Para inglês ver: No Trabalho, investigação entre amigos

 

Um dos principais assessores do secretário, Cleide Santos Costa, foi preso na semana passada, em São Paulo, na Operação Pronto Emprego. Ele é acusado de favorecer o Centro de Atendimento ao Trabalhador, uma ONG suspeita de desviar aproximadamente R$ 18 milhões de convênios financiados pelo ministério.

Sérgio Vidigal é marido da deputada Sueli Vidigal (PDT-ES). Os dois são fidelíssimos ao presidente do PDT, Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho. Na época dos escândalos que derrubaram Lupi da pasta, o casal assumiu a linha de frente de defesa do presidente nacional do PDT.

Vidigal ocupa a secretaria mais importante do ministério, que cuida dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e responde por todos os convênios de qualificação de trabalhadores e pelos recursos do Projovem — justamente onde estão as irregularidades. Ele ocupa o cargo pela segunda vez, foi levado por Lupi e saiu com a queda do ministro, assim que Brizola Neto assumiu o ministério.

Com a ida de Manoel Dias para comandar a pasta do Trabalho, Vidigal voltou ao cargo. Junto com Vidigal, o número dois da atual gestão Manoel Dias, o ex-secretário executivo Paulo Pinto, também foi exonerado da pasta pelo ex-ministro Brizola Neto. Com a queda de Brizola Neto, desafeto de Lupi no PDT, e a nomeação do apadrinhado de Lupi, os dois voltaram a assumir postos de comando no Ministério do Trabalho.

Mas, segundo fontes próximas, o principal objetivo de Vidigal é se eleger para deputado federal nas eleições do ano que vem. E tem costume de delegar as principais funções da secretaria, contam interlocutores.

Na avaliação de técnicos do próprio ministério, a comissão criada por Manoel Dias teria que ser liderada por um servidor técnico de carreira ou entregue à corregedoria da pasta.

De acordo com a portaria publicada no Diário Oficial, o foco da comissão será os convênios com indícios de irregularida- : des detectadas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Controlaria Geral da União (CGU). A comissão não tem prazo para concluir os trabalhos, o que pode demorar até um ano.

De acordo com a portaria, a comissão será composta por 12 servidores da própria Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, comandada por Sérgio Vidigal, e por dez membros das Superintendências Regionais do Trabalho, que são dominadas pelo PDT.

Indagada a respeito do perfil de Vidigal e de seu eventual impedimento, a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho informou que ele foi indicado porque é o responsável pela área, justamente onde estão os processos suspeitos de irregularidades.

A criação de um mutirão visa dar uma resposta quanto ao esquema de desvio de recursos públicos. Segundo a portaria, deverá ser priorizada a análise dos processos relativos às entidades investigadas por Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU).

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Bancos privados financiarão concessões

O Estado de S. Paulo

Tido pelo governo como a solução para movimentar “em diversos bilhões” a economia do País o processo de licitação para concessões de infraestrutura poderá ser financiado em até 70% pelos bancos privados com repasse de crédito do BNDES. O modelo para o financiamento foi acertado na tarde de ontem pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, com representantes das principais instituições financeiras do País.

“O programa de concessões terá quase meio trilhão de reais, concentrados em boa parte nos primeiros cinco anos”, afirmou o ministro, após a reunião. “O grande dinamizador da economia brasileira nos próximos anos será o investimento em infraestrutura.”

O modelo acertado com os bancos é chamado no mercado financeiro de project finance. O concessionário escolherá o consórcio de bancos para viabilizar o financiamento. A taxa de retorno dos projetos será TJLP (taxa de juros de longo prazo, usada como referência para os empréstimos do BNDES, atualmente em 5% ao ano) mais 2%, somando 7% ao ano. Além dos 70% em empréstimos, os consórcios vencedores poderão emitir ações ou debêntures para obter os demais 30% dos investimentos necessários. O prazo para financiamento é de 30 anos, com carência de 5 anos.

Com papel decisivo, o BNDES deve estar presente em todos os financiamentos, para repassar crédito às demais instituições financeiras. O banco também poderá oferecer empréstimos-ponte nas condições atuais. Segundo Mantega, o banco poderá precisar de recursos adicionais do Tesouro para viabilizar a operação.

“O BNDES não precisa de capitalização, pois está capitalizado. O que talvez ele precise é de recursos para viabilizar o funding (recursos). O BNDES prometeu viabilizar a liberação (do empréstimo) em seis a oito meses”, disse. O banco atualmente possui recursos próprios entre R$ 110 bilhões e R$ 120 bilhões, segundo o ministro.

