Colômbia: somos como Che?
por Camilo Troches*
É difícil recolher em um escrito a grandeza do pensamento e obra de um revolucionário que ao mesmo tempo foi médico, humanista, economista, revolucionário marxista, teórico e estrategista militar, jornalista, diplomata, agitador popular, líder guerrilheiro, ministro da Indústria, presidente do Banco Nacional de Cuba, mestre no fuzil e na caneta.
Ele nos ensinou a importância do estudo, da teoria, da reflexão crítica e autocrítica dos problemas diários que possui a revolução, de saber que a teoria se recria na prática, que não existem fórmulas nem receitas, que não podemos cair em dogmas e doutrinas, entendendo que o marxismo é um método e um guia para a revolução.
Baseado nos princípios socialistas, Che rompeu com o etapismo dos manuais ortodoxos, que condenavam os países “atrasados” à submissão ao capitalismo e às burguesias, advertindo Che que:
“Frente ao dilema povo ou imperialismo, as débeis burguesias nacionais escolhem o imperialismo e traem definitivamente seu país”.
O sentimento de amor e solidariedade de Che o levou a romper fronteiras e nacionalidades, o levou a sentir-se capaz de lutar por um cubano, um congolês e um boliviano. Che não duvidava que o capitalismo em sua fase superior – o Imperialismo – era o principal inimigo dos povos do mundo, o que o levou a apresentar a necessidade do internacionalismo, baseado em feitos de solidariedade e ajuda mútua, de sentir cada problema dos outros como próprio.
Desde muito cedo deixou seu país para conhecer e compartilhar as realidades dos povos latino-americanos, conheceu o que era capaz de fazer o império estrangeiro na Guatemala com a derrubada de Jacobo Arbenz, em 1954, e finalmente se uniu aos combatentes de Fidel, no México. Tendo claro que para derrubar o imperialismo não bastava libertar um só país, lutou pela união dos países dependentes e colonizados na Tricontinental, onde assinalou, que devemos:
“Atacar em seu elo mais fraco, ali onde as condições estejam mais desenvolvidas”. “Criar um, dois, três, muitos Vietnãs é a palavra de ordem”.
Mais tarde, ele mesmo esteve na África, sendo guia e exemplo de sua libertação, até deixar sua marca inesquecível na Bolívia.
O pensamento de Che não seria igual, e inclusive, muitas vezes foi eclipsado por sua árdua lutam sacrifício e preocupação com os humildes, desde suas primeiras viagens como médico. Depois, sua valentia na dura luta guerrilheira nas montanhas e planícies de Cuba, depois como dirigente do Estado revolucionário, e seu papel de internacionalista fizeram o revolucionário que é.
“Os grandes sentimentos de amor”
Entrelaçam-se e unem-se a sua reflexão teórica, e são sua preocupação fundamental em um processo revolucionário. Entendendo que a subjetividade e a consciência dos homens e mulheres deverão ser o motor da mudança e do socialismo, não só as mudanças no governo e na estrutura econômica.
Como dirigente, Che contribuiu com valiosos métodos, tanto na guerra como na paz. Defende que o líder deveria marchar adiante, na vanguarda, enfrentando os perigos e problemas, ensinando com o exemplo do povo combatente e trabalhador. Assim mesmo o fez no Ministério de Industria, combatendo a burocracia, insistindo na necessidade de consciência do trabalhador, e a ressignificação do trabalho na sociedade socialista, liderando o trabalho voluntário em fábrica, ruas e plantações. Finalmente, Che deixou os escritórios para lançar-se de novo ao combate pelos povos da África e América Latina.
Apesar de seu assassinato, a figura, o exemplo e o pensamento do Comandante Guevara ficou imortalizado nas lutas dos oprimidos no mundo. Sua integralidade entre sua ousadia, heroísmo e sua clareza política são os componentes que o tornam um revolucionário exemplar. Sempre guia de nossa justa rebeldia contra a opressão do povo. Hoje, quando o império agride e contra-ataca contra o movimento popular e os governos soberanos do continente, Che se agita nas ruas, nas veredas e em nossas armas. Defendendo sempre as ideias, matéria prima de nossa luta, a organização como expressão concreta e os grandes sentimentos de amor ao próximo, como também nos ensinou Camilo e Fidel.
*ELN Voces. Resumen Latinoamericano.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2017/10/11/colombia-somos-como-el-che/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)