Criação de postos de trabalho cai 21,8% em janeiro
Perto de atingir o que alguns economistas consideram como um cenário de “pleno emprego” e sentindo algum respingo da crise internacional, o mercado brasileiro criou 118,9 mil postos formais de trabalho no primeiro mês do ano. O volume é 21,8% menor do que o resultado de janeiro de 2011, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, e consolida a tendência de arrefecimento na criação de vagas com carteira assinada vista desde março do ano passado.
Para a economista da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, o mercado de trabalho brasileiro não deve repetir, ao longo dos próximos meses, a sequência de recordes registrados no passado. Ainda assim, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) terá uma geração líquida de postos de trabalho razoável. “O desemprego já está menor e vemos um esgotamento do espaço para a formalização do mercado de trabalho”, disse.
Para Thaís, o ano deve ser muito parecido com 2011, quando 1,966 milhão de vagas foram criadas. “Devemos ver alguma recuperação no segundo semestre, mas o número deve ficar um pouco abaixo do visto no ano passado”, previu.
Passadas as festas de fim de ano e a necessidade de contratação temporária, o comércio foi o setor que mais puxou os números para baixo em janeiro ao devolver 36,3 mil trabalhadores ao mercado no início deste ano. Os serviços voltaram a liderar a criação de postos, com o volume de pessoas contratadas 61,5 mil acima do total de demissões.
Indústria. Técnicos do Ministério do Trabalho chamaram atenção, porém, para o resultado da indústria no Caged. Em janeiro, o setor contratou 37,5 mil acima dos desligamentos feitos no período e registrou expansão do mercado nos 12 segmentos analisados, o que não ocorria desde fevereiro de 2011.
“Esse resultado aponta uma reação do setor, comparativamente ao desempenho verificado nos meses anteriores, tendo em vista que, em janeiro, após vários meses de modesto desempenho, o saldo de empregos registrados na indústria situou-se 20% acima da média para o período de 2003 a 2011”, avaliaram os técnicos.
Com isso, áreas que tiveram retração do mercado de trabalho no ano passado, em grande parte por causa da entrada de produtos importados no País, conseguiram se sobressair no início de 2012. Um bom exemplo é a indústria de calçados. Ao longo de 2011, o setor fechou 9,7 mil postos e, em janeiro, recuperou parte deles, num total de 6,1 mil vagas. Há dúvidas, porém, sobre se esse movimento veio para ficar.
Para Thaís Zara, a indústria não terá um saldo tão negativo este ano como em 2008 e 2009, quando houve a primeira onda da crise internacional, mas a expectativa não é de forte criação de vagas em 2012. “A tendência é de estagnação da indústria. Até porque a produção está estagnada.”
Interior. O Caged de janeiro revelou que o interior do País criou mais do que o dobro de postos de trabalho formais criados nas regiões metropolitanas. Enquanto os centros urbanos foram responsáveis pela criação de 25,6 mil postos no mês passado, o interior contratou 52,6 mil pessoas. A economista da Rosenberg avaliou que, além do interior estar ainda em fase de desenvolvimento maior, ainda há espaço para a formalização do mercado de trabalho, o que já aconteceu nas grandes cidades.
Para a LCA Consultores, o menor número de dias úteis por causa do Carnaval e a perspectiva de novo resultado fraco do comércio apontam para uma desaceleração na criação de empregos formais em fevereiro. “Nossa projeção é de uma geração líquida de 106,5 mil postos”, afirmou a consultoria em nota para clientes.
BC segura dólar; Mantega diz ter ‘arsenal’ cambial
O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA – O governo decidiu ampliar a artilharia para tentar conter a queda do dólar. Na quinta-feira pela manhã, quando as cotações caíram para a casa de R$ 1,69, o Banco Central fez duas compras: uma no mercado futuro e outra no mercado à vista. Na sequência, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi a público para avisar que o Brasil “não permitirá a apreciação excessiva do real”. A ação deu resultado e a moeda americana fechou o dia 0,29% mais cara, a R$ 1,711.
A entrada de dólares continua a todo vapor e a moeda acabou negociada, ainda que por pouco tempo, abaixo de R$ 1,70 pela primeira vez desde outubro de 2011. Diante do preço, o BC iniciou a reação do governo: avisou que compraria ainda pela manhã até US$ 2 bilhões no mercado futuro em contratos conhecidos como “swap cambial reverso”.