Aporte

Ainda não está definido qual o aporte do governo no BNDES. “Ainda estamos em conversação”, disse o presidente Luciano Coutinho. Segundo ele, a participação dos bancos “depende do apetite ao risco”. “Se organizarmos bem os projetos, no sentido de darmos assistência, teremos perfeitas condições de financiá-los.” O spread cobrado dos bancos ainda está em discussão, mas deve ficar abaixo de 0,5%.

Participaram da reunião com Mantega representantes do Itaú, Bradesco, BTG Pactuai, Bank of America Merril Lynch, JP Morgan, Safra, HSBC, Santander, Banco do Brasil, Caixa e BNDES. O governo também está trabalhando com a possibilidade de aporte de recursos estrangeiros. Segundo Mantega, todos demonstraram interesse em participar dos leilões, que começam na quarta-feira.

Os dois trechos de rodovias a serem concedidos, BR-262 e BR-050, devem atingir R$ 5,3 bilhões nos leilões e mais de R$ 50 bilhões em investimentos. “O empreendimento é de longo prazo e seguro. Nunca vi concessão rodoviária não dar certo”, disse Mantega. “Dezoito meses depois da operação, o concessionário receberá pedágio. As condições são muito atrativas.” Em relação às ferrovias, os editais aguardam avaliação do TCU. Mantega ressaltou que os investimentos em ferrovias vão envolver R$ 80 bilhões.

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Balança comercial: País tem déficit de US$ 10 bi com EUA

O Globo

Estados Unidos e China, os maiores parceiros comerciais do Brasil, agem de forma oposta na balança comercial brasileira. Em agosto de 2013, o intercâmbio entre Brasil e EUA chegou ao seu pior momento. O déficit acumulado com aquele país em 12 meses atingiu US$ 10,6 bilhões, recorde histórico para o período. Na mesma base de comparação, os chineses garantiram um dos mais expressivos superávits a favor do lado brasileiro, de US$ 8,2 bilhões.

De janeiro a agosto deste ano, o superávit de US$ 7,462 bilhões com a China evitou um déficit acumulado ainda maior do que os US$ 3,764 bilhões registrados na balança comercial. Os EUA, por sua vez, estão entre os principais responsáveis pelo saldo negativo do Brasil. O comércio bilateral saiu de um superávit de US$ 2,807 bilhões nos oito primeiros meses de 2012 para um déficit de US$ 7,765 bilhões em 2013.

A última vez em que o Brasil registrou superávit com os EUA foi em 2008, no valor de US$ 2,8 bilhões. A partir de então, passaram a ser registrados déficits anuais consecutivos. No caso da China, se for levado em conta que, em 2008, havia um déficit de US$ 3,5 bilhões, de lá para cá houve um esforço superior a US$ 10 bilhões.

Compras de petróleo dos EUA diminuem

Segundo o presidente da Câmara de Comércio Brasil-EUA (Amcham), Gabriel Rico, nem o aumento da cotação do dólar em relação ao real, nem a ligeira recuperação da economia americana serão capazes de modificar esse panorama, causado, especialmente, pela redução das importações de petróleo do Brasil pelos EUA. A saída, disse Rico, é expandir as vendas de manufaturados para o mercado americano, cuja participação em relação ao total embarcado caiu de 70% em 2008 para 54% em 2013.

— Os EUA estão comprando menos petróleo do mundo todo. Aumenta a produção local de óleo e de gás de xisto. A saída é vender mais manufaturados. Não necessariamente produtos acabados, mas também componentes. Isso significa adicionar valor agregado à pauta de exportações para o mercado americano — disse Rico.

Ele afirmou que os segmentos com mais chances de expansão são o automobilístico, de autopeças, plásticos e químico. Para isso, o presidente da Amcham defende a eliminação de uma série de dificuldades, entre as quais a alta carga tributária.

No caso da China, os principais produtos vendidos pelo Brasil são commodities em geral, como minério de ferro, soja e açúcar. Para Danielly Silva Ramos, professora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, apesar dessa equação assimétrica — o Brasil exporta básicos e compra industrializados dos chineses — é importante levar em conta outros interesses. Ou seja, há outros fatores em jogo, como investimentos do país asiático em áreas como petróleo, energia e transportes.

