Cuba: longa vida à Revolução
Javiel Fernández Pérez, Cuba Debate
Quando menino, eu dizia a palavra revolução muito longe de entender o peso real destas letras que então escrevia em maiúsculas. Falavam comigo sobre a revolução como algo para admirar e cuidar. E assim aprendi a amá-la. Naquele tempo, menos pela convicção e mais pela imitação dos avós, que viveram aqueles anos antes de 1959. Depois tudo se confirmou pelos livros de história.
Então a revolução deixou de ser algo abstrato para mim, comecei a interpretá-la pela saúde e a educação gratuitas de que me falavam na escola, e porque as crianças podiam brincar sem peerigo no parque, e porque não havia guerras ou homens maus com pistolas nas ruas.
Mas eu sabia que a revolução era uma coisa de homens e de guerra, que era uma coisa de Fidel, e me contaram do caminho difícil que começou com o Moncada na manhã de Santana de 1953. Eu ouvia falar de jovens clandestinos, de barco e de tempestade, de colinas e Turquino, de invasão e triunfo.
E assim me ensinaram uma vez, como três ou quatro fatos importantes que se encaixam em um parágrafo, e, felizmente, eu aprendi depois que, entre uma data e outra transcendente cabe um monte de eventos e homens, assim como eu entendi que os heróis não são apenas coisas de contos infantis.
Na virada dos anos ninguém precisou mais me falar sobre a revolução, já pela história aprendida e pelos poucos anos vividos, aprendi que a revolução é acima de tudo, um feito de patriotismo e dignidade. E assim eu a entendo como um fenômeno que se forjou em mim, como em uma grande parte de várias gerações de cubanos: dignidade e rebelião para enfrentar a vida.
Onde quer que a palavra revolução seja escrita, pode ser escrita Cuba. No fim das contas, Cuba é soberanamente registrada no mapa do mundo graças à revolução de que cada cubano, deste lado ou daquele, tem ao menos uma bela história para contar.
No primeiro dia de janeiro de 2018 a revolução cubana comemorou seu 59º aniversário e começou a correr o ano de seu 60º aniversário. Ao longo do caminho, muitos têm sido os revezes, mas os céticos nunca poderiam imaginar que as raízes fincadas no século passado conseguiriam ir tão fundo para colher os frutos no novo século.
A revolução de hoje é uma coisa nossa; o que temos que fazer para preservá-la no tempo e legá-la como nos foi herdada por Fidel. Como ele mesmo disse: não temos que repeti-la, mas carregá-la no dia a dia. Assim, quando o futuro incerto devora a vontade de seguir, quando as pessoas que falam sobre a revolução como se tivessem palmilhado a Sierra Maestra de cima abaixo com Fidel lançam consignas vazias ao éter, quando essas pessoas tentam desmotivar você é preciso lembrar que a revolução é maior do que eles, que eles vão passar e a revolução deve permanecer para sempre.
Quando algo convida à hesitação, é necessário evocar Retamar e os versos escritos em 1 de janeiro de 1959:
Nós os sobreviventes,
A quem devemos a vida?
Quem morreu por mim no cárcere?
Quem recebeu minha bala,
Por mim, em seu coração?
Sobre que morto estou hoje vivo?