Rombo nas contas externas cresce em agosto e já supera o de todo o ano passado

Com isso, o rombo no ano já chega a US$ 58 bilhões, superando em 7% o deficit acumulado em todo o ano passado, de US$ 54,2 bilhões.

O montante verificado em agosto é superior ao esperado pela autoridade monetária, que havia previsto deficit de US$ 5,0 bilhões para o mês.

Esse valor corresponde ao chamado saldo das transações correntes do país. A conta reflete as operações comerciais e financeiras do Brasil com outros países, incluindo importação e exportação de bens, gastos e receitas com viagens internacionais, remessas de dividendos de empresas, ganhos e pagamentos de juros.

A previsão do BC para o ano é que o deficit chegue a US$ 75 bilhões, um salto de quase 40% frente ao registrado em 2012.

Apenas parte dessa diferença, deve ser “coberta” pela entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED), que indicam aportes produtivos no país. A expectativa da autoridade monetária é que essa conta alcance US$ 60 bilhões em 2013, abaixo portando do ano passado, quando registrou US$ 65 bilhões. A projeção foi revisada para baixo pelo BC este mês.

Em agosto, houve ingresso de US$ 3,8 bilhões em IED, redução de 25% frente ao ano passado. Apesar da queda, o resultado foi levemente acima do esperado pela autoridade monetária, cuja previsão era de US$ 3,5 bilhões para o mês. No acumulado do ano, a conta chega a US$ 39 bilhões.

Principais fatores

O resultado negativo das contas externas no ano pode ser explicado em grande parte pelo baixo desempenho da balança comercial, que mede a diferença entre as importações e exportações do país.

Entre janeiro e agosto deste ano, a balança apresentou deficit de US$ 3,8 bilhões contra superavit de US$ 13,1 bilhões registrado no mesmo período de 2012.

O BC estima agora que haverá saldo positivo no fim do ano de US$ 2 bilhões, frente a estimativa anterior de US$ 7 bilhões. A previsão, porém, ainda encontra divergência no mercado. A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) projeta deficit de US$ 2 bilhões para 2013.

O rombo nas contas externas foi impactado ainda pela conta de serviços, que contabiliza, por exemplo, as despesas dos brasileiros no exterior. Ela apresentou em agosto deficit de US$ 4,2 bilhões, 41,6% acima do verificado no mesmo mês de 2012.

Dívida externa

No mês passado, a dívida externa brasileira chegou a US$ 311,5 bilhões, redução de US$ 6,6 bilhões frente a julho deste ano.

O estoque líquido de reservas internacionais do país teve decréscimo de US$ 854 milhões em agosto em relação ao mês anterior, chegando a US$ 372,8 bilhões.

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Mercado de aviação encolhe no Brasil

O Estado de S. Paulo

Depois de anos de expansão, o mercado doméstico de passageiros no Brasil sofre uma contração e, junto com o freio em outras economias emergentes, acaba contribuindo para afetar o setor aéreo mundial. Dados divulgados ontem pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) apontam que, no primeiro semestre, o número de passageiros domésticos no Brasil caiu 0,6%.

A entidade reduziu suas projeções de lucros e de renda para 2013, apontando para ganhos de US$ 11,7 bilhões – US$ 1 bilhão a menos que as projeções iniciais. O custo elevado do petróleo, por conta da crise na Síria, e resultados decepcionantes em alguns países emergentes, entre eles o Brasil, seriam as causas dessa revisão. “Os mercados emergentes sofreram uma desaceleração”, admitiu Tony Tyler, presidente da Iata.

A realidade brasileira contrasta com a média da expansão mundial. Segundo ele, o número de passageiros no mundo deve crescer em 5% em 2013, abaixo dos 5,3% de 2012. Mas, pela primeira vez, o número de passageiros vai superar a marca de 3 bilhões de pessoas.

