Capitalismo, trabalho escravo e racismo

A União da Juventude Comunista da Bahia vem por meio desta nota política demonstrar toda nossa indignação frente às últimas notícias divulgadas de quase 200 trabalhadores baianos em situação de trabalho escravo em vinícolas do Rio Grande do Sul. Trabalhadores em sua maioria do município de Valente, cidade do território de identidade do Sisal, foram levados ao estado do sul por uma empresa de terceirização com promessas nunca cumpridas.

Também repudiamos as declarações racistas e xenófobas do vereador Sandro Fantinel (Patriota) da Câmara de Caxias do Sul (RS), ao defender os interesses burgueses da vinícola Salton, tendo sugerido a contratação de trabalhadores argentinos para substituir os baianos por estes supostamente comungarem de uma “cultura de viver na praia tocando tambor”, em alusão à africanidade presente nas manifestações culturais populares da Bahia.

O método de embranquecimento da população, sugerido pelo vereador, é a marca histórica da burguesia brasileira, que, inspirada na ideologia da eugenia, após a escravidão, institucionalizou no Estado Moderno a continuidade da criminalização e do extermínio da população negra, ao passo que incentivava a entrada de imigrantes brancos de países principalmente da Europa Ocidental. Da mesma forma, propõe que os trabalhadores migrantes baianos, em sua maioria negros, sejam substituídos por brancos, supostamente mais propensos biologicamente ao trabalho.

Sua fala é um discurso de promoção da eugenia racial, típico de um agitador de inspiração nazista.

Chamamos atenção para repararmos nas estruturas dessas empresas de terceirização, que têm em sua forma de trabalho a precarização da nossa classe, sem qualquer forma de seguridade trabalhista, o que caracteriza bem o modelo da nova forma de trabalho que o neoliberalismo propõe para nosso país.

Podemos observar também as últimas notícias que revelam o envolvimento de policiais militares que ajudaram e deram segurança aos empresários para manter os trabalhadores nas vinícolas, através de torturas físicas e psicológicas. Isso mostra o papel da polícia militar no Brasil, que cumpre fielmente sua missão desde os tempos coloniais, que é de auxiliar a burguesia em seu projeto de criminalizar, perseguir e assassinar o povo negro, do campo e das periferias do país.

No Brasil, nos últimos anos temos inúmeras noticias de situações de trabalho análogos à escravidão, como no final de 2022, quando houve o caso de uma trabalhadora de 59 anos, que foi resgatada pela Auditoria Fiscal do Trabalho, em São Gonçalo dos Campos (BA), que vivia em condições de trabalho escravo há quase 35 anos. Essas situações escancaram as contradições do capitalismo brasileiro, se mostrando recorrentes e não em poucas exceções, seja na zona rural pelo agronegócio ou seja na cidade em “casas de família”.

O capitalismo brasileiro, em sua formação, têm em seus pilares a escravidão, genocídio e estupro do povo preto e dos povos indígenas, um estado construído por essa estrutura do colonialismo que nunca se findou de fato, e que é conveniente à exploração da nossa classe.

Com isso, os jovens comunistas baianos manifestamos toda a nossa solidariedade aos trabalhadores explorados, assim como chamamos toda a juventude baiana a construir uma nova forma de sociedade, que de fato destrua os laços de exploração e opressão do capitalismo, através da construção do poder popular e de uma sociedade socialista, que dê fim à exploração na humanidade.