FARC: “a paz da Colômbia em momento difícil”
Cartagena, Colômbia, (Prensa Latina) A paz na Colômbia atravessa um de seus momentos mais difíceis, afirmou a FARC, em 06/01/2018, na reunião de análise sobre o estado da implementação do primeiro ano dos Acordos de Havana.
Tal declaração teve lugar em encontro nesta cidade com uma delegação do governo encabeçada pelo presidente Juan Manuel Santos e dos que assistiram como observadores internacionais do processo de paz: os ex-presidentes José Mujica (Uruguai) e Felipe González (Espanha).
A ex-guerrilha, convertida desde setembro passado no partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC), opinou que o pactuado na capital cubana não foi cumprido nem como compromisso do Estado, nem pelo conjunto da institucionalidade.
Argumentou que a Jurisdição Especial para a Paz foi desfigurada nos debates do Parlamento, e seu texto atual não é o consenso entre as partes.
Acrescentou que a Reforma Política se afundou no convulso mar da politicagem e que as Circunscrições Territoriais Especiais de Paz correram com similar sorte.
O comunicado lido pela delegação no encontro em Cartagena das Índias denunciou, ademais, que continuam na prisão mais de 600 integrantes das FARC.
Ao detalhar os descumprimentos do acordo, declarou que a Promotoria bloqueou no Congresso a aprovação da lei de tratamentos penais alternativos para pequenos cultivadores, sem cuja aprovação é impossível pôr em marcha os programas de substituição de cultivos.
Também expressou seu descontentamento pela ausência de desembolsos para impulsionar projetos produtivos.
Não decola a titulação das terras, e os assassinatos de ex-combatentes e líderes sociais não cessam, apontou a FARC, representada na reunião pelos dirigentes Iván Márquez, Pablo Catatumbo, Jesús Santrich, Pastor Alape, Rodrigo Granda e Victoria Sandino.
Outra preocupação apresentada pelos ex-guerrilheiros é o ambiente de incerteza legal em que se encontram.
“A decisão dos insurgentes de renunciar à violência armada para fazer atividade política pacífica em um contexto democrático, é o coração do assunto. Esse é o trato, e está no centro do acordo de paz”, recordou a declaração.
A respeito apontou que não cumprir com esse compromisso essencial, após a entrega das armas, teria repercussões muito graves para o processo e não seria entendido nem aceito pela comunidade internacional.
Segundo as FARC, “tem incidido como uma maldição a coincidência do fechamento das negociações de Havana com o começo da campanha eleitoral na Colômbia”.
Isso, fundamentou, implicou a depredação no Congresso do Acordo de Havana. É a verdade pura e limpa, afirmou o novo partido, presidido por Rodrigo Londoño (Timochenko). Por tais descumprimentos a FARC anunciou que irá a instâncias internacionais para exigir lealdade ao assinado, depois de ter cumprido de maneira estrita com o abandono das armas.
Ao se dirigir ao presidente do país, a ex-guerrilha estimou que ainda há tempo para optar e exercer autoridades constitucionais extraordinárias para momentos de emergência.
“Aplicá-las não é abuso de poder, senão uma obrigação do Estado, sempre que estas vão ajustadas ao espírito do pactuado. Isto é, o Governo deve fazer respeitar a obrigação do Estado de cumprir com o acordo em Havana”, destacou o comunicado.
Em sua avaliação sobre a implementação do acorddo, a FARC reconheceu a preocupação de Santos pelo processo de paz, mas fez questão de que deve fazer uso de suas potestades constitucionais para salvá-lo.
http://port.pravda.ru/news/science/07-01-2018/44742-paz_colombia-0/