Paraguai: por justiça e punição aos criminosos da ditadura Stroessner

imagemAos 30 anos da queda da ditadura de Stroessner, comunistas paraguaios lutam pelo resgate da memória daquele período, por julgamento e punição para os terroristas do Estado e pelo poder popular

Nota do Partido Comunista Paraguaio

Após 30 anos de saques, entreguismo e terrorismo de Estado, a classe operária, o campesinato e todos os estratos sociais desfavorecidos pela exploração, o desemprego, a concentração de recursos econômicos e financeiros, a concentração e o envenenamento da terra, contrabando e tráfico de drogas em larga escala, identificamos a tirania de Alfredo Stroessner como o período em que todos esses males e outros, em alguns casos, foram instalados, e outros se aprofundaram no nosso país.

Hoje, 30 anos após a queda do ditador Stroessner, nós levantamos a nossa voz – a voz da democracia, da lei e da garantia do trabalho decente, da segurança social, aposentadoria, habitação, terra, saúde, educação, alimentação saudável – e gritamos com nossa força: é hora de memória, julgamento e punição! É hora de nunca mais retornar o terrorismo de Estado! É hora de memória ativa! O que nos desafia e nos traz para exigir que os indivíduos e as famílias que participaram dos saques sejam levados à justiça e que a propriedade e a terra que o Estado roubou sejam devolvidas às pessoas. Este é o caso do presidente Mario Abdo Benítez, cujo pai foi secretário particular e um dos homens de confiança do tirano Stroessner, tendo acumulado uma enorme fortuna como membro do primeiro escalão de um governo que saqueou o Estado, distribuiu grande riqueza e mais de 8 milhões de hectares de terra para seus cúmplices e entregou recursos naturais e informações estratégicas para os EUA e o Brasil, tornando-se o “melhor aluno” do apaziguamento antipatriótico, além de perseguir, exilar, torturar e assassinar aqueles que lutaram por democracia com justiça social.

A total obediência ao capital estrangeiro, capitaneada pelo imperialismo norte-americano, ainda é válida nos tempos de hoje. Stroessner e seu bando de criminosos não hesitaram em agir no interesse dos bilionários americanos e brasileiros, para entregar nossos recursos estratégicos e desenvolver uma traição política. A situação de salários famintos é outra “herança” dos tempos de Stroessner. Para o custo das necessidades básicas de viver, o salário mínimo deve ficar próximo de cinco milhões de guaranis. E, para que isso aconteça, precisamos nos unir e exercitar nosso poder para debilitar a classe exploradora. O terrorismo dos patrões em perseguir, intimidar, ameaçar e injustificadamente demitir trabalhadores e trabalhadoras, assim como o sindicalismo burocrático, corrupto e patronal, são outros legados da ditadura, que é o mesmo que dizer que o capitalismo se expressa através da exploração e da pilhagem do território paraguaio.

A polícia e o aparato militar repressivos continuam a se dirigir contra a pobreza e as consciências cívicas. Reprimem as reivindicações das maiorias operárias e criminalizam o protesto social, sendo que as reivindicações enfrentam ainda a violação dos direitos consagrados na Constituição Nacional. Este é o legado do período de Stroessner. Avançar rumo a uma democracia dos trabalhadores implica em desmantelar o aparato repressivo antipopular e antinacional.

O poder exercido pelos monopólios imperialistas, os patrões e os proprietários de terra deve ser confrontado e derrubado, colocando contra eles um poder superior e coletivo do povo trabalhador. No processo de construção do Poder Popular, propomo-nos a lutar contra os vícios do poder atual: total dependência ao capital estrangeiro, naturalização das relações de exploração e da existência de exploradores e explorados, personalismo, individualismo, corrupção, discriminação, uso das diferenças sociais e econômicas para justificar a exploração de outros seres humanos para a obtenção de mais lucros.

Esses vícios devem ser combatidos com liderança coletiva, solidariedade, confiança na humanidade e em todos nós que produzimos, na condição de operários e trabalhadores da cidade e do campo, ou seja, a grande maioria. Para que possamos conquistar autoridade e confiança temos que extirpar os vícios da classe exploradora de nossas fileiras. É uma tarefa difícil, mas a história das lutas dos povos indígenas, dos communards, da Revolução de 1811, de França e Lopez, do Mensu, da classe trabalhadora, dos camponeses e estudantes contra a tirania fascista de Morínigo e Stroessner são alguns sinais de que é possível construir uma força capaz de se opor à exploração e à exclusão promovida por saqueadores e comerciantes.

Na libertação de colegas e pares no Caso Curuguaty, na recontratação dos demitidos pela luta dos trabalhadores na tomada de escolas e faculdades, no freio ao saque dos fundos de pensão, em cada discussão coletiva de trabalhadores sobre os problemas comuns, na aplicação de soluções entre os setores afetados, de forma independente e criativa, finalmente, no encontro para a troca coletiva, para superar nossas fraquezas, para o reconhecimento de nossa identidade como classe trabalhadora, para o exercício dos direitos daqueles que são explorados e oprimidos, para a identificação e caracterização dos nossos inimigos, em tudo isso cresce e para tudo isso serve o Poder Popular.

Contra o governo de fraude, liderado pelo corrupto, enganador e traiçoeiro (em suma, Stroessner!) Mario Abdo Benitez e contra as cúpulas dos Conservadores e do Partido Colorado, está o Poder Popular. Contra o parlamento de fraude e de abuso de nossos direitos como são os despejos de comunidades rurais, urbanas e indígenas, assim como a violação das leis trabalhistas, a impunidade dos narcos, dos saqueadores e dos torturadores, está o Poder Popular.

A recuperação de propriedades e terras mal habitadas, o julgamento e punição de saqueadores e torturadores, vamos conquistar com o Poder Popular. Em 2019 temos uma maior clareza sobre nosso trabalho, como levá-lo para a frente e adiante, com o poder e a força da maioria dos trabalhadores do campo e da cidade, do Povo.

Para os trabalhadores, a unidade camponesa e popular!

Julgamento e punição para torturadores e saqueadores!

Vamos rebelar o presente para organizar o futuro!

Socialismo é vida, pão e paz!

PCP – PARTIDO COMUNISTA PARAGUAIO

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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