Em defesa da Petrobras e dos petroleiros!
Jornal Poder Popular
Em entrevista à equipe de comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), durante o ato em apoio à greve dos petroleiros ocorrido no Centro do Rio nesta terça-feira, o diretor do sindicato, dirigente nacional da Unidade Classista e militante do PCB Gustavo Marun faz um balanço da greve até agora e da luta que está em jogo com este movimento para o conjunto da classe trabalhadora brasileira.
“O balanço do movimento é muito positivo. Vamos entrar no 19º dia de greve, e a cada dia a greve ganha força. Isto é algo bastante atípico. Normalmente, uma greve começa a esfriar lá pelo oitavo dia e dessa vez a tendência é oposta. Até hoje, apenas três plataformas em todo o Brasil não aderiram à greve. Sem contar as 11 refinarias, dezenas de terminais, UTEs, centenas de unidades da Petrobras e até mesmo unidades administrativas que aderiram à greve. Estão sendo realizadas assembleias com centenas de trabalhadores nas portas das unidades administrativas e, uma coisa rara, o pessoal dos prédios tem topado bancar um atraso no retorno ao trabalho. Parece pouco, mas é muita coisa, pois o setor administrativo não tem a tradição de participar de greve.
Hoje é um marco, pois o que se viu aqui foi o abraço simbólico da sociedade ao movimento dos petroleiros, porque, quando a gente defende a Petrobras, não estamos defendendo meramente os nossos salários e nossos empregos. Isso já seria motivo de sobre para defender, porque é justo e legítimo, mas nossa causa é muito maior que essa, porque a Petrobras representa a mola propulsora da economia do país. Ela é a espinha dorsal da soberania nacional.
Quando o governo quer quebrar a categoria dos petroleiros, isto é uma ação simbólica muito forte, porque a categoria é bem estruturada, tem tradição de luta, e a Petrobras é o que tem de mais sofisticado na economia brasileira. Por esse motivo eles jogam pro confronto e tentam nos quebrar, mas a gente reage à altura. Eles não esperavam que a gente fosse fazer uma greve tão intensa e tão longa. Estamos dando uma resposta à altura e fazendo eles recuarem.
Eles estão recuando nas demissões da FAFEN, que é uma vitória e tanto, ainda que parcial. A vitória total vai ser a anulação das demissões e a reincorporação desses trabalhadores. É preciso garantir os empregos, o Brasil está em crise e não podemos aceitar que haja mais desemprego ainda no país. É uma vitória parcial, resultado da luta. Eles estão termendo do lado de lá, e a gente não tem medo. Quando mais o TST ameaça, mais o movimento cresce. Quando o trabalhador se organiza e busca solidariedade com todos os setores e categorias em luta, os patrões e governos tremem e recuam.
Essa greve é exemplar e pode ser um divisor de águas para começarmos a reconstruir o movimento sindical, botar o governo na defensiva e numa posição recuada, inverter a correlação de forças, emparedar o ímpeto privatista e barrar todo o processo de privatização e desmonte da economia nacional.
E também é uma grande oportunidade de se esclarecer a população sobre a política de preços dos combustíveis adotada pelo governo. Diz-se muito que os impostos no Brasil são altos, mas não é verdade que a explosão do preço dos combustíveis tenha se dado por causa dos impostos. Primeiro, os impostos são necessários porque é necessário se custear o gasto público. Mas o que fez os preços explodirem nos últimos anos foi a política de paridade com os preços internacionais. Essa política está ancorando o preço do combustível ao preço internacional, ou seja, nós produzimos o combustível em reais e pagamos em dólar, o que é totalmente prejudicial à classe trabalhadora e à população como um todo, obrigada a pagar preços abusivos, aos motoristas de táxi e de uber, cujas despesas são imediatas. Todo mundo é afetado, porque os bens de consumo são transportados quase que totalmente pelo nodal rodoviário, por caminhões. O custo do frete impacta na inflação.
Além de prejudicar a população com o alto preço do combustível e do gás de cozinha, a Petrobras também é impactada, porque esse preço alto está favorecendo na verdade as empresas concorrentes, ao permitir a importação de combustível. Desde que essa política foi adotada, a Petrobras já perdeu 20% do mercado. É uma política suicida e de autossabotagem. Além disso, força as refinarias a ficarem ociosas. As refinarias que estavam com a produção perto de 100%, agora estão com sua capacidade produtiva por volta de 70%, 75%. Nada justifica o que está sendo feito. É uma sabotagem muito clara, são os gestores da Petrobras trabalhando em favor da concorrência, o que é inaceitável. O certo é baixar o preço, para que os produtos derivados do petróleo sejam acessíveis à população.