Brasil

Diante do fraco desempenho do Brasil, a Iata estima que toda a média latino-americana para o ano acabará comprometida. Em 2013, as projeções apontam que o setor aéreo na região terá lucros de US$ 600 milhões, um dos mais baixos do mundo, repetindo os resultados de 2012. Só em 2014 é que o setor teria um salto nos lucros, passando a US $ 1,1 bilhão.

“Mas uma melhoria mais ampla está sendo impedida por vários fatores, entre eles a fragilidade econômica do Brasil”, apontou a Iata. “A fraqueza econômica no Brasil está sendo compensada por melhorias de desempenho como resultado de restruturações e disciplina na capacidade”, disse a Iata.

Segundo a entidade, as rotas entre a América do Sul e os EUA continuam a se expandir. Mas as rotas ligando outras regiões emergentes seriam mais vulneráveis e dependem ainda dos ciclos de crescimento dessas regiões. Ainda assim, a demanda deverá crescer em toda a região em cerca de 6%.

Ásia

Na Ásia, a desaceleração da Índia é o que mais impacta no setor aéreo regional. O segmento ainda terá lucros de US$ 3,1 bilhões. Mas US$ 1,5 bilhão abaixo das taxas de 2012. Já na China, o primeiro semestre mostrou uma expansão de 12% no mercado doméstico. Mas distante do crescimento de mais de 20% dos últimos anos. Na Rússia, outro país do Bric, a expansão no primeiro semestre foi de 10%.

A desaceleração de alguns dos emergentes ocorre no momento em que tanto o mercado americano quanto o europeu dão sinais de estabilização. “O crescimento de mercados emergentes como Índia, Brasil e, de certa forma, a China, foi mais lento do que se antecipava”, disse Tyler. “Mas isso foi de uma certa forma equilibrado por melhorias na economia dos EUA e pela estabilização da Europa.”

Na América do Norte, os lucros no setor serão de US$ 4,9 bilhões em 2013, com alta de 2% na demanda de passageiros. Para 2014, as projeções são de lucros de US$ 6,3 bilhões – um recorde para o setor. Na Europa, os lucros devem chegar a US$ 1,7 bilhão, quatro vezes mais do que em 2012. Para 2014, o valor deve dobrar.

Para a Iata, o bom resultado dos países ricos em 2014 deve permitir que o setor atinja lucros de US $ 16,4 bilhões no próximo ano, que também seria o maior da história.

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Gasto com viagens soma US$ 2,2 bilhões em agosto, valor recorde para o mês, diz BC

O Globo

O dólar alto não conseguiu impedir que os brasileiros viajassem ao exterior, e em agosto o gasto com viagens lá fora somou US$ 2,2 bilhões, valor recorde para o mês. O dado foi divulgado pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira. No ano, as despesas com viagens somam US$ 16,8 bilhões, valor também recorde para o período.

A saída de recursos do país com os turistas ajudou a trazer o déficit em transações correntes recorde no mês passado (indicador que representa tudo o que o país vende e compra do exterior) de US$ 5,505 bilhões, maior valor já registrado para meses de agosto. O resultado contribuiu para um saldo negativo acumulado nos oito primeiros meses de 2013 de US$ 57,9 bilhões – maior valor já alcançado nos primeiros oito meses do ano, superando o total contabilizado em todo o ano de 2012, de US$ 54,2 bilhões.

O chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse que o resultado ruim em transações correntes se deve, principalmente, ao comportamento da balança comercial brasileira, que agora começa a apresentar uma melhora.

Nos últimos doze meses, as contas externas estão deficitárias em US$ 80,6 bilhões, o correspondente a 3,60% do Produto Interno Bruto (PIB). Tulio Maciel disse que as contas externas evoluíram “dentro de um quadro esperado”. Destacou que, embora o déficit nos últimos doze meses nas transações correntes tenha atingido US$ 80,6 bilhões, ainda assim a maior parte dele, em torno de 85%, podem ser financiados pelos investimentos estrangeiros diretos (IED), que estimados em US$ 60 bilhões para 2013.

— Parte do déficit que pode ser financiada pelo IED é muito significativa —afirmou Maciel.

