Ódio, mentira, corrupção e violência triunfaram no Brasil

imagemA ofensiva da direita e, nesse marco, o triunfo de Jair Bolsonaro no Brasil são expressões da profunda crise do capitalismo, que se encontra em sua fase mais decadente. A caotização do modo de produção capitalista gera governos com forças repressivas mais rígidas e terroristas, com uma anarquia do mercado envolta em saques e pilhagens com forte protagonismo de negócios ilegais. Tudo isto, é claro, no marco da exploração e da superexploração pelo patronato, pelos monopólios. É parte da instalação de ditaduras mafiosas.

Nós, organizações que lutamos por um mundo sem exploradores nem explorados, não conseguimos elaborar uma estratégia revolucionária com bases sólidas capazes de construir uma forma própria de ver o mundo e de viver nele, que gere identidade nas maiorias trabalhadoras, com a consciência de que a construção e a disputa pelo poder exigem força e consenso.

Ante nossa incapacidade estratégica e nossa falta de trabalho constante no nível de base, desenvolvendo consciência, capacidade de resistência, mas também de proposta, com força e criatividade para superar em termos humanistas esta crise, as minorias mafiosas e bilionárias que operam no Brasil se valeram de nossos erros, da insegurança, do medo, para desatar as piores misérias da humanidade na instalação de uma candidatura corrupta, misógina, racista, homofóbica, a favor da tortura, geradora de ódio, entre outras coisas.

O projeto, dirigido a partir dos centros imperialistas, com o mesmo chefe de estratégia que teve Donald Trump nos EUA, utilizou todos os meios em seu alcance para conseguir isto. Apelou à história militar de Bolsonaro e escolheu um vice-presidente militar em um país no qual a transição para a democracia foi pactuada e negociada ‘de cima’ pelos militares (como no Paraguai) e onde a luta pela memória, justiça e punição dos responsáveis pela ditadura não conseguiu instalar-se. Como prova disso, aquele que recebeu 55% dos votos neste domingo reivindicou o torturador da ex-Presidenta Dilma Rousseff no momento de votar por sua destituição.

Além disso, baseou sua campanha no ódio aos pobres, aos negros, às mulheres, à comunidade LGTBI, em cumplicidade com as igrejas evangélicas e os grandes meios de comunicação, conseguindo esconder seu histórico de corrupção e crime. A violência também foi parte de sua campanha. O Brasil viveu atos de ódio nos quais partidários de Bolsonaro atacaram e, inclusive, mataram opositores.

A saturação está presente no Brasil e no mundo. O exercício da política caiu em um pântano hediondo que gera náusea aos povos. O patronato faz crer que não tem nada a ver com isto e multiplica os temores das pessoas para validar projetos de saque e repressão que, supostamente, solucionarão os problemas de insegurança com “mão dura”. Na realidade, o patronato, junto com os latifundiários e os monopólios imperialistas, é o principal gerador desta situação – em síntese, produto do capitalismo –, que foi trabalhada para gerar no povo brasileiro essa sensação conservadora de utilizar a violência para proteger a propriedade privada, na maioria dos casos, a mínima e quase inexistente propriedade privada das maiorias trabalhadoras do campo e da cidade.

No Brasil de hoje, a direita acumulou 301 dos 513 assentos de deputados (em 2014, tinham 238); o progressismo passou de 166 a 137 deputados; e o centro baixou de 137 para 75. O bloco do agronegócio e contra qualquer reforma agrária tem duas centenas de deputados, o evangélico uns 76 e a “bancada da bala”, defensora da pena de morte e de armar a população, que não tinha senadores, passou a contar com 18 (dos 54 que compõem o Senado).

Vê-se uma ofensiva contra os direitos trabalhistas, contra a população negra e indígena, contra todos os movimentos sociais, contra a Amazônia. A derrota é das maiorias trabalhadoras e honestas que seguirão padecendo violências de diferentes tipos, desde a perda de direitos conquistados até o aumento da brutalidade no uso da força. Tudo isto, com uma forte cobertura midiática que busca instalar a crença de que essas medidas não são violentas, mas sim ‘necessárias’.

Com tudo isto, é importante considerar que, ainda que um pouco mais de 50 milhões de pessoas tenha votado em Bolsonaro, existem cerca de 80 milhões de pessoas que não o fizeram. A América Latina e o mundo vivem uma ofensiva imperialista poderosa frente a diversos esforços de resistência que estão se desenvolvendo. Nosso grande desafio é desenvolver organizações capazes de construir e disputar, realmente, o poder com o inimigo explorador, gerando uma cultura superior em nossas relações, em nosso projeto de sociedade, demonstrando que, além de necessária, é possível a mudança.

Nossa solidariedade ativa com as organizações revolucionárias, de esquerda, progressistas e democráticas do Brasil. Colocamo-nos à disposição para integrar as lutas populares no continente e organizar uma resposta contundente das maiorias trabalhadoras para disputar, de fato, a direção de nossos países.

Pela unidade latino-americana antifascista!

Organizemos o presente para rebelar o futuro!

Socialismo é vida, pão e paz!

COMISSÃO POLÍTICA

PARTIDO COMUNISTA PARAGUAIO

30 de outubro de 2018

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)