Colômbia: o partido FARC e o final do processo eleitoral

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Declaração

O processo eleitoral que culminou no dia 17/06 constitui um feito sem precedentes na história recente do país.

A ausência de atos de violência, tanto no dia da eleição parlamentar quanto no do segundo turno da eleição presidencial, somados ao crescimento significativo do número de votantes, são indicadores de uma nova realidade que tem sua origem, entre outros fatores, no Acordo de Havana.

É preciso também destacar o fato de que, no segundo turno, pela primeira vez em nossa história, tenham se enfrentado duas opções diametralmente opostas; este fato indica que, como resultado do descontentamento de milhões de colombianos com o sistema econômico e social vigente, começa a surgir uma alternativa política, distinta daquelas que tradicionalmente têm governado o país: a opção dos milhões de excluídos e postergados.

Este processo eleitoral é, sem dúvida, um passo adiante na consciência de um número muito importante de colombianos e colombianas que, com sua participação eleitoral, assumem posição em defesa da mudança e da transformação social.

Conhecido o resultado, que dá como vencedor o candidato Iván Duque, a Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC), expressa sua disposição a reunir-se com o presidente eleito, para expor seus pontos de vista sobre a implementação do Acordo de paz.

A totalidade das forças políticas, econômicas e sociais que respaldam o programa de governo do candidato Iván Duque não podem se deixar levar por enganos, frente à responsabilidade que pesa sobre seus ombros neste momento histórico. Interpretar o resultado como uma permissão a desconhecer o que já foi construído em matéria de paz e burlar os compromissos adquiridos pelo Estado frente à sociedade colombiana e à comunidade internacional somente logrará conduzir a nação a um novo ciclo de múltiplas violências, algo que as gerações presentes e futuras jamais perdoariam.

É necessário que se imponha a sensatez; o que o país demanda é uma paz integral, que nos conduza à esperada reconciliação, baseada no bem estar social, na verdade, justiça, reparação integral às vítimas do conflito e à garantia de não repetição. Burlar esse propósito não pode ser plano de governo.

Por isso, nunca como agora se faz mais urgente a unidade de todos os setores, que cremos na possibilidade de um futuro distinto do caminho por que temsido conduzida a nação desde a declaração de nossa independência. O resultado eleitoral da Colômbia Humana mostra que sim, é possível.

Somente esta unidade, transformada em organização e mobilização, poderá deter a tentação dos setores mais retrógrados da política nacional, que desejam aprofundar os ódios e as diferenças de todo tipo, com o único propósito de perpetuar seus privilégios.

Conselho Político Nacional, Força Alternativa Revolucionária do Comum – FARC.

17 de junho de 2018.

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