A POLÍCIA APRESENTA SUAS ARMAS

A polícia apresenta suas armas

Escudos transparentes, cassetetes,

Capacetes reluzentes

E a determinação de manter tudo

Em seu lugar

Paralamas do Sucesso

Barricadas trancando as ruas de acesso ao bairro; fogo em pneus e colchões no centro da cidade, próximo ao Batalhão da Polícia Militar; toque de recolher; PM recebida a tiros; policiais atingidos na perna e na cabeça, este sendo salvo pelo capacete; ocupação militar de um bairro popular; clima de guerra. Não estamos falando do Bairro Pinheirinho em São José dos Campos, ocupado violentamente pela PM de São Paulo no mês passado.

O relato acima é mais um capítulo da truculência policial que se revela no dia-a-dia das comunidades pobres do Brasil. Criminalizadas e cerceadas em seus direitos humanos mais básicos.

O fato ocorreu no Bairro São Paulo, na cidade de Navegantes (SC), localizada 90 km ao norte da capital Florianópolis. O bairro originou-se de uma ocupação popular na década de 1980. Possui uma comunidade com acesso precário a condições dignas de educação, saúde, habitação e lazer. Apenas no ano passado foi inaugurada uma quadra de esportes no bairro, que até então contava apenas com um campo de futebol em condições precárias de uso. Nada incomum em uma cidade onde 38,20% da sua população sobrevivem em condições de pobreza (IBGE/2003).

A comunidade convive com investidas e ocupações constantes da polícia. Em uma dessas incursões policiais, no último dia 16 de fevereiro, um rapaz de 19 anos foi morto covardemente com três tiros pelas costas. Na versão da PM, ele era traficante e teria reagido a abordagem dos policiais, puxando uma arma calibre 22. Porém, segundo os moradores ele era um trabalhador e foi chamado a viatura, em uma espécie de emboscada. Há alguns meses atrás ele já havia procurado a imprensa e o comando da PM de Navegantes para comunicar que vinha recebendo ameaças e sendo perseguido por ter sido confundido com outro rapaz que assassinou um agente prisional.

No dia 17 de fevereiro os familiares e amigos realizaram uma manifestação pacífica pela tarde. Mas o clima de hostilidade promovido pela PM resultou em um conflito armado ao cair da noite. Cerca de 100 policiais cercaram o bairro, com reforço vindo de algumas cidades da região e com a presença da tropa de choque de Florianópolis.

Na bela Santa Catarina, considerada por alguns como a “Europa brasileira” os conflitos sociais e a pobreza tem sido resolvidos pela burguesia catarinense através da mesma receita há décadas: repressão e criminalização dos pobres e dos trabalhadores. Ao contrário do que a polícia e a grande mídia procuram informar, a manifestação não foi uma ação de traficantes, mas sim uma revolta popular em reação a violência policial.

Repudiamos veementemente a ação da PM de Santa Catarina, no Bairro São Paulo em Navegantes. Solidarizamos-nos com os trabalhadores e trabalhadoras que residem no bairro e que são vitimas constantes da repressão policial, o que segundo o comando da PM deve se intensificar, com a ocupação permanente da região.

Contra a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais!

Abaixo a repressão policial aos trabalhadores!

Comitê Regional de Santa Catarina

Partido Comunista Brasileiro

20 de fevereiro de 2012