Em agosto, o total apurado de IED somou US$ 3,775 bilhões, ante US$ 5,035 bilhões no mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, entraram no país US$ 39,014 bilhões, enquanto que nos oito primeiros meses de 2012 o total apurado foi de US$ 43,204 bilhões.

BC reduz de US$ 7 bilhões para US$ 2 bilhões projeção de superávit comercial

Mesmo com a piora nos números do balanço de pagamentos do Brasil com o mundo, o Banco Central manteve a projeção de déficit para este ano em US$ 75 bilhões de déficit. No entanto, a autoridade monetária reduziu de US$ 65 bilhões para US$ 60 bilhões sua estimativa de ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil.

Por outro lado, o Banco Central, que até dois meses atrás esperava um superávit comercial de US$ 7 bilhões em 2013, agora projeta um saldo de US$ 2 bilhões. Isso significa uma queda de US$ 5 bilhões em divisas.

Para setembro, Maciel informou que a projeção do BC para as contas externas é de um déficit de US$ 1,3 bilhões. Acrescentou que a estimativa de investimentos diretos é de US$ 4,8 bilhões.

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‘Pausa’ no aquecimento global gera polêmica no painel do clima

BBC Brasil

Reunido em Estocolmo, na Suécia, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgará na sexta-feira um relatório crucial, mas permeado de polêmicas, sobre o aquecimento global.

Por um lado, há um relativo consenso sobre o impacto da atividade humana no aumento das temperaturas. Pelo rascunho do relatório que será publicado, ao qual a BBC teve acesso, o nível de certeza científica sobre isso aumentou.

Segundo o painel, há hoje 95% de certeza de que “a influência humana no clima é responsável por mais da metade dos aumentos médios de temperatura observados entre 1951 e 2010”.

No entanto, a polêmica se intensifica quando a discussão gira em torno da desaceleração do aquecimento, que vem ocorrendo desde 1998, com muitos demandando mais explicações sobre o fenômeno.

Desde 2007, há um crescente foco no fato de que as temperaturas médias globais não terem subido acima do recorde histórico, em 1998. No rascunho, o painel concorda que “a taxa de aquecimento nos últimos 15 anos é mais baixa do que as tendências anteriores.”

‘Hiato’

Essa desaceleração, ou hiato como o IPCC classifica, tem sido usada pelos chamados céticos do clima como argumento para dizer que está errada a crença científica de que a emissão de gás carbônico na atmosfera aumenta a temperatura do planeta. Para eles, essa conclusão sobre o impacto negativo das emissões de gás carbônico é exagerada.

No entanto, a polêmica se dá porque a maioria dos cientistas concorda que o aquecimento tem se mantido linear nesse período, mas justamente porque a maior parte do calor teria ido para o oceano.

Sendo assim, a superfície terrestre estaria, sim, enfrentando uma pausa no aquecimento, mas porque a energia presa pelos gases do efeito estufa estaria ficando enterrada debaixo da superfície do oceano, “transferindo” o aumento de temperaturas.

Mas as tensões se agravam porque os cientistas estão longe de um consenso sobre os mecanismos envolvidos nesse processo.

Peça central

Justamente por isso, nessa semana, a chamada pausa deve estar no centro do debate desta semana no painel.

“Alguns governos estão pedindo explicações mais claras sobre esse fator”, disse à BBC o professor Arthur Peterson, cientista-chefe da delegação holandesa no IPCC. “Acredito que esse será uma peça central no relatório.”

É provável que haja negociações acirradas no decorrer da semana, já que qualquer mudança – como as sugeridas pelos governos – tem de ser aprovada pelos cientistas.

“Eu não diria que há relutância entre os autores para qualificar esse tema como pausa, mas eles querem fazer isso de uma maneira apropriada”, diz Petersen.

“Vai haver pontos de tensão entre o quanto se pode concluir a partir de publicações ciêntíficas e o que o governo gostaria de ter.”

‘Ilegível’

Pesquisadores de todo mundo estão trabalhando no IPCC para analisar estudos e produzir um documento que represente o estado atual do aquecimento global.

