Agronegócio puxa crescimento do PIB

 

Na safra 2014, que começa a ser plantada este mês, o Brasil poderá ser o maior produtor e exportador mundial de soja, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Projetava-se essa mudança, de o Brasil superar os EUA, ainda em 2013, mas isso não ocorreu.

A produção brasileira esperada de 88 milhões de toneladas de soja para 2014 deve superar a safra dos EUA, de 85,7 milhões de toneladas, que está em fase final e foi afetada pela seca.

Do crescimento de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo mercado para este ano, segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC) mais recente, um pouco mais de um ponto porcentual virá da agroindústria, calcula o diretor de pesquisa da consultoria GO Associados, Fabio Silveira.

Nas suas projeções, ele considerou o PIB do agronegócio de 2012 em R$ 989 bilhões e a estimativa de crescimento para o setor de 5% para este ano, ambos os dados da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). Se as estimativas de crescimento se confirmarem, o PIB do agronegócio deve somar R$ 1,038 trilhão em 2013, 23% de toda a riqueza no País.

A cifra inclui os segmentos antes e depois da porteira”, ressalta Adriana Ferreira Silva, economista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que calcula o PIB do agronegócio para a CNA. Isso significa que a cadeia da agroindústria considera não só os produtos primários da agricultura e da pecuária, mas também toda a riqueza criada no processamento e na distribuição, além do desempenho da indústria de insumos.

O agronegócio está puxando não só a indústria de alimentos, mas também a de bens de capital. Na minha avaliação, o agronegócio pode neste ano tracionar a economia mais do que o varejo”, diz o economista da Associação Comercial de São Paulo, Emílio Alfieri, que acompanha de perto o consumo. Enquanto a indústria patina.  A produtividade da soja no Mato Grosso é de 3,1 quilos por hectare, enquanto nos EUA é Inferior a 3 quilos. A vantagem é anulada pelo alto custo de logística.

O varejo desacelera, as evidências da força do agronegócio para tracionar outros setores da economiajá aparecem nas vendas de insumos. “Se não houver nenhum imprevisto até dezembro, as vendas de tratores de rodas neste ano serão recordes”, afirma o diretor de Vendas da Agrale, Flávio Crosa.

Surpresa

Ele conta que 2012 já tinha sido um ano bom para a agricultura e foram vendidos no mercado 56 mil tratores de rodas, que são para o agronegócio. Para este ano, a estimativa inicial era vender 54 mil máquinas. Mas até agosto foram comercializados 44,9 mil unidades, segundo a Anfavea. A perspectiva agora é que o ano feche com 60 mil tratores comercializados. “Não imaginávamos que uma demanda tão forte assim.”

Além da capitalização dos” produtores, Crosa cita a manutenção até dezembro do Programa BNDES de Sustentação do Investiment (PSI) como fator de impulso às vendas.

A história se repete no fertilizante. Em 2012, foram vendidas 29,5 milhões de toneladas. Consultorias projetam para este ano 30,5 milhões de toneladas. Até agosto alta foi de 5,5%. “Teremos mais um recorde”, prevê o diretor da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), David Roquetti Filho.

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Planos de saúde – ANS avalia 89. Só nove satisfazem

Correio Braziliense

Em meio à batalha judicial iniciada pelos grandes planos de saúde para reverter as punições que suspendem a venda de convênios no país, o presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), André Longo, diz que o órgão brigará na Justiça, sem trégua, para manter o atual método de cálculo e avaliação das infrações. A intenção é prosseguir com a suspensão da venda de 212 planos de 21 operadoras, que não conseguiram atender seus consumidores dentro de prazos estabelecidos pela legislação e acumulam reclamações como a negativa de cobertura. A medida está sub judice, o que prejudica os consumidores, que continuam comprando planos de péssima qualidade e, pior, pagando caro. “Podemos e devemos reverter esse processo na Justiça”, sustenta o executivo.

