Comunicados do PCC-UP e do Partido FARC

imagemO FUTURO DA COLÔMBIA NÃO PODE SER A GUERRA

O anúncio feito por um grupo de ex-líderes das FARC-EP de continuar na clandestinidade e persistir na luta armada representa um fato político com sérias consequências para o processo de implementação do acordo de paz, bem como para a perspectiva da luta democrática no país.

As violações óbvias e incontestáveis de aspectos substanciais do acordo pactuado e as reais intenções da extrema direita, do governo atual e de setores da classe dominante para destruí-lo e retornar à política de guerra e medo, para justificar sua orientação reacionária e impedir qualquer reforma e abertura democrática, devem ser superadas com estratégia política que convoque e mobilize a mais ampla participação e intervenção cidadã nas cidades e nos campos da Colômbia. É infame a atitude do governo de vincular a Venezuela na decisão dos ex-dirigentes.

De acordo com a tradição política do Partido Comunista da Colômbia e da União Patriótica, de defesa da solução política negociada, convocamos todos
os setores comprometidos com a paz, o movimento social e a comunidade internacional para defender plenamente o acordo e sua plena implementação, a vida de líderes sociais e políticos, ex-combatentes no processo de reincorporação e a não desistir da conquista da paz com a justiça social.

Bogotá, 29 de agosto de 2019.

PARTIDO COMUNISTA COLOMBIANO – UNIÃO PATRIÓTICA

Comunicado do Partido Força Alternativa Revolucionária do Comum

Na manhã desta quinta-feira, foi transmitido um vídeo nas redes sociais, nas quais Iván Márquez, cercado por um pequeno grupo de ex-comandantes e guerrilheiros da extinta FARC-EP, lê um longo documento que, em conjunto, visa justificar sua volta às armas, ao contrário do que combinamos e assinamos em Havana, Cuba, com o Estado colombiano.

O Partido Força Alternativa Revolucionária do Comum, FARC, afirma que não compartilha com nenhum dos termos desse discurso. Os Acordos de Paz incorporam o culminar do antigo desejo do povo colombiano de pôr fim ao conflito armado e semear a esperança de consolidar definitivamente a paz com a justiça social em nosso país. Proclamar a luta armada na Colômbia hoje é um erro ilusório.

Milhões de compatriotas se juntam ao clamor por um país em paz. Os ex-guerrilheiros e ex-guerrilheiras que deram o passo de deixar suas armas fizeram isso com a profunda convicção de que a guerra não era mais o caminho. Hoje, uma maioria esmagadora luta pela legalidade de maneira pacífica para alcançar a plena implementação do que foi acordado em Havana. Continuaremos sem desviar dessa rota.

Nossa pátria está sofrendo. Ela não pode ser despedaçada por obra da voz venenosa da extrema direita ou pelas violações do governo. Exigimos que se cumpram totalmente os Acordos. Os signatários do discurso romperam publicamente com o nosso partido, protocolizaram sua renúncia e assumiram as consequências de suas ações.

É verdade que o cumprimento dos Acordos pelo Estado está ocorrendo em ritmo paquidérmico e que os reincorporados passaram por sérias dificuldades de diferentes maneiras. Ninguém nega que existem setores e interesses importantes que trabalham incessantemente contra o acordo. Mas os revolucionários enfrentamos a adversidade com otimismo, valorizamos muito o compromisso determinado e não renunciamos a nossos objetivos, por mais difícil que seja o caminho.

Chamamos o povo da Colômbia, o governo nacional, a comunidade internacional, os empresários e sindicatos, o movimento social e popular, os ex-guerrilheiros e ex-guerrilheiros que assumiram o desafio da luta política aberta, a pressionar como nunca antes pelos Acordos de Havana e seu processo de implementação. Não é hora de hesitar. A guerra não pode ser o destino deste país. Continuaremos aqui, prontos para dar o nosso melhor pela paz e a justiça social.

CONSELHO POLÍTICO NACIONAL

PARTIDO FORÇA ALTERNATIVA REVOLUCIONÁRIA DO COMUM – FARC

Bogotá, 29 de agosto de 2019

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/08/29/colombia-el-partido-farc-considera-delirante-la-propuesta-de-sus-ex-companeros-de-volver-a-las-armas/