Indústria demite, apesar de desoneração

 

O saldo entre setembro de 2011 e julho deste ano é de uma retração de 2,3%, considerando o comportamento do emprego mês a mês, sem ajuste sazonal. O cálculo foi feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE a pedido do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

A estratégia de congelamento dos empregos na fase mais aguda da crise no setor pode ser uma das justificativas para os resultados negativos deste ano, na visão do professor de Economia da PUC-Rio José Márcio Camargo. Em 2011 e 2012, a indústria não demitiu em massa, mesmo num cenário desfavorável. “Agora, com a expectativa de que não haverá crescimento, a indústria está demitindo, apesar da pequenas melhora”.

O impacto negativo atingiu até mesmo setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamentos concedida pelo governo federal, observa o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza. “Muitos deles registram forte retração este ano77, destaca. É o caso da indústria de couro e calçados, cujo resultado negativo puxou as baixas setoriais emjulho na comparação com o mesmo mês do ano anterior, com -5,5%.

Perspectivas

A deterioração das perspectivas também compromete novas contratações. Souza afirma que o recuo no número de horas pagas na indústria, de 0,3% em julho ante junho e de 0,8% ante julho de 2012, é um indício de que as empresas do setor devem contratar cada vez menos nos próximos meses.

“Se o dado do IBGE mostra que as horas trabalhadas estão caindo, acredita-se que, no futuro próximo, o cenário industrial não seja de abertura de novos postos”, avalia Souza. O economista afirma que, segundo essa lógica, as pesquisas dos próximos meses podem apresentar indicadores estáveis ou até repetir as quedas.

O emprego industrial não reage nem aos sinais de melhora na produção do setor, que acumula alta de 2% no ano (mesmo com oscilações entre resultados positivos e negativos no índice mês a mês). “Para o mercado de trabalho, era de se esperar algum respiro. Mas a pesquisa não tem mostrado nada disso. Na verdade, há uma tendência de acomodação do emprego e nenhum sinal de melhora”, afirma Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências.

Por outro lado, o técnico do IBGE Fernando Abritta Figueiredo, um dos responsáveis pela pesquisa, diz que uma produção mais robusta seria o motor da virada para o mercado de trabalho. “Tem de haver crescimentos constantes para o emprego industrial se recuperar”.

À medida que as taxas negativas se acumulam, o quadro pode impactar no índice de desemprego na economia geral, avalia Souza. Isso porque a indústria passa a contratar menos serviços ligados ao próprio setor.

Por outro lado, o recuo do emprego afeta os rendimentos das famílias – e, consequentemente, seu consumo. Em julho, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) apontou taxa de desocupação de 5,6%.

Apesar dos resultados negativos, o valor real da folha de pagamento registra alta de 0,4% em julho ante junho, e de 3,4% na comparação com julho de 2012. O dado influenciou aumento de 2,5% no custo salarial na comparação julho/junho, segundo cálculo das Tendências. Mesmo assim, Bacciotti observa que, no ano, o custo com remuneração de funcionários recua 3,2%.

Cenário

Se as horas trabalhadas estão caindo, acredita-se que o cenário industrial não seja de abertura de postos.” Rogério César de Souza. Economista-chefe do IEDI

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Dilma pede urgência para lei sobre internet

O Estado de S. Paulo

Em meio às denúncias de espionagem contra o governo brasileiro cometida pela Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff solicitou ontem ao Congresso Nacional que seja dado regime de urgência na tramitação do projeto que trata do Marco Civil da Internet que tramita atualmente na Câmara dos Deputados.

A mensagem presidencial foi publicada ontem no Diário Oficial Dilma discutiu o assunto anteontem, em reunião no Palácio do Planalto com ministros. O relator do texto na Câmara, deputado Alessandro Molon (PT-RJ) também participou.

Interessa à Presidência a inclusão de um artigo no texto do Marco Civil que reduziria a possibilidade de espionagem internacional.

O governo quer criar uma central de servidores (data center) localizada em território nacional para guardar dados. Atualmente, esta função é desempenhada por provedores sediados no exterior.

O regime de urgência dá agilidade na tramitação da matéria no Congresso sob essa atribuição, a Câmara terá 45 dias para votar a matéria e o Senado mais 45 dias para apreciá-la. Se a votação não for concluída no prazo, o projeto tranca a pauta de deliberações da Casa em que estiver tramitando.