Para ele, processos para melhorar a qualidade dos convênios estão sendo intensificados. Nos próximos dias, a ANS divulgará o resultado de projeto piloto que mede a satisfação dos consumidores com seus convênios médicos. O levantamento revela que, das 89 operadoras que participaram do processo, apenas nove conseguiram ficar na faixa de maior satisfação do consumidor. Ou seja, apenas 10% entregam plenamente o que prometem. A agência também divulgará um mapeamento sobre a oferta de planos individuais e familiares no mercado nacional, já que esse segmento — ao contrário dos contratos coletivos — tem preços controlados e vem sendo alvo de desinteresse das empresas que estão deixando de comercializar o produto. O caso mais recente de saída desse mercado foi a Golden Cross, que repassou todos os cliente individuais para a Unimed-Rio. A intenção é mostrar que a oferta está firme. “Não há desabastecimento”, defende Longo. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Operadoras de grande porte, entre elas, a Amil e a Sul América, recorreram à Justiça pedindo a revisão do modelo de cálculo utilizado pela ANS para suspender a venda de planos de saúde. A agência pretende mudar essa fórmula?

Não. Podemos e devemos reverter esse processo na Justiça. É preciso dizer que esse é um modelo que aposta no protagonismo do consumidor. É o usuário que informa à agência quando as regras não são cumpridas, tanto os prazos para atendimento quanto a negativa de cobertura. Esse modelo foi discutido com o setor antes de entrar em vigor. O que ocorre é que ele criou uma dificuldade para as operadoras, mas é um monitoramento muito importante para garantir que o consumidor tenha o que contratou. A judicialização desse processo nos preocupa, porque pode gerar uma instabilidade, afetando a mediação de conflitos que hoje atingem quatro a cada cinco demandas que chegam à agência. O monitoramento é para todos, pequenos e grandes, mas colocou duas grandes operadoras em evidência. Todos precisam ampliar seus esforços para atender a demanda de seus clientes. A suspensão atinge aqueles que são reincidentes na falha.

Qual o ponto de maior conflito no modelo de cálculo?

As operadoras têm prazo para responder e enviar documentos à agência. Mas, muitas vezes, as respostas são imprecisas, sem clareza. As empresas alegam que, mesmo com essas falhas, as reclamações não poderiam ser computadas no índice da ANS. Esse é um dos pontos que estão sendo discutidos judicialmente. É importante deixar claro que isso é muito ruim, pois deve haver um estímulo para que as respostas ocorram de forma adequada.

A ANS realizou projeto piloto para medir a satisfação do brasileiro com a sua operadora. Quais foram as respostas desse programa?

Vamos anunciar esses resultados com detalhes nos próximos dias. Participaram do monitoramento piloto 89 operadoras, que representam mais de 17 milhões de usuários. Foram realizadas mais de 60 mil entrevistas. Nove empresas estão no maior patamar, de muita satisfação do consumidor, as outras ficaram na faixa da satisfação.

No passado, a ANS já considerou autorizar índices de reajustes maiores ou menores, de acordo com a qualidade do serviço prestado pela operadora. Essa proposta ainda permanece?

Estamos investindo para acelerar os processo de qualidade, para depois pensarmos em colocar os resultados para influenciar os preços dos planos. Hoje, o consumidor já pode avaliar a qualidade da operadora para exercer a portabilidade (levar o convênio para outra empresa). O índice de reclamações é um bom indicador para medir essa satisfação do usuário. No último índice, de agosto, por exemplo, entre as operadoras mais reclamadas, 12 estão com medida cautelar e sete operadoras de grande porte estão suspensas.

Em qual medida o rol de novos procedimentos que entra em vigor em 2014, incluindo coberturas como medicamentos para câncer, vai repercutir no índice de reajuste dos planos de saúde?

Vamos avaliar essas repercussões ao longo do ano de 2014, para compor o índice de aumento de 2015. O último rol teve um impacto próximo a 1%. O maior efeito virá da inclusão de medicamentos para o câncer, mas, em muitos casos, o que ocorrerá é a substituição de drogas venosas pelo medicamento oral, além da redução dos gastos com internações. Operadoras que já trabalham com os medicamentos estimam os gastos em reais por usuário/ano. O impacto não deve ser muito maior que o do último rol.

Qual o futuro dos planos individuais?

Especialistas apontam que, após 2020, as mensalidades terão os preços insuportáveis para o consumidor, e a longevidade do brasileiro vai pesar nos custos da carteira.