A operação, que equivale à compra de dólares no futuro, não era realizada desde 30 de agosto de 2011. Na intervenção, foram adquiridos US$ 174,7 milhões. À tarde – já com as cotações em ligeira alta -, a instituição voltou aos negócios para adquirir mais dólares, dessa vez no mercado à vista. Com essas atuações, o BC acumula intervenções em três frentes nas últimas semanas: no mercado à vista, negócios a termo e também com o swap cambial reverso.
Arsenal. Em São Paulo, Mantega também reagiu. Em entrevista à agência Dow Jones, disse que o Brasil tem “um grande arsenal de instrumentos” que poderão ser usados para “evitar uma apreciação excessiva” do real.
Sem informar qual seria a faixa ideal para as cotações, o ministro previu que a chamada “guerra cambial” vai se intensificar durante o ano conforme a economia mundial perder fôlego. “Guerra cambial” é a expressão usada por Mantega para identificar a estratégia de alguns países que têm desvalorizado propositadamente as moedas para aumentar a competitividade das exportações.
Essa enxurrada de dólares ao Brasil tem várias fontes, mas principalmente investimentos produtivos de multinacionais, aplicações financeiras de estrangeiros e empréstimos obtidos por empresas brasileiras no exterior. Ontem, por exemplo, o Bradesco captou US$ 1 bilhão em emissão de títulos de dívida, com uma demanda até sete vezes maior, segundo analistas.
Dados também divulgados ontem pelo BC mostram que, em fevereiro até a última sexta-feira, a entrada de dólares no País superou a saída em US$ 6,52 bilhões. O valor em três semanas corresponde a 90% do ingresso em todo o mês de janeiro.
Boa parte desses recursos – US$ 4,13 bilhões – entrou pela chamada conta financeira, onde estão registradas as transferências de dólares para o investimento produtivo, compra de ações, entre outros. O restante entrou pelo comércio exterior.
Déficit externo do país é o pior em 65 anos
O Globo
BRASÍLIA. As contas externas brasileiras tiveram o pior resultado dos últimos 65 anos: as trocas de serviços e do comércio com o resto do mundo fecharam no vermelho em US$ 7,1 bilhões em janeiro. Segundo o Banco Central (BC), o que mais pesou no resultado foram os US$ 2 bilhões de gastos de brasileiros no exterior, especialmente nos Estados Unidos. A despesa registrada em janeiro foi a segunda maior da História: só fica atrás de julho – mês clássico de viagens à Disney World – de 2011.
– O brasileiro é o que mais sai do país para fazer compras, tanto que é o turista mais querido neste momento de crise – disse o professor do Ibmec Márcio Salvato.
Apesar de elevado, o ritmo de crescimento dos gastos com viagens tem diminuído, ao contrário do que acontece com as despesas com aluguel de equipamentos. Só no mês passado esses gastos chegaram a US$ 1,6 bilhão, o aumento mais expressivo registrado nas contas de janeiro. Para o BC, é um retrato do ritmo forte da economia.
– A tendência é de aumento do déficit por causa do crescimento econômico, que aumenta a demanda por produtos importados, seja para consumo ou para atividade produtiva – disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Resultado corresponde a 2,2% do PIB
Para ele, o mais importante é a comparação em relação ao tamanho da economia. Em janeiro, o resultado negativo das contas externas era de 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos 12 meses.
– Em outros carnavais houve déficit da ordem de 4% do PIB – destacou.
Maciel garante que recursos que chegam pela conta financeira devem cobrir o rombo. Só que há uma mudança crucial em relação aos últimos anos: dessa vez, o BC conta com os financiamentos externos para empresas. Antes, o investimento produtivo equilibrava sozinho as contas. A entrada de investimentos estrangeiros diretos no país continua forte. Só no mês passado, foram US$ 5,4 bilhões: o maior volume para janeiro desde 1947. Acontece que a saída de recursos está cada vez maior, mas isso não preocupa os analistas.
– O Brasil é a bola da vez: tem gordura acumulada para viver uma situação como essa nos próximos 20 anos – disse o ex-chefe do Departamento de Câmbio do BC Alcindo Ferreira.
Ele se refere ao volume de reservas internacionais de US$ 354 bilhões guardados nos cofres do BC. É uma poupança para o país usar em tempos de crise.
– A gente não vai ter problema de financiamento das contas externas – garantiu o economista do Banco Votorantim Leonardo Sapienza, lembrando que os investimentos em carteira foram de US$ 4,9 bilhões somente no mês passado: 48% a mais do que entrou no início de 2011.
Fevereiro continua com uma entrada forte de dólares: US$ 6,5 bilhões já ingressaram até sexta-feira da semana passada. A diferença em relação a janeiro é que a balança comercial se recuperou do fraco resultado. Para Ferreira, a tendência é melhorar cada vez mais.