A Petrobras foi criada no Brasil a partir de uma luta popular, a luta do Petróleo é Nosso, pra poder garantir o abastecimento de combustível, gás de cozinha e todo derivado de petróleo em benefício da população. Esse é o papel histórico da Petrobras. Eles tiraram na canetada a missão da Petrobras de desenvolver o país. O governo está assumindo que a missão é subdesenvolver o país, transformar o Brasil numa colônia exportadora de matérias primas, que passemos a meramente exportar petróleo para o exterior e a importar combustíveis e derivados muito mais caros. Querem regredir séculos na nossa história. É preciso barrar esse governo, que está destruindo o país, penalizando toda a população, quebrando a Petrobras, espinha dorsal da nossa economia. Não podemos permitir. Agora é a hora de barrar esse governo!
Leia agora matérias da Federação Nacional dos Petroleiros sobre a manifestação e a greve:
Marcha dos petroleiros reúne 15 mil pessoas no centro do Rio de Janeiro Um “exército laranja” de trabalhadores tomou conta das ruas do centro do Rio de Janeiro nesta terça-feira (18) durante a Marcha Nacional em Defesa do Emprego, da Petrobrás e do Brasil, convocadas pelos petroleiros
Cerca de 15 mil trabalhadores estiveram presentes no ato, que saiu do Edifício Sede da Petrobrás, na Av. República do Chile e em seguida, marcharam pela Av. Rio Branco.
Quem passava pelo centro na hora do ato pode ver um “mar laranja de pessoas” tomando conta das ruas do coração do Rio de Janeiro. Sob o olhar curioso, turistas entraram na marcha e reivindicaram direitos dos trabalhadores da Petrobrás.
“Todas as categorias precisam apoiar a greve dos petroleiros, que é muito justa”, disse Marília Sousa, professora da rede pública de Minas Gerais que está na cidade para passar o Carnaval.
Somaram ao ato delegações de várias regiões do Brasil. Das bases da FNP grevistas vindos do Litoral Paulista e de São José dos Campos fortaleceram a marcha. Também participaram da marcha os mais de 150 petroleiros da FAFEN-PR que estão no Rio desde segunda-feira (17), além da participação de petroleiros de refinarias, plataformas e unidades administrativas de todo o país.
Estiveram presentes declarando apoio à greve, parlamentares e representantes de diversas empresas públicas, movimentos sociais como o MAB – Movimento dos Atingidos por Barreiras e MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores e do MST – Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Levante Popular da Juventude e outros.
Sob os gritos de “GREVE, GREVE, GREVE…”, a marcha seguiu até aos Arcos da Lapa (ponto turístico da cidade), onde ocorreu um grande ato unificado. Transmissão ao vivo foi feita pelo facebook da FNP. Assista!
O ato faz parte das mobilizações da Greve Nacional da categoria, a maior greve petroleira desde 1995.
Demissões na Fafen-PR
Logo após o início da marcha, os manifestantes foram informados que em Audiência de Dissídio Coletivo, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRTPR) decidiu suspender as demissões dos trabalhadores da Fafen-PR por 15 dias. Neste período, a Petrobrás se comprometeu a abrir diálogo com os sindicatos.
http://www.fnpetroleiros.org.br/noticias/5710/marcha-dos-petroleiros-reune-15-mil-pessoas-no-centro-do-rio-de-janeiro
19º dia: categoria segue mobilizada Depois de muita luta e resistência, trabalhadores podem comemorar vitória. TST suspende demissões na Fafen-PR
A greve nacional dos petroleiros obteve na última terça-feira (18) vitória na Justiça. O Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) decidiu pela suspensão de mais demissões feitas pela Petrobrás na Fábrica de Fertilizantes do Paraná (Fafen-PR) até o dia 6 de março.
“Uma decisão que só ocorreu diante da impressionante unidade e mobilização demonstrada pelos petroleiros até agora, mas vale destacar, apenas temporária. Não podemos permitir que isso se transforme numa manobra. As dispensas estão suspensas apenas até a próxima audiência entre o sindicato e a estatal, marcada para março”, destaca diretor da FNP, Eduardo Henrique.