O que preocupa o setor é a sustentabilidade, o alto custo da tecnologia e o pacto intergeracional. Em 2030, a população brasileira com mais de 60 anos vai duplicar e, em 2050, triplicar. No ano de 2023, triplicará, também, a população com mais de 80 anos. Nessa faixa etária, reduz-se a capacidade de pagamento do consumidor. Nesse caso, o que precisamos fazer é reforçar o modelo de assistência e de prevenção. Estamos aguardando que a Susep (Superintendência de Seguros Privados) autorize a oferta de um produto (VGBL) aos usuários de planos de saúde. Uma espécie de poupança que serviria para arcar com as mensalidades após os 60 anos. O que ainda está em estudo é o grau de isenção fiscal desse produto, que poderá ser portado pelo consumidor quando ele mudar de operadora.

Muitas operadoras já deixaram de comercializar planos individuais, que têm reajustes controlados pela ANS, priorizando os planos coletivos, com maior liberdade para aumento de preços. Já existe desabastecimento no mercado de planos individuais?

Não há desabastecimento. A ANS realizou um estudo sobre a oferta de planos individuais em todo o país e vai divulgá-lo em breve. O levantamento aponta para um equilíbrio. Nos últimos cinco anos, a população cresceu na ordem de 5,4% e os planos individuais, 9,3%. Cooperativas médicas ainda investem fortemente nesse produto. Quem deixou de comercializá-lo, em parte, foram algumas seguradoras, que têm um foco mais econômico (olham mais para os sinistros, ou total de uso dos convênios) e menos assistencial.

Liberou geral

A guerra de liminares entre as operadoras de plano de saúde e a Agência Nacional de Saúde (ANS) se arrasta há quase um mês. A reguladora havia suspendido a comercialização de 212 convênios no fim de agosto. Mas, após o comunicado oficial, as operadoras que estavam na lista de más prestadoras de serviços entraram com recurso judicial para impedir a decisão. Como ainda não conseguiu convencer a Justiça de que está protegendo o consumidor, a ANS liberou todos os convênios com problemas, inclusive os que haviam sido suspensos anteriormente, a voltarem ao mercado. No país, 48,6 milhões de pessoas têm planos de assistência médica.

Sem controle

O caso mais recente de desistência em operar com planos de saúde individuais, cujos reajustes são controlados pela Agência Nacional de Saúde (ANS), é o da Golden Cross. A empresa repassou a sua carteira de clientes para a Unimed-Rio. As companhias justificam que esse modelo de convênio têm custos mais elevados em relação aos coletivos, que podem elevar os preços sem controle. A carteira da Golden, com 60 mil clientes, será incorporada pela Unimed-Rio a partir de 1º de outubro. A operação incluiu beneficiários de todo o país.

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Obama escolhe novo presidente do Fed sob pressão

O Estado de S. Paulo

Indeciso entre einco economistas “moderados”, o presidente dos Estados Unidos, Ba-rack Obama, não poderá tardar o anúncio de seu favorit o para a substituição de Ben Bernanke no comando do Federal Reserve (Fed, banco central americano) a partir de i° de fevereiro de 2014.0 prazo de quatro meses já é considerado curto demais em Washington.

O processo de escolha tende a ser contaminado pelo embate entre a Casa Branca e a oposição republicana sobre a elevação do teto do endividamento público e a definição do orçamento para o ano fiscal de 2014.

Todos os nomes da lista de Obama parecem dispostos a escolher com extremo cuidado o momento de iniciar a eliminação lenta e gradual do mecanismo de relaxamento quantitativo (QE3), em curso desde outubro de 2012, Com os juros básicos entre zero e 0,25% desde dezembro de 2008, o QE3 foi o instrumento do Fed para impulsionar a atividade do país. Não chegou a ser totalmente eficaz. Em sua terceira rodada, vem injetando US$ 85 bilhões mensais na economia, por meio da aquisição do Fed de US$ 40 bilhões em títulos do Tesouro e do restante em papéis atrelados à dívida hipotecária. Sem esse movimento, difícil imaginar a melhora observada neste ano.