Sem brecha

Segundo alguns dos presentes no encontro realizado no Palácio do Planalto, a presidente Dilma foi enfática ao defender regras para que não se permita “qualquer brecha” contra a privacidade de internautas no Brasil. No encontro ficou acordado que o governo apresentaria o pedido de regime de urgência para o projeto.

“O pedido de urgência foi uma resposta a essa vergonha, a lesse episódio de espionagem contra o País e contra as nossas empresas”, disse o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) ao Estado. Segundo ele, Dilma também insistiu na criação de uma amarra na proposta para assegurar que os dados dos cidadãos do País fornecidos às grandes-empresas estrangeiras sejam armazenados no Brasil.

Atualmente, a maioria das empresas de grande porte como Google e Facebook tem data centers fora do País. A ideia do governo é obrigar que os dados sejam guardados em território nacional e em caso de qualquer irregularidade, o infrator seria submetido às leis brasileiras. “Ela demonstrou que não fará concessões nessa questão”, disse Molon.

Outro ponto que Dilma teria dito que não pretende negociar na proposta é em relação à neutralidade da rede. Este é um dos pontos mais polêmicos do projeto e sem um consenso desde que ele foi encaminhado ao Congresso em 2011.

Pelo texto inicial do relator, o provedor de internet fica proibido de diferenciar o conteúdo que trafega na web. Defensores da neutralidade afirmam que isso é necessário para evitar “pacotes” de internet fechados. Por outro lado, os representantes das teles consideram que o modelo proposto pode prejudicar os negócios das empresas.

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EUA acusam Brasil de criar ‘novo protecionismo’

O Estado de S. Paulo

O governo americano criticou o Brasil por estar criando uma “nova forma de protecionismo” com sua política de incentivo fiscal e insistiu que os objetivos do País podem ser atingidos sem o uso das medidas que têm adotado.

A opinião é do número 1 na Casa Branca responsável pelo comércio, Michael Froman, chefe da Representação dos EUA para o Comércio (USTR), e foi feita menos de uma semana depois de a presidente Dilma Rousseff usar as mesmas palavras com relação aos países desenvolvidos. Na sexta-feira, na cúpula do G-20 na Rússia, Dilma acusou os países ricos de estarem adotando um “novo protecionismo” cambial.

Em conversa com jornalistas, Froman foi claro ao dizer que práticas brasileiras têm sido uma “preocupação” para o governo de Barack Obama e que algumas das iniciativas do País são exemplos da “nova forma de protecionismo” que ganha espaço no mundo. “Ficamos preocupados quando o Brasil decidiu elevar as tarifas de importação para mais de cem linhas tarifárias.”

Mas é a política de dar incentivos fiscais a quem produz no Brasil que tem mais afetado os americanos. “Temos preocupações com políticas de localização”, disse, em referência às exigências do governo de que empresas produzam no Brasil para ganhar vantagens. O caso atingiu o setor automotivo tem sido adotado em outros segmentos.

Ao ser questionado sobre o protecionismo no mundo, ele voltou a citar o caso brasileiro. “Vemos novas formas de protecionismo e a localização é uma delas”, declarou. “Entendemos os objetivos desses países. Mas queremos ajudá-los a atingir seus objetivos sem distorcer os mercados mundiais.”

Elogios

Questionado se uma eventual decisão de Dilma de não viajar aos EUA, por conta da polêmica da espionagem, poderia afetar a relação comercial entre os dois países, Froman optou por elogiar o Brasil. “O Brasil é muito importante na região e no mundo”, disse. “É um parceiro estratégico dos EUA e temos trabalho para desenvolver essa relação.”

“Vemos grandes oportunidades no Brasil, no setor de investimentos, energia e comércio e estamos abertos sobre como podemos seguir essa relação adiante”, disse. “Temos um diálogo franco com o Brasil. Eles não hesitam em levantar questionamentos sobre nossas práticas e nós também dialogamos quando há algo”, explicou Froman.

Ele deixou claro que o governo americano quer estudar novas formas de ampliar o comércio com o Brasil. Nesta semana, uma de suas assistentes, a embaixadora Miriam Sapiro, está no País para debater formas de ampliar o comércio.

