CADEIA PARA OS CHEFÕES DA CHEVRON NO BRASIL
Polícia Federal fala em vazamento criminoso e sugere penas que podem chegar a até cinco anos de prisão; presidente da ONG Sky Truth, John Amos, disse, em entrevista exclusiva ao 247, que o Brasil tem que endurecer com a multinacional americana; foi ele quem diagnosticou um vazamento dez vezes maior
Gisele Federicce e Diego Iraheta_247 – O clima esquentou para os dirigentes da Chevron, multinacional americana que provocou um vazamento de petróleo ainda não totalmente dimensionado na bacia de Campos. De acordo com o delegado Fábio Scliar, da Polícia Federal, que investiga o caso, as penas para os responsáveis pelo vazamento que ele classificou como “criminoso” variam de um a cinco anos de prisão. Em entrevista exclusiva ao 247, o presidente da ONG Sky Truth, que estima um vazamento 10 vezes maior do que vem sendo divulgado pela Chevron, diz que o Brasil deve sim endurecer o jogo contra a multinacional americana. “Quem for responsável deve ser punido”, disse ele.
O vazamento de petróleo da Chevron na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, vem sendo mal explicado pela multinacional americana. A Polícia Federal já abriu inquérito sobre o caso e irá intimar representantes da petroleira para prestarem depoimento na próxima semana. A falta de transparência da empresa, que só se manifesta sobre o assunto por meio de notas e até agora – nove dias depois do vazamento – ainda não mostrou nenhum rosto para detalhar publicamente o problema, torna as coisas ainda mais difíceis. “O público merece ver tudo que aconteceu e motivou o vazamento e o que deve ser feito no futuro”, afirma John Amos. Ele diz que gostaria de ver mais detalhes técnicos publicados sobre o acidente e o que vem acontecendo exatamente no local.
O comportamento lembra o caso da British Petroleum, que em abril de 2010 foi responsável por um vazamento de petróleo no Golfo do México, considerado um dos maiores desastres ambientais dos Estados Unidos. À época, a empresa também demorou a se manifestar e, quando o vazamento acabou, foi constatado que era 20 vezes pior do que o previsto pela empresa anteriormente. Para Amos, não detectar a gravidade do problema desde o início pode provocar dois tipos de consequências. A primeira é que seria necessário se certificar da dimensão para dar uma resposta adequada ao acidente. “Se você acha que o problema é de um tamanho X, você mobiliza todos os recursos que você efetivamente vai precisar para minimizar os danos desse problema X. Seja danos ambientais, para indústria, para o turismo e outras economias que dependem das atividades de prospecção. Se você subestimar o tamanho do problema, sua resposta será muito pequena, lenta e fraca”. O outro resultado, conforme previsto por Amos, é a longo prazo. “Se você subestimar o volume de óleo derramado no oceano, você estará mal preparado no caso de um próximo incidente. Humanos são humanos, nós cometemos erros, há acidentes. Nós temos que nos certificar de entender quão ruim foi um vazamento. Assim, usaremos essa informação para entender como regular melhor a atividade de prospecção”.
Na tarde desta sexta-feira, manifestantes do Greenpeace fizeram um protesto diante da sede da Chevron no Brasil. Os manifestantes, com uniformes da empresa, derramaram tinta preta em frente ao prédio, simbolizando o óleo vazado. Também foram pintadas pegadas de animais no chão, para lembrar como o vazamento de óleo poderá prejudicar a vida animal, na costa fluminense.
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