O início da delicada eliminação do QE3 pode surgir ainda na era Bernanke. Três reuniões do Comitê de Mercado Aberto e Livre (Fome), o colegiado que tomará a decisão, se darão até o fmal de janeiro. Mas o sinal verde dependerá tanto dos indicadores econômicos no momento do encontro e das projeções do Fed para os dois anos seguintes – em especial, da taxa de desemprego-como das decisões a serem tomadas pelo Congresso ate meados de outubro. Um corte severo nos gastos públicos em 2014 pode significar recuo na atividade e até recessão. A  resposta negativa do Capitólio ao aumento do teto da dívida pública forçaria o governo a suspender os pagamentos de fornecedores e funcionários.

Janet Yellen, vice-presidente do Fed, destacou-se entre os cinco nomes depois da exclusão de Lawrence Sum-mers, ex-conselheiro econômico de Obama e ex-secretário do Tesouro de Bill Clinton. Sum-mers foi boicotado pela maioria dos 55 senadores democratas por sua defesa da regulação frouxa do setor financeiro durante o governo de Clinton, seguida com mais desenvoltura pela gestão de George W. Bush.

Yellen recebeu o respaldo de 20 desses parlamentares e, na semana passada, foi alvo de conversas telefônicas de Obama a expoentes de sua base no Senado. Mas, até ontem, não fora aclamada pela Casa Branca.

Em julho, ao mencionar suas possíveis escolhas, Obama destacara também Donald Kohn, um funcionário com 40 anos de carreira no Fed que se aposentou em 2010, quando atuava na vice-presidência da instituição.

Obama não pronunciou nenhum outro nome. Mas Timothy Geithner, secretário do Tesouro no seu primeiro mandato, é tido em Washington como a escolha dos sonhos do presidente americano. Geithner, entretanto, esquiva-se de uma nova posição na capital americana depois de ter passado o dobro do tempo pretendido no Tesouro e poderia causar resistência na base democrata no Senado, por ter sido presidente do Fed de Nova York no período de maior exposição dos bancos aos títulos podres, lastreados na dívida hipotecária.

Roger Ferguson, se escolhido, seria o primeiro negro a ocupar a presidência do Fed, assim como Yellen seria a primeira mulher. Também como Yellen, ele ocupou a vice-presidência e é considerado um grande tomador de decisões.

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Brasil depende da criptografia alheia

O Estado de S. Paulo

O escândalo da espionagem realizada no Brasil peia Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) colocou em evidência a falta de proteção e sigilo de dados no País, Em meio às denúncias, que resultaram no cancelamento da visita de Estado da presidente Dilma Rousseff aos EUA? Julian Assange do WikiLeaks, sugeriu ao governo brasileiro adotar criptografia com tecnologia nacional como proteção.

A criptografia é um recurso antigo e presente em quase todas as operações virtuais que exigem proteção de dados, como a realização de uma compra pela internet, por exemplo, para garantir o sigilo do número do cartão de crédito. O recurso embaralha as mensagens para tomá-las ininteligíveis e evitar o acesso ao conteúdo por outra pessoa que não o destinatário.

Muito utilizada em tempos de guerra, a criptografia por vezes é associada a atividades clandestinas. Para governo e empresas, é um recurso fundamental anti-espionagem. Em alguns países, seu uso é restrito e só pode ser desenvolvida se o governo tiver meios de quebrá-la. No Brasil, não há qualquer determinação a respeito do assunto. “Como é algo incomum, os poucos que usam viram alvo de atenção”, diz Demi Getschko, do Comitê Gestor da Internet (CGI.br).

A recomendação de desenvolver a tecnologia nacionalmente tem motivo. Documentos vazados pelo ex-funcionário da NSA Edward Snowden mostram que a criptografia fornecida por empresas privadas norte-americanas é propositalmente falha e têm as chamadas “portas dos fundos”, para que a NSA possa driblar seus códigos e acessar os dados, “Não adianta colocar cadeado se todo mundo tiver a chave”, diz o ativista do movimento Software Livre, Ana-huac de Paula Gil.

Atualmente, não existem empresas brasileiras de grande porte que desenvolvam criptografia. Esta tarefe fica. a cargo de pequenas empresas que trabalham com software livre e criam sistemas customizados, mas nem sempre conseguem atender à demanda do mercado. Graça Foster, presidente da Petrobrás, companhia que foi alvo de espionagem dos EUA, declarou que a criptografia usada na estatal é de empresas americanas porque não existem companhias brasileiras que prestam esse tipo de serviço.