Algodão

Um dos temas delicados na relação bilateral é a questão do algodão. Os EUA perderam na Organização Mundial do Comércio (OMC) uma disputa contra o Brasil e foram obrigados a pagar mais de US$ 140 milhões por ano ao setor privado brasileiro. O problema é que o Congresso americano quer acabar com a remessa, o que abriria as portas para o Brasil retaliar os EUA.

Fontes na diplomacia americana confirmaram à reportagem que a Casa Branca está tentando fazer o Congresso entender que, se esse dinheiro não for pago, a retaliação que o Brasil adotará custará muito mais caro aos interesses americanos. Miriam deve tratar também desse tema esta semana no Brasil.

Froman deixou claro que acredita que a conferência da OMC, no fim do ano em Bali, será fundamental. “Se não conseguirmos um acordo, vai ser difícil pegar os pedaços e seguir adiante com a Rodada Doha.”

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Dólar tem saída de US$ 2 bi neste mês

O Globo

A saída de dólares do país superou o ingresso da moeda americana em US$ 2,14 bilhões na primeira semana de setembro, informou ontem o Banco Central (BC). O déficit contribuiu para reduzir o superávit acumulado do ano, que caiu de US$ 2,328 bilhões nos oito pri­meiros meses do ano para apenas US$ 96,975 milhões no período de janeiro a 6 de setembro. O resultado surpreendeu o mercado, que começa a projetar que o saldo anual do fluxo cambial passará a ser negativo já na próxima semana.

— O resultado foi bastante surpreendente e mostra que o dólar valorizado veio para ficar. É uma mudança estrutural — afirma Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria, que reviu sua projeção para a moeda americana no fim do ano de R$ 2,25 para 2,35. — Eu acredito que, na próxima semana, o flu­xo cambial deve ficar negativo no ano.

Na semana passada, o saldo foi negativo tanto no comércio exterior, em US$ 2,045 bilhões, quanto em operações financeiras, que abrangem investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estran­geiros diretos, em US$ 96 milhões.

Apesar da surpresa com o fluxo negativo, o dólar comercial fechou ontem em leve queda de 0,08%, a R$ 2,28, acompa­nhando o mercado internacional, em um pregão de alívio no câmbio com o adiamento de uma possível intervenção americana na Síria. Durante o pregão, a moeda chegou a ser negociada acima de R$ 2,30. Pela manhã, o BC realizou um leilão de 10 mil contratos swap cambial tradicional — equivalente a uma venda de dólares no mercado do futuro — e movimentou cerca de US$ 500 milhões.

— O mercado parece estar respeitando hoje uma barreira informal da moeda em R$ 2,30. O dólar bateu nessa cotação e voltou. O investidor tem medo que, acima desse patamar, o BC volte a intensificar sua atuação — disse Felipe Pelle­grini, gerente no Banco Confidence.

No mercado de ações, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou em baixa de 0,76%, aos 53.570 pontos. Pesa­ram as ações preferenciais da Petrobras, que recuaram 2,16%, a R$ 32,95.

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Empresários brasileiros estão menos otimistas que os europeus

O Estado de S. Paulo

O otimismo dos executivos brasileiros em relação ao futuro da economia chegou ao nível mais baixo desde o terceiro trimestre do ano passado, quando teve início a pesquisa Panorama Global de Negócios. Na escala de o a 100, o otimismo ficou em 54,7, abaixo do verificado no segundo trimestre (61,4).

O estudo foi conduzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Duke University e CFO Magazine. O levantamento consultou 1.212 diretores financeiros (CFOs) de todo mundo, sendo 246 da América Latina, e 90 brasileiros.

O resultado deixou o Brasil abaixo da maioria dos países da América Latina, da Europa e dos Estados Unidos. “Essa pesquisa costuma antecipar o que vem pela frente. Eu não ficaria surpreso se a performance nesse trimestre for pior do que a esperada a julgar pela queda acentuada do índice” afirma Antonio Gledson de Carvalho, professor da FGV e codiretor da pesquisa. O estudo também tem a participação do professor Klenio Barbosa. “A previsão do governo não é muito boa com relação a este trimestre. A queda do otimismo vem num momento em que as empresas começam a receber ordens de compra dos clientes e a produzir para o fim de ano. Me deixa apreensivo esse baixo resultado”, diz Carvalho.

