos EUA, o miliciano brasileiro levou o país ao 08 de janeiro de 2023 por não aceitar também os resultados das urnas, e a extrema-direita na Bolívia com o mesmo comportamento não aceitou o resultado das urnas e perseguiu Evo Morales.

A operação imperialista na Venezuela é muito forte, conta com apoio externo de governos e da mídia internacional, que sonega informações e se comporta como porta-voz da extrema-direita, articulando-se na OEA para golpear a soberania da Venezuela. Por fim, busca promover uma nova tentativa golpista de “dar posse” ao criminoso Edmundo González, ferindo de morte o direito internacional e a autodeterminação do povo venezuelano, o único com legitimidade para decidir sobre seu próprio destino.

Entendemos que a Venezuela se encontra em um momento político bastante complexo, realçado pelos equívocos políticos oriundos da postura autocrática de Maduro contra a esquerda socialista e classista, bem como as concessões ao capital na política econômica. Prestamos aqui total solidariedade aos que lutam pela perspectiva socialista, em especial ao PCV e à APR. No entanto, sabemos e conhecemos as ações da extrema-direita a serviço do imperialismo dos EUA e o projeto da burguesia mundial de se apoderar das reservas de petróleo deste país.

Portanto, exigimos respeito à soberania da Venezuela e às decisões da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). Ao mesmo tempo, apoiamos o esforço das organizações efetivamente revolucionárias da Venezuela, que lutam para construir uma alternativa popular e fazer avançar o processo de mudanças, resgatando o que há de mais avançado no bolivarianismo, de forma a que a revolução e o socialismo não sejam apenas intenções expressas em palavras, mas ações concretas que apontem no caminho do poder popular e do socialismo.

Viva a soberania da Venezuela!
Respeito à autodeterminação do povo venezuelano! Abaixo o imperialismo!
Pelo fortalecimento da luta pelo socialismo!
Toda solidariedade ao PCV!

Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)