Na sexta-feira, o que será divulgado é a primeira parte desse amplo relatório, que focará na ciência por trás das mudanças de temperatura na atmosfera, nos oceanos e nos polos.

Novas estimativas serão fornecidas sobre a escala do aquecimento global e seu impacto justamente nos níveis do mar e nas camadas de gelo.

Diante disso, há uma sensação de que essse relatório vai ser ainda mais complicado e cauteloso que o de 2007.

“A linguagem ficou mais complicada de entender, mas também mais precisa. É algo grandioso conseguir produzir um documento desses que compreenda uma avaliação tão adequada da ciência”, diz Petersen. “Isso posto, ele se torna virtualmente ilegível.”

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Governo reduz exigências e adia leilão de aeroporto

O Estado de S. Paulo

Após o fracasso da oferta ao mercado da concessão da BR-262 e da ausência de grandes petroleiras no primeiro campo a ser licitado no pré-sal, o governo reduziu as exigências para o leilão do aeroporto de Confins (MG), o que aumenta o leque de possíveis concorrentes. O leilão, porém, foi adiado de 31 de outubro para 22 de novembro.

O governo prepara uma Medida Provisória para dar base legal à.s concessões ferroviárias. Mais de um ano depois do lançamento do programa, que é visto com ressalvas pelo setor privado, foi reconhecido que falta uma lei para dar mais segurança aos empreendimentos (leia mais à pág. B3).

No caso de Confins, a principal mudança é a permissão para concorrer à concessão operadores internacionais de aeroportos que tenham movimentação de no mínimo 20 milhões de passageiros por ano. Até então, a exigência era de 35 milhões – cifra que foi mantida para o aeroporto do Galeão (RJ), que vai a leilão na mesma data.

O governo estabeleceu essa exigência para evitar a repetição do que ocorreu nos leilões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília. Venceram operadores da Argentina e da África do Sul, o que causou descontentamento no governo pela suposta falta de experiência.

Ao permitir a entrada de novos candidatos, o governo adiou o leilão para dar tempo para a formação de consórcios.

O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, negou que a mudança tenha sido motivada pelo resultado ruim do leilão de rodovias. Insistiu que foi uma alteração puramente técnica.

O Tribunal de Contas da União (TCU) questionou a base para a fixação do mínimo de 35 milhões de passageiros como requisito para a operadora internacional. A avaliação era que a regra limitava a concorrência.

“Normalmente, no mundo, adota-se um critério de se exigir uma experiência de 2,2 vezes o número de passageiros que os aeroportos têm atualmente, e isso daria 38 milhões no caso do Galeão e 22,4 milhões no caso de Confins”, explicou Franco. “Resolvemos arredondar.”

Ele esteve ontem no TCU com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e se reuniram com o presidente da corte, Augusto Nardes. “Dá uma abertura maior”, disse Nardes. A expectativa é que o TCU aprove a modelagem do leilão no dia 3 de outubro.

Fundos

Há, porém, um ponto ainda em discussão: a participação dos vencedores da rodada anterior de concessão nos aeroportos. Originalmente, o governo queria barrá-los. Depois, passou a admitir uma participação de até 15% na parte privada do consórcio que administrará o aeroporto – que será de 51%, já que a Infraero ficará com 49%. A mudança visou principalmente a participação dos fundos de pensão. “Essas duas hipóteses foram colocadas para avaliação do tribunal: a de não ter participação e a de ter até 15% dos 51%”, disse Franco.

 

Essa é a segunda alteração no edital dos dois aeroportos por sugestão do TCU. Em agosto, o valor mínimo da outorga de Confins caiu de R$ 1,56 bilhão para R$ 994 milhões e o valor dos investimentos obrigatórios subiu de R$ 3,2 bilhões para R$ 3,6 bilhões. Para o Galeão, a outorga subiu de R$ 4,65 bilhões para R$ 4,73 bilhões e os investimentos aumentaram de R$ 5 bilhões para R$ 5,8 bilhões.

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