O aumento da desconfiança em relação ao futuro também fica evidente em outro indicador apurado pelo levantamento: 71% dos executivos estão menos otimistas do que estavam há três meses, enquanto apenas 8% se dizem mais otimistas.

Negócios

O menor grau de aposta na economia corrói a expectativa de resultado das empresas. Os CFOs apontaram um menor crescimento tanto dos lucros como das receitas. A estimativa de avanço no lucro recuou de 19,7% da última pesquisa para 14,4% e a previsão de aumento das receitas é de 7,8% ante 14,9%.

A maior incerteza em relação ao futuro das empresas fez crescer a disposição pela contratação de temporários. Segundo os executivos, o emprego temporário deve crescer 5,3% nos próximos 12 meses. Em junho, esse índice era de 2,1%, e em março, 1,8%. Nos levantamentos realizados no ano passado, havia uma tendência de queda dos temporários.

Há dois grandes motivos apontados pelas empresas d ira o atual aumento da contratação de temporários. Para 47% das companhias, a vantagem dos temporários é os salários mais baixos, e 27% justificam a necessidade desse grupo de profissionais por causa das incertezas econômicas. “Dizer que o temporário é mais barato também está relacionado com uma incerteza”, afirma Carvalho.

Juros

O levantamento também mostra que os GFOs acreditam que o aperto monetário deve continuar até o fim do ano – na reunião de agosto, o Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, para 9% ao ano.

De acordo com a pesquisa da FGV, 80% dos entrevistados esperam um aumento na taxa de juros até o fim do ano. E 69% apostam numa alta de, no mínimo, 1 ponto porcentual. Se essa magnitude for confirmada, 6% das empresas reduziriam o investimento de capital, e 17% diminuíram o emprego.

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Espionagem: Resposta dos EUA é pouco contundente

O Globo

O ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, se reuniu ontem com a chefe do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Susan Rice, para discutir as atividades de espionagem americana no Brasil. Figueiredo não falou com a imprensa brasileira. Rice, por meio de nota, reconheceu que o amplo monitoramento das j comunicações da presidente Dilma Rousseff e colaboradores próximos, além das trocas de e-mails de empresas como a Petrobras, criou tensões na relação bilateral. Mas disse que algumas das informações divulgadas distorcem o trabalho da Inteligência americana.

As conversas continuam hoje. O Brasil esperava uma resposta contundente dos EUA, mas a nota não indica que as conversas avançaram em relação ao encontro de Dilma com o presidente americano, Barack Obama, em São Petersburgo, na Rússia, durante a reunião de cúpula do G-20, semana passada. O Palácio do Planalto e o Itamaraty aguardam o posicionamento americano para decidir se Dilma mantém ou não a visita de Estado a Washington, marcada para 23 de outubro.

Rice prometeu trabalhar junto com as autoridades brasileiras para esclarecer pontos de dúvidas e ver no que os procedimentos podem ser melhorados. No entanto, repetiu o discurso de que Gbama já determinou uma ampla revisão das atividades da Agência de Segurança

Nacional (NSA). O encontro na Casa Branca durou pouco mais de uma hora. “Rice expressou ao chanceler Figueiredo que os EUA entendem que as recentes revelações na imprensa —algumas das quais que distorcem nossas atividades e algumas das quais que levantaram questões legitimas de nossos amigos e aliados sobre como essas potencialidades são empregadas — criaram tensões na forte relação bilateral que temos como o Brasil. Os EUA estão comprometidos a trabalhar com o Brasil para enfrentar essas preocupações, ao mesmo tempo em que continuamos a trabalhar juntos em uma agenda comum de iniciativas bilaterais, regionais e globais” disse a nota.

Nos últimos dois meses, documentos vazados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, divulgados pelo GLOBO e pelo “Fantástico” apontaram intensa espionagem conduzida pela NSA no Brasil, desde os anos 1990. O Brasil quer que o presidente americano, Barack Obama, encerre imediatamente a atividade da NSA, faça um relato completo dos objetos brasileiros de monitoramento e estabeleça critérios transparentes para a espionagem, atrelados a ameaças terroristas e organizações criminais, com respaldo internacional. Os EUA recusaram há 15 dias proposta brasileira de acordo bilateral neste sentido.

