MST: muito além da ocupação
Por Maura Silva
Da Página do MST
Era 1984 quando um grupo de trabalhadores rurais que já protagonizavam lutas por terra e democracia se reuniram no 1° Encontro Nacional, realizado em Cascavel, no Paraná.
Ali, pautado em três objetivos principais: lutar pela terra, pela Reforma Agrária e por mudanças sociais, nasceu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
34 anos se passaram e o MST se tornou um dos maiores movimentos populares da América Latina. Organizado em 24 estados, conta com 400 mil famílias assentadas e 120 mil acampadas em todo país.
“Tivemos um auge na luta pela terra na década de 90. Isso aconteceu em função da luta intensa travada naquele período, depois disso aconteceu um aumento nos números de assentamentos no governo Lula, de 2005 até 2007, mas, daquele ano para cá, nós estamos enfrentando uma queda no número de famílias assentadas. Ainda assim, a luta segue firme em todo país”, diz Marcio Santos, da coordenação nacional da MST.
Uma das principais contribuições do MST para a sociedade brasileira é cumprir o compromisso de garantir a função social da terra.
Na safra do arroz orgânico de 2016-17, o Movimento colheu mais de 27 mil toneladas, que foram produzidas em 22 assentamentos.
Produção
Fruto dessa organização são as cooperativas, associações e agroindústrias nos assentamentos. Atualmente, o MST organiza sete principais cadeias produtivas: feijão, arroz, leite, café, sucos, sementes e mel.
São toneladas de alimentos comercializados institucionalmente para várias entidades, programas e organizações, entre elas o Exército, a Marinha Brasileira e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Os produtos do MST também são exportados e comercializados em mercados, feiras, grupos de consumo, Armazéns do Campo e lojas da Reforma Agrária.
Além disso, o MST se tornou o maior produtor de arroz orgânicos da América Latina. Na safra do arroz orgânico de 2016-17, o Movimento colheu mais de 27 mil toneladas, que foram produzidas em 22 assentamentos diferentes, envolvendo 616 famílias gaúchas. Também foram produzidas 22.260 sacas de semente não transgênicas.
Para Débora Nunes, da direção nacional do MST, a Reforma Agrária se realiza no campo, mas é construída na sociedade. “Os benefícios gerais da Reforma Agrária não são apenas para o Sem Terra, mas para todos, sejam do campo ou da cidade. Vemos que a crítica ao movimento se dissolve quando as pessoas veem a capacidade produtiva do MST”.
Educação
A experiência do MST com as redes de Ensino Médio e Fundamental têm sido uma das principais lutas do Movimento.
Essa luta nasceu da necessidade de fazer com que os filhos dos assentados e acampados pudessem ter acesso à educação de qualidade. A realidade escolar dos acampados e assentados é atrelada ao meio da luta em que os educandos vivem no campo.
Hoje, cerca de 1.500 escolas trabalham com jovens de 7 a 14 anos. Destas, 1.100 são reconhecidas pelos conselhos estaduais de educação e cultura.
As escolas do MST abrigam por volta de 200.000 alunos e contam com cerca de 4.000 professores, além dos 250 educadores que trabalham nas Cirandas Infantis – educação de crianças até seis anos ou na faixa da alfabetização. São 320 cursos divididos em 40 instituições de nível fundamental, médio, técnico, superior e educação de jovens e adultos (EJA).
Todo o esforço do MST em levar educação de qualidade aos acampados e assentados rendeu bons frutos ao longo dos anos.
Segundo o Índice de Desenvolvimento na Educação Básica (IDEB), duas escolas do MST no Piauí obtiveram em 2018 os maiores índices na educação básica.
O IDEB foi criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Segundo informações do portal do Ministério da Educação (MEC), o mesmo funciona como um indicador nacional que possibilita o monitoramento da qualidade da educação pela população.
http://www.mst.org.br/2018/11/13/muito-alem-da-ocupacao.html