As revogações das demissões são um dos principais pontos da reivindicação da categoria.
Nesta quarta-feira (19), a greve nacional dos petroleiros completa 19 dias e a categoria segue mobilizada em 121 unidades da Petrobrás, entre elas 58 plataformas, 24 terminais e todo o parque de refino da empresa.
Vale destacar que apesar da toda truculência da empresa e do governo Bolsonaro, que têm agido de forma repressiva e arbitrária, é uma das maiores mobilizações já realizadas pela categoria.
Quadro nacional da greve – 19/02
21 mil petroleiros mobilizados em 121 unidades do Sistema Petrobrás
58 plataformas
11 refinarias
24 terminais
8 campos terrestres
8 termelétricas
3 UTGs
1 usina de biocombustível
1 fábrica de fertilizantes
1 fábrica de lubrificantes
1 usina de processamento de xisto
2 unidades industriais
3 bases administrativas
A greve nos estados
Amazonas
Campo de Produção de Urucu
Termelétrica de Jaraqui
Termelétrica de Tambaqui
Terminal de Coari (TACoari)
Refinaria de Manaus (Reman)
Ceará
Plataformas – 09
Terminal de Mucuripe
Temelétrica TermoCeará
Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (Lubnor)
Rio Grande do Norte
Plataformas – PUB-2 e PUB-3
Ativo Industrial de Guamaré (AIG)
Base 34 e Alto do Rodrigues – mobilizações parciais
Pernambuco
Refinaria Abreu e Lima (Rnest)
Terminal Aquaviário de Suape
Bahia
Terminal de Camaçari
Terminal de Candeias
Terminal de Catu
UO-BA – 07 áreas de produção terrestre
Refinaria Landulpho Alves (Rlam)
Terminal Madre de Deus
Usina de Biocombustíveis de Candeias (PBIO)
Espírito Santo
Plataformas: FPSO-57 e FPSO-58
Terminal Aquaviário de Barra do Riacho (TABR)
Terminal Aquaviário de Vitória (TEVIT)
Unidade de tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC)
Sede administrativa da Base 61
Minas Gerais
Termelétrica de Ibirité (UTE-Ibirité)
Refinaria Gabriel Passos (Regap)
Rio de Janeiro
Plataformas – PNA1, PPM1, PNA2, PCE1, PGP1, PCH1, PCH2, P07, P08, P09, P12, P15, P18, P19, P20, P25, P26, P31, P32, P33, P35, P37, P40, P43, P47, P48, P50, P51, P52, P53, P54, P55, P56, P61, P62, P63, P74, P76, P77
Terminal de Cabiúnas, em Macaé (UTGCAB)
Terminal de Campos Elíseos (Tecam)
Termelétrica Governador Leonel Brizola (UTE-GLB)
Refinaria Duque de Caxias (Reduc)
Terminal Aquaviário da Bahia da Guanabara (TABG)
Terminal da Bahia de Ilha Grande (TEBIG)
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)
São Paulo
Termelétrica Nova Piratininga
Terminal de São Caetano do Sul
Terminal de Guararema
Terminal de Barueri
Refinaria de Paulínia (Replan)
Refinaria de Capuava, em Mauá (Recap)
Refinaria Henrique Lages, em São José dos Campos (Revap)
Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (RPBC)
Plataformas – PMXL1, P66, P67, P68 e P69
Terminal de Alemoa
Terminal de São Sebastiao
Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA)
Termelétrica Cubatão (UTE Euzébio Rocha)
Torre Valongo – base administrativa da Petrobras em Santos
Terminal de Pilões
Mato Grosso do Sul
Termelétrica de Três Lagoas (UTE Luiz Carlos Prestes)
Paraná
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar)
Unidade de Industrialização do Xisto (SIX)
Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FafenPR/Ansa)
Terminal de Paranaguá (Tepar)
Santa Catarina
Terminal de Biguaçu (TEGUAÇU)
Terminal Terrestre de Itajaí (TEJAÍ)
Terminal de Guaramirim (Temirim)
Terminal de São Francisco do Sul (Tefran)
Base administrativa de Joinville (Ediville)
Rio Grande do Sul
Refinaria Alberto Pasqualini (Refap)
http://www.fnpetroleiros.org.br/noticias/5711/19-dia-categoria-segue-mobilizada