Antes da reunião de Figueiredo com Rice, o porta-voz da Casa Branca, Jim Carney, lembrou que Obama já conversou com Dilma sobre o tema, em São Petersburgo, na Rússia, durante a reunião do G-20, semana passada, mas que os EUA realizam atividades de Inteligência semelhantes a de todos os principais países.

Inicialmente, Figueiredo iria viajar ontem para Nova York, mas decidiu permanecer em Washington depois do cancelamento de seu trem. No fim da noite, a embaixada do Brasil informou que o ministro de Relações Exteriores teria nova rodada de conversas sobre a espionagem americana com autoridades do governo Obama. Não foram fornecidos detalhes dos encontros.

Câmara quer ouvir Snowden

Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou ontem, por unanimidade, o envio de uma missão oficial à Rússia para ouvir e entrevistar o norte-americano Edward Snowden, ex-agente da CIA asilado em Moscou.

O autor da proposta foi o líder do PSOL, Ivan Valente (SP). Ele argumentou que as ações de vigilância dos Estados Unidos sobre o Brasil são inaceitáveis.

O presidente da comissão, Nelson Pelegrino (PT-BA), disse que levará a decisão à embaixada da Rússia para discutir a possibilidade do encontro com Snowden.

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Quadrilha do Trabalho agia no Congresso

Correio Braziliense

Ex-prefeitos de cidades mineiras presos pela Operação Esopo, da Polícia Federal, apontaram o deputado federal Ademir Camilo (PSD-MG) como intermediário de verbas do ProJovem, liberadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e direcionadas para municípios do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha, onde o parlamentar foi votado. O programa é uma das maiores fontes de recursos sob suspeita de desvio para a organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), com sede em Belo Horizonte, acusado de desviar R$ 400 milhões de recursos públicos nos últimos cinco anos. A operação que prendeu 22 pessoas, incluindo seis ex-prefeitos, provocou a queda de quatro pessoas no MTE, entre elas o número 2 da pasta, o secretário executivo Paulo Roberto Pinto, filiado ao PDT.

O deputado, contudo, refuta as acusações e nega o envolvimento. “Deputado não é intermediário. Nós tivemos uma formatura em Belo Horizonte da primeira turma do ProJovem em Minas, de 12 mil pessoas, e eu estive presente. Posteriormente, o ministro (Carlos Lupi) garantiu ao governador Antonio Anastasia (PSDB) que ampliaria o número de jovens atendidos”, garantiu. Segundo Camilo, as cidades atendidas foram estipuladas pelo ministério.

Ademir Camilo participou de solenidades de lançamento do ProJovem em municípios onde é votado. Uma delas é São Francisco. Em depoimento à PF, o ex-prefeito da cidade José Antônio da Rocha Lima (afastado por denúncias de malversação de dinheiro público), negou irregularidades no contrato com o IMDC e confirmou que Camilo “conseguiu a verba para o projeto” que resultou na contratação da Oscip. O ex-prefeito de São João da Ponte Fábio Fernandes Cordeiro (PTB), o Fábio Madeiras, declarou também à PF que teve conhecimento de que o deputado negociava diretamente com o ex-ministro Carlos Lupi. Para conseguir abocanhar recursos do Projovem, o presidente do IMDC, Deivson Vidal, teria se aproximado de Ademir Camilo, que, por sua vez, exercia influência na liberação dos recursos do programa.

 

Já o ex-prefeito de Januária Maurílio Arruda (PTC) alegou que o deputado é apoiado por um grupo político rival dele e que, quando tomou posse em janeiro de 2009, já estava consignada emenda parlamentar do ex-pedetista, destinando R$ 1,4 milhão ao programa. “As metas do Projovem em Januária não foram cumpridas porque a própria prefeitura notificou o IMDC para cancelar o contrato ao sentir que o instituto era de competência duvidosa”, disse Arruda, que chegou a ser detido, mas teve prisão revogada pela Justiça Federal. No depoimento, Arruda disse que chegou a ser procurado por Marcos Vinicius Silva, o Marquinhos, ex-assessor de Camilo e que teria atuado também em nome da Oscip. Marcus Vinicius teve prisão temporária decretada na Operação Esopo, mas está foragido desde 2 de julho.

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