– Nós somos grandes produtores de commodities, mas as commodities ainda estão no campo. Os embarques só começarão em abril – destacou .
Aporte extra de recursos para o FMI divide o G-20
Valor Econômico
Os ministros das finanças do G-20, grupo com as mais importantes economias avançadas e emergentes, vão divididos a uma reunião neste fim de semana na Cidade do México que discutirá o pedido de aporte de até US$ 600 bilhões feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para combater os efeitos globais de um eventual agravamento na crise europeia.
Fontes que acompanham as negociações dizem que será muito difícil um acordo final. Mas é possível um comunicado delineando como seria o formato do aporte de recursos no FMI. Mas a decisão sobre valores e sobre quem vai contribuir deve sair apenas na reunião de abril do G-20 em Washington, que ocorre em paralelo ao encontro de primavera do fundo e do Banco Mundial.
Segundo uma fonte do governo em Brasília, o Brasil caminha para fazer um empréstimo bilateral ao FMI com recursos das reservas internacionais. Os valores seriam contabilizados como ativos nas reservas. Outros países preferem abrir uma linha de crédito ao FMI, que seria sacada apenas em caso de necessidade.
Entre as distintas posições em jogo no G-20, num extremo estão os Estados Unidos. O presidente americano, Barack Obama, disputa a reeleição neste ano e está pouco disposto a pagar o preço político de enviar um projeto ao Congresso pedindo dinheiro do contribuinte para combater uma crise europeia.
Os EUA resistem à ideia de um fortalecimento do fundo por meio de acordos bilaterais. “Como não querem ficar isolados, e numa posição politicamente delicada, os americanos jogam contra esse mecanismo”, diz uma fonte. A percepção é de que Washington prefere que o próprio FMI faça nova emissão de sua moeda, os Direitos Especiais de Saque (DES), a exemplo dos US$ 250 bilhões emitidos na crise de 2009 – só que nesse caso os europeus é que torcem o nariz.
No outro extremo, está a própria Europa, que já indicou que colocará pelo menos € 150 bilhões no FMI, mas pode buscar mais dinheiro junto a outros países do continente, o que em tese poderia elevar a soma para US$ 250 bilhões.
No meio da disputa estão economias emergentes, como o Brasil, Rússia e o México, país que neste ano preside a agenda do G-20. Todos estão dispostos a ajudar, desde que o FMI avance mais rápido na sua reforma de cotas e os europeus deem indicações de que vão fortalecer seus fundos de socorro para evitar novos contágios da crise. Mas, em geral, esses países acham que as duas coisas podem ser feitas paralelamente.
As posições mais importantes nesta reunião, porém, são a do Japão e a da China. “Os Estados Unidos já deixaram claro que não vão ajudar, mas eles não podem impedir que outros países o façam”, afirma uma fonte de Washington que acompanha as negociações. “Já o Japão e a China são essenciais, porque eles devem colocar o grosso do dinheiro não-europeu.”
Até há poucas semanas, o Japão vinha sinalizando disposição em colocar dinheiro no FMI sem pedir muito em troca. Nos últimos dias, entretanto, passou a exigir que primeiro a Europa reforce os seus dois fundos que atuam em socorro de países em dificuldades na região. A expectativa é de que o Japão repita o que fez na última operação de reforço de caixa do FMI, de 2009, colocando US$ 100 bilhões. Na ocasião, a China emprestou US$ 50 bilhões, e o Brasil e a Rússia contribuíram com US$ 10 bilhões cada. Há pedidos para ampliar os valores para as contas fecharem nos US$ 600 bilhões pedidos pelo FMI.
Na Cidade do México, os membros do G-20 basicamente devem reforçar a pressão para a Europa agir. Os líderes europeus planejam se reunir no começo de março para discutir o reforço dos seus dois mecanismo de socorro, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) e o Mecanismo de Estabilidade Europeia (ESM, também em inglês). Depois da ajuda dada a Grécia, Irlanda e Portugal, os três países na linha de frente da crise europeia, o EFSF tem apenas € 250 bilhões livres para evitar o contágio de outras economias. O ESM terá € 500 bilhões em caixa. Uma das ideias em estudo é combinar os dois fundos. Mas países do norte do continente, sobretudo a Alemanha, opõem-se à ideia.
