A desmobilização dos combatentes das FARC-EP é impossível

O mundo dirigido pelos fascistas está  em festa e não é para menos, pois um país rico em petróleo e outras riquezas naturais acaba de ser destruído e seus principais lideres e uma parte de seu povo

assassinado, enquanto outros governos da África, Ásia e América obedecem aos desígnios do império sem titubear, agudizando ainda mais o empobrecimento de seus povos e a pauperização da cultura da dignidade.

Com respeito à guerra civil colombiana que tem aproximadamente 191 anos e que se declarou com mais nitidez a partir de 1960 quando os comandos guerrilheiros tomaram forma e se converteram em grupos

político-militares com ideologia comunista – exceto um caso – para enfrentar o poder oligárquico imperante e tratar de recuperar o poder que o bipartidarismo, liberal e conservador, haviam conseguido

tirar do povo colombiano pelo crime, barbárie, corrupção e engano em meados do século XIX.

Homens e mulheres, bravos, gloriosos, honestos e decididos empunharam o fuzil criando as duas guerrilhas mais importantes do país e do continente para combater essa lupem oligarquia colombiana, pois essa classe dominante representada no bipartidismo não deixava outra opção. Sua dita democracia fedia a sangue, estupros de toda a índole, corrupção, exclusão e racismo. Nasciam então os movimentos políticos militares chamados: Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional.

A violência imposta pela classe dominante depois de quase um século a todo um povo, era desta vez confrontada por uma parte desta explorada classe que já não engolia em seco, que já não admitia tantos vilões. Esse bipartidismo podre rodeado de uma minoria de colombianos e mantido pelas forças armadas e polícia totalmente entregues ao crime sem limites, sentiu medo, terror e como monstro ferido correu ao abismo da guerra suja e desenfreada como solução para salvar seus enormes lucros e em nenhum momento pensou racionalmente em deter o confronto, abrindo e estendendo um diálogo produtivo com as

maiorias para benefício de todos.

Mas não só essa podre classe colombiana no poder sentiu o terror do despertar de uma parte do povo em armas, mas também o império em sua imensa sujeira e cobiça, em sua eterna luta por submeter a seus semelhantes que crêem inferiores. Assim, a democracia colombiana deveria ser armada, assessorada e aconselhada uma vez mais e com mais assiduidade, para que enfrentasse e eliminasse o comunismo que chegava ao continente, para roubar do povo sua liberdade, sua democracia e sua paz. Não se

permitiria outra Cuba, não senhores!

A cruel guerra na Colômbia continuava, mas esta vez não mais entre grupos armados pertencentes ao partido liberal e esquadrões da morte com salário do partido conservador, incluindo forças militares e

polícia. Não, desta vez era entre um regime bipartidarista, conformado entre liberais e conservadores, que havia feito a paz militar para repartir o poder, contra uma guerrilha de esquerda que falava e se

expressava no nome de milhões de colombianos excluídos e sem voz e que o corrupto poder jamais quis escutar. Se é que alguma vez já nos escutou.

Na falta de uma reforma agrária, o regime ditatorial reforçava suas forças de repressão; na falta de soluções aos problemas sociais e econômicos das maiorias, o regime – que é a mesma oligarquia – reprimia, assassinando e prendendo líderes populares e opositores; na falta de emprego, o regime atiçou a criação e manutenção dos esquadrões da morte, camuflados em grupos privados de vigilância, para a proteção de latifundiários, empresários, banqueiros, transacionais e seus vastos interesses. Na falta de educação gratuita e de qualidade, a oligarquia político-militar seguiu deixando-a nas mãos da oligarquia eclesiástica de modo a submeter o povo e deixando-o mais crente, pacífico, e tonto, assim mesmo com fome e miséria seguem seu caminho, pois é melhor um povo faminto com a bíblia em baixo do braço que com um fuzil defendendo seus direitos. Na falta de informação verdadeira, souberam impor ao

povo mediante seus próprios meios de comunicação a mentira, a baixeza e a pornografia. Fazendo-os crer que a guerra é boa e conveniente quando eles matam e destroem e é horrível e injusta quando os revolucionários de verdade a aplicam como única solução aos grandes males.

Os diálogos ou negociações no Caguán, entre a oligarquia e as FARC-EP, só serviram para que esta podre elite endurecesse a guerra por ordem imperial estadunidense, com modernidade, mais feroz, pois já não somente os rebeldes em armas seriam assassinados com as tecnologias de ponta provenientes do império, mas também os líderes populares, camponeses e indígenas, sindicalistas, jornalistas alternativos e honestos opositores políticos cairiam ante as balas das forças de repressão e os esquadrões da morte, ambos a serviço deste regime ditatorial, e tudo na mais completa impunidade e silêncio cúmplice da comunidade internacional.

Hoje em dia, a Colômbia está dirigida pela máfia. Uma máfia entregue ao comércio das drogas, prostituição e crime. O país dirigido por essa oligarquia mafiosa está entregue aos interesses imperialistas, que por sua vez a protegem com armamentos modernos e ajuda para eliminar os rebeldes de qualquer maneira. Esta oligarquia não sabe o que é um diálogo, não tem essa cultura e nem a busca. A elite colombiana possui a cultura da guerra. Enganando, chantageando ou subornando alcançam seus objetivos. É por isso que a maioria dos cidadãos se resigna, se submete ou, por outro lado, desaparece.

As guerrilhas das FARC-EP e ELN são conscientes de que uma desmobilização as condena a desaparecer fisicamente. Os milhares de combatentes seriam processados e condenados sem piedade e com

parcialidade e os muitos que pudessem salvar-se de condenações vingativas e assassinatos, passariam a engrossar essa enorme massa de miseráveis sem emprego, casa, direito à saúde nem à educação e a serem

perseguidos eternamente pelos políticos, empresários, latifundiários e esquadrões da morte.

Os comandantes, salvo algum caso de submissão extrema, seriam julgados – se estiverem vivos – e seus atos de guerra revolucionária postos como fatos criminais e terroristas, sem ideologia. E aos que

defenderam sua causa, imediatamente seriam fabricados expedientes que comprovariam sua participação no narcotráfico, podendo ser condenados.

Como no caso do comandante Simon Trinidad, condenado nos EUA a 60 anos por seqüestro e narcotráfico, a quem não se podem comprovar estes delitos, aos comandantes também caberia a acusação de atentado contra os interesses dos EUA, e seriam condenados a muitos anos mais por serem verdadeiros revolucionários socialistas.

NOTA: A democracia colombiana é sui generis, noventa e cinco por cento de seus políticos estão associados à máfia e ao crime organizado; suas forças armadas e a polícia se comportam com a população

civil pior que um exército de ocupação; os sucessivos governos obedecem ao pé da letra às ordens recebidas do regime estadunidense. A imprensa é livre… para copiar e publicar diariamente tudo o que

informa a imprensa imperialista.

9 de novembro de 2011

Traduzido do espanhol por Coletivo Paulo Petry, núcleo da UJC/PCB em Cuba.