— O comércio bilateral tem um padrão que se repete há bastante tempo e que pode ser ajustado. Mas é interessante o Brasil manter boas relações comerciais com a China, pois há outros aspectos em curso. Há negociação de financiamento chinês para exploração de petróleo, obras de infraestrutura e logística, além de pesquisa e transferência de tecnologia — enfatizou a acadêmica.

Brasil importou da China mais 11,2% no ano

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento mostram que, de janeiro a agosto, as exportações brasileiras para os EUA caíram 12,3%. O Brasil vendeu menos petróleo, motores, geradores, ferro fundido, autopeças, siderúrgicos, café e fumo ao mercado americano. Ao mesmo tempo, as importações de produtos dos EUA subiram 12,8% no período.

No ano, a China aumentou suas importações de produtos brasileiros em 10,4%, com destaque para minério de cobre, soja em grão, celulose, açúcar, mármores e minério de ferro. E vendeu para o Brasil 11,2% a mais no mesmo período.

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Indústria vai investir menos, mostra FGV

O Globo

A parcela de empresas brasileiras que pretende aumentar seus investimentos nos próximos doze meses atingiu o menor patamar em um ano, mostra a Sondagem de Investimentos da Indústria, da Fundação Getulio Vargas. Entre as empresas consultadas, 34% planejavam investir mais, uma queda significativa em relação aos 51% registrados no trimestre anterior. Já o percentual daquelas que previam reduzir investimentos subiu de 15% para 17%.

— Há uma desaceleração implícita nesses números, porque o investimento vinha ganhando força desde o fim do ano passado e perdeu vigor neste terceiro trimestre. É resultado da combinação de alta dos juros, endividamento das famílias, que limita a venda dos bens duráveis, aumento dos estoques, inflação, manifestações. Tudo colaborou para gerar incertezas e afetou o ímpeto dos empresários — disse Aloisio Campelo, economista do Ibre/FGV.

Campelo avalia, entretanto, que os números não são totalmente negativos e prevê que este ano os investimentos cresçam de 7% a 8%, depois de registrarem queda de 4% em 2012.

— O dado atual é que o percentual de empresas que vai aumentar o investimento ainda é maior do que a parcela que não vai — ponderou.

A Sondagem também apontou desaceleração no ritmo de investimentos realizados nos últimos doze meses. Enquanto 36% das indústrias informaram ter elevado os desembolsos neste período, na pesquisa anterior essa fatia era de 45%.

A FGV introduziu a pergunta sobre investimento em sua pesquisa há um ano e divulgou o resultado pela primeira vez ontem, agora que já tem uma série histórica de 12 meses.

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Fiesp diz que empresas cansaram de segurar emprego

O Estado de S. Paulo

Os dados do emprego na indústria paulista até agosto não são animadores, de acordo com a avaliação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Com uma queda de 0,3% no índice de emprego em relação a julho, com ajuste sazonal, o setor sinaliza que cansou de segurar os funcionários mesmo com uma demanda fraca.

A observação foi feita pelo diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, em nota.

“As empresas estão um pouco mais cansadas dessa espera e resolveram promover um ajuste que deve prosseguir. Houve aumento de estoques, o que significa frustração de vendas. Então, se há frustração, você resolve ajustar”, afirmou Francini.

O índice do nível atividade da indústria paulista, também apurado pela Fiesp, caiu 1,6% em julho ante junho.

Francini já alertou que uma alta neste ano ainda não será capaz de recuperar a queda que o setor sofreu no ano passado.

Na comparação com julho, a indústria paulista demitiu 14,5 mil funcionários e, em relação a agosto de 2012, a queda é ainda maior, de 39,5 mil.

O oitavo mês do ano, junto com setembro e outubro, costuma ser um período positivo para o emprego na indústria.

Sinalização

Com o resultado de 2013, a sinalização não é boa para o restante do ano. “Falamos em 10 mil a 15 mil empregos gerados em 2013 depois de uma perda de 54 mil em 2012.

Mas se tivesse de fazer alguma correção seria para pior do que foi antes anunciado”, afirmou.

A previsão era de alta de 0,4% na geração de emprego no setor, mas agora a Fiesp acredita que o número vai se aproximar da estabilidade.

Para o diretor do Depecon, a perspectiva de 0,4% no atual cenário “passa a ser otimista”.

De janeiro a agosto, a indústria paulista criou quase 40 mil empregos, mas a instituição ressalva que pelo menos 20 mil serão devolvidos até o fim do ano pelo setor sucroalcooleiro.