As necessidades de recursos contra contágio vêm aumentando. Em Cannes, em novembro, o FMI previa aumentar sua capacidade financeira para US$ 1 trilhão por meio de US$ 300 bilhões de acordos bilaterais com países membros e emissão de US$ 250 bilhões de DES. Agora, o fundo dobrou para US$ 600 bilhões a necessidade de recursos por acordos bilaterais, e a nova emissão de DES não foi tirada da mesa de discussões
Como os EUA têm dificuldades para participar do pacote, e tampouco acham que devem ajudar países europeus ricos, negociadores admitem que a participação dos emergentes pode crescer. Os Brics (Brasil, Rússia, China e Índia) são mais abertos a um aporte imediato no FMI porque foi o grupo que, originalmente, levantou a tese de que será necessário ampliar o caixa do FMI, que hoje tem cerca de US$ 500 bilhões disponíveis.
As negociações também são vistas como uma oportunidade para aumentar o poder de barganha na agenda de reforma das cotas do FMI, transferindo poder de voto para as economias emergentes.
Uma fonte do governo em Brasília afirma que a tendência é o Brasil fazer um empréstimo ao FMI com vencimento em janeiro de 2014, quando ocorre a nova rodada de negociação de cotas. Mas não há uma ligação imediata entre os dois assuntos. “Esse é o subtexto”, afirmou essa fonte “Ninguém quer colocar dinheiro no FMI de forma permanente sem aumento de cota.”
Ontem, o FMI evitou levantar muitas expectativas sobre a reunião do G-20. “Será uma boa oportunidade para construir algumas fundações ao longo desse caminho”, disse o porta-voz do FMI, Gerry Rice. Um dia antes, a funcionário do Departamento do Tesouro americano que cuida do tema, Lael Brainard, insistiu que, antes de o FMI discutir novos aportes de recursos, será necessário a Europa reforçar os seus fundos de resgate.
Em Bruxelas, a expectativa é de que neste fim de semana os ministros de finanças e presidentes de bancos centrais concordem sobre condições gerais do pacote para o fundo. Em seguida, os países da zona do euro aprovariam um aumento de seu próprio “firewall”, o Mecanismo Europeu de Estabilidade. O pacote para o FMI seria aprovado em abril, em Washington.
Mais 9 mil km podem passar à iniciativa privada
Valor Econômico
A presidente Dilma Rousseff já deu aval à realização de estudos em até 9 mil quilômetros de rodovias federais para analisar a viabilidade de concedê-las para administração da iniciativa privada. Trata-se de um projeto do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em gestação desde 2010. Na avaliação do governo, somente uma pequena fatia dessas estradas deverá transformar-se em concessões “puras”, ou seja, aquelas em que a cobrança de pedágio banca totalmente os investimentos. No restante da malha, a União avalia que o fluxo de veículos não torna viável uma concessão pura, pois a tarifa de pedágio teria de ser alta demais.
Nesse caso, pode-se retomar a ideia das PPPs, as participações público-privadas, nas quais o Tesouro Nacional repassa anualmente um valor às concessionárias para complementar os recursos arrecadados com pedágios. Assim, reduz-se a tarifa cobrada dos motoristas. Dependendo da situação, o governo pode até assumir 100% desse custo, sem repasse para a população.
“Entendemos que há um universo ainda de 7 mil a 9 mil quilômetros de rodovias para serem estudadas”, diz o ministro dos Transportes, Paulo Passos. “Temos que examinar o que é cabível fazer com a modelagem clássica, onde o pedágio é capaz de responder pelo custo da concessão, e as situações em que há a necessidade também de participação pública”, completa Passos.
Olhando o atual fluxo de tráfego, o ministro diz que algumas rodovias são candidatas a um detalhamento dos estudos para avançar no processo de concessão, no mínimo. Ele menciona, como exemplos, três trechos de estradas no Mato Grosso do Sul – a BR-163, a BR-262 e a BR-267.
Para o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Servilha Duarte, pelo menos outros quatro trechos podem reforçar a lista de candidatos à concessão para o setor privado: a BR-470 (em Santa Catarina), a BR-101 (entre Florianópolis e o município gaúcho de Osório), a BR-381 em Minas Gerais (entre Belo Horizonte e Governador Valadares) e a BR-262 (entre Belo Horizonte e Vitória). “Esses quatro trechos podem ser viáveis para uma concessão pura”, afirma o executivo.
Se a opção do governo for incluir também o instrumento das PPPs, com concessões “patrocinadas” pelo Tesouro Nacional, o universo se estende para rodovias como a BR-101 na região Nordeste e a Rio-Santos, segundo Duarte. “Há um espaço muito grande para as parcerias público-privadas”, acredita.