Ainda que o cenário seja mais favorável para a indústria no próximo ano, o emprego no setor deve demorar pelo menos seis meses para se recuperar, aponta a Fiesp.

A taxa de câmbio próxima a R$ 2,20, de acordo com Paulo Francini, é positiva para a indústria, mas só deve surtir maiores efeitos no ano que vem.

“A partir do momento que começar a crescer a atividade da indústria, esse crescimento demora seis meses para chegar ao emprego”, reforçou o diretor da Fiesp.

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Com ajuda do governo, o comércio faz a festa

Correio Braziliense

O governo rufou os tambores, tratou de capitalizar o quanto pôde na expectativa de afastar o pessimismo que ronda a economia, mas os analistas viram com ressalvas o surpreendente aumento de 1,9% nas vendas do varejo em julho, quando excluídos os ramos de veículos e de materiais de construção. Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado decorreu, sobretudo, dos estímulos dados pelo governo a compras de móveis e eletrodomésticos por meio do programa Minha Casa Melhor. Na comparação com julho de 2012, somente o faturamento da chamada linha branca (fogão, geladeira e máquina de lavar) deu um salto de 11%. Cada família inscrita no Minha Casa, Minha Vida tem direito a um crédito de até R$ 5 mil. Pelas contas do governo, em julho, foi liberado, pelo menos, R$ 1 bilhão ao comércio. Até o fim do ano, a expectativa é de disponibilizar R$ 2,4 bilhões.

As compras de móveis e eletrodomésticos são feitas por intermédio de financiamentos subsidiados pelo Tesouro Nacional. No total, esse programa já custou R$ 8 bilhões aos cofres públicos, dinheiro que foi destinado ao reforço de capital da Caixa Econômica Federal. Sem esses recursos, o banco estaria impedido de atender o pleito da presidente Dilma. Essa operação, no entanto, aumentou a desconfiança dos agentes econômicos quanto ao real compromisso do governo com o ajuste fiscal necessário para que o Banco Central não seja obrigado a pesar tanto a mão nas taxas de juros. Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, o programa também é inflacionário. Móveis e eletrodomésticos responderam por 22% da inflação de julho (0,24%).

Nos cálculos do IBGE, o crescimento de 1,9% das vendas do varejo restrito — quando incluídos automóveis e materiais de construção, o salto ficou em 0,6% — foi o maior desde janeiro de 2012. Ante o mesmo mês do ano passado, o incremento chegou a 6%. Diante desse resultado expressivo, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) elevou a estimativa de avanço para o setor de 2,8% para 4,2%. Mas o economista da entidade, Fábio Bentes, destacou que, ainda assim, será o pior desempenho desde 2003. No ano passado, o varejo apontou alta de 8,4%, expansão que foi minguando à medida em que a inflação subiu e corroeu o poder de compra das famílias.

Comemoração

As ressalvas, nem de longe, desanimaram o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Pelo contrário. Ele comemorou, sem economia, o resultado do varejo. Disse que o crescimento nas vendas comprova que há uma recuperação do consumo no país. No entender dele, a melhora no comércio foi possível graças à queda da inflação (em junho, o índice ficou em 0,03%), que se reverteu em aumento do poder de compra do consumidor. “O crédito também está melhorando um pouquinho, e isso se reflete nas vendas do varejo, que foram muito boas”, avaliou.

Entre os oitos ramos que compõem o grupo varejo restrito, somente o de combustíveis e lubrificantes caiu ante junho: 0,4%. Os destaques positivos ficaram com tecidos, vestuário e calçados, com incremento de 5,4%; artigos de uso pessoal e doméstico, com 3,9%; equipamentos e material para escritório, 3,5%; e móveis e eletrodomésticos, 2,6%. No varejo ampliado, o segmento de veículos e motos desabou 3,5%, já o de materiais de construção avançou 0,8%.

Na avaliação de Rostagno, os efeitos das vendas de julho sobre o Produto Interno Bruto (PIB) serão limitados, porque serão passageiros. Ele destacou ainda que, ao usar o Tesouro Nacional para estimular o consumo, o governo destruiu os argumentos do Banco Central de que, a partir de agora, as contas públicas terão impacto “neutro” sobre a inflação.

 

Para Fábio Bentes, da CNC, mesmo com a alta nas vendas, o ritmo de expansão diminuiu, principalmente porque a inflação em 12 meses continua alta, em 6%.

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