Outra possibilidade mencionada pelo ministro Paulo Passos é a adoção de “concessões administrativas”, que são contratos de longo prazo – fala-se em até 15 anos – para a manutenção das rodovias federais. Nesse caso, não há cobrança de pedágio do motorista. Trata-se de um contrato de prestação de serviços e administração das estradas, que será implementado nos trechos onde as privatizações exigiriam tarifas caras demais para os motoristas. “Recebemos da presidenta Dilma o sinal verde para começarmos a estudar a possibilidade de aplicar as concessões administrativas. O que ela disse, sejamos claros, é que estudássemos e levássemos (as conclusões) a ela”, comenta Paulo Passos.
Nas concessões administrativas, em vez de manter vários contratos para obras de manutenção em uma mesma rodovia, o governo passa a ter relação de longo prazo com uma única empresa.
Os estudos em torno dos 9 mil quilômetros de rodovias serão aprofundados e o ministro não trabalha com um prazo para finalizá-los, mas evita prometer o desenho de novas concessões ainda em 2012. “Nós temos compromisso com o sucesso. Queremos estudos consistentes, não para botar na prateleira”, diz.
Duarte, da ABCR, saúda o fato de que qualquer posição ideológica do governo petista contra a transferência de rodovias para administração privada foi “totalmente” superada. Ele só lamenta a lentidão com que, na sua avaliação, o governo tem conduzido os estudos de viabilidade e de fluxo de tráfego para definir as novas concessões. Além disso, a qualidade das informações têm deixado a desejar. “Quando as concessionárias fizeram seus próprios estudos, verificaram que o tráfego era 50% superior, ou mais, do que o indicado pelo governo. Isso explica, em parte, os deságios tão fortes nos últimos leilões de rodovias”, avalia.
Para a concessão da BR-101 no Espírito Santo, cujo leilão ocorreu no mês passado, o governo contratou estudos da Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), que será ressarcida pelo consórcio vencedor. O ministro avisa que os próprios investidores privados podem apresentar seus estudos. “Se alguém quiser e manifestar interesse, nós podemos perfeitamente autorizar que façam os estudos, por sua própria conta. Se eles forem usados, estabeleceremos na licitação o ressarcimento dos estudos”, diz.
Bancos europeus são atingidos por duras perdas
O Estado de S. Paulo
Bancos europeus reportaram duras perdas em seus últimos balanços, em uma mostra de como a crise bancária e da dívida soberana está afetando o setor.
O francês Crédit Agricole acumulou € 3,1 bilhões em perdas no quarto trimestre. No Reino Unido, o Royal Bank of Scotland (RBS) sofreu prejuízo de 1,8 bilhão de libras. O franco-belga Dexia, por sua vez, revelou prejuízo de € 11,6 bilhões em 2011, a maior parte acumulada no último trimestre do ano.
Os bancos foram afetados por uma série de fatores. Eles continuaram registrando os descontos em bônus do governo da Grécia, o que resultou em centenas de milhões de euros em perdas no quatro trimestre por conta da redução em aproximadamente 25% do valor original dos títulos.
As instituições financeiras reservaram centenas de milhões de euros para se prepararem para a crescente inadimplência nos empréstimos ante a possibilidade de recessão na zona do euro. Além disso, a economia claudicante e o ambiente nos mercados de capitais em 2011 afetaram as receitas dos bancos.
O quarto trimestre foi complicado para a maioria dos bancos do mundo, em grande parte por conta de uma paralisia nos mercados financeiros que deprimiu os negócios e achatou os lucros. Ainda assim, parte dos maiores bancos da Europa, como o BNP Paribas, o Deutsche Bank e o Barclays conseguiram registrar ganhos trimestrais.
BCE. Em dezembro, os bancos da zona do euro tomaram emprestado quase 500 bilhões na primeira de duas operações de liquidez de longo prazo que o Banco Central Europeu (BCE) vai realizar. A segunda será no fim deste mês. Do total emprestado na primeira etapa, cerca de 200 bilhões foram considerados nova liquidez, já que o restante foi usado para rolar empréstimos que estavam vencendo. Na segunda operação de liquidez de longo prazo, Draghi disse que “preferiria que eles ( bancos) emprestassem o dinheiro para empresas e consumidores”.
O BCE acredita que a demanda nessa operação será forte, após ter suavizado as regras para os colaterais exigidos para a liberação do empréstimo. Mas Draghi já deixou claro que é contra um novo afrouxamento dessas regras. / DOW JONES NEWSWIRES