“Se houver demanda de criptografia para o País, seria necessário um esforço nacional para investir em uma melhor estratégia de formação e atração de programadores, já que os melhores profissionais normalmente são contratados pelas empresas estrangeiras e não temos mão de obra capacitada o suficiente”, diz Marcelo Marques, cofundador da Linux, desenvolvedora de sistemas de código aberto.

Para ele, o governo poderia se proteger estimulando o mercado de sistemas auditáveis, com código aberto que, ao contrário de sistemas prontos, como o Windows, por exemplo, permite a análise do código-fonte para checagem de possíveis irregularidades e a prevenção contra espionagem.

E-mail

Até agora, o governo respondeu ao escândalo com ações como apressar a votação do Marco Civil da Internet (veja abaixo) e anunciar para o ano que vem o lançamento de um serviço de e-mail criptografado dos Correios, o Mensageria Digital “O serviço prevê alto grau de segurança quando remetente e destinatário usarem a solução, Quando apenas um deles usar, os benefícios serão a garantia da entrega e a informação da hora em que a mensagem foi lida”, diz o vice-presidente de Tecnologia e Infraestrutura dos Correios, Antonio Luiz Fuschino.

criptografado, o serviço terá pouco impacto e só seria útil para o próprio governo. “A proteção só funciona se for entre usuários do mesmo sistema, tantas pessoas você conhece dispostas a fechar suas contas em provedores famosos?”, questiona Paula Gih “Não adianta ter um serviço criptografado se a primeira mensagem enviada for para o Gmail” Pioneiro no mercado de e-mail brasileiro, Aleksandar Mandic, fundador da Mandic, diz que a criptografia nunca foi um serviço “muito comercial”, mas que o governo poderia estimular a iniciativa privada a desenvolver soluções. “O que todo esse escândalo revela é que os Estados Unidos estão catalogando de onde um e-mail sai e para onde e le vai, um rastro que permanece mesmo quando a mensagem é criptografada”, diz, Ele já planeja desenvolver

um protocolo de e-mail próprio, alternativo aos comumente usados smtp e imap, para tentar proteger os rastros que a criptografia não esconde.

O especialista em segurança digital da Alvarez & Marsal, Wiliiam Beer, diz que outros cuidados devem ser associados ao investimento em tecnologia. “A criptografia é importante, mas não pode ser considerada a resposta definitiva, porque hoje usamos diversas plataformas diferentes”, diz. “Quando se fala de cibersegurança, se fala também de treinamento de pessoas e processos.”

Comparado ao americano, o orçamento brasileiro em cibersegurança é escasso. Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército, o orçamento deste ano destinou R$ 90 milhões para defesa cibernética no Brasil, dos quais R$ 61 milhões foram autorizados a sei em gastos. Já as agências de espionagem americanas tiveram um orçamento de US$ 52,6 bilhões para 2013.

Falhas estratégicas em processos também ficam claras. Apesar de a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ter um avançado centro de desenvolvimento de equipamentos criptográficos e de a discussão sobre sistemas auditáveis com tecnologia nacional pela administração pública ser antiga, porta-vozes do governo assumiram que a presidente e ministros utilizam sistemas fechados, como Windows, da Microsoft, que teria colaborado com a NSA, e-mails de empresas estrangeiras, como o Gmail, do Google, e telefones sem proteção contra grampos, apesar de haver alternativas mais seguras, Procurados pelo Link, a Abin e o Ministério das Comunicações não quiseram dar entrevista.

Para o usuário final, o cenário é mais complexo e exige a decisão de abrir mão do uso de produtos e serviços populares para garantir a total privacidade. Paula Gil propõe o uso das chamadas redes federadas (que são descentralizadas e, portanto, de difícil monitoramento) como a rede social Diaspora, e a compra de domínios próprios para a criação de um endereço de e-mail.

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Terceiro mandato com aprovação histórica

O Globo

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, foi reeleita ontem para um terceiro mandato com o melhor resultado para a União Democrata/União Social Cristã (CDU/CSU) desde a reunificação do país, há mais de vinte anos.

A dobradinha conquistou 41,5% dos votos, ou 297 mandatos parlamentares. Mas o seu governo foi parcialmente derrotado com o desastre do Partido Democrata Livre (FDP), os liberais aliados de Merkel que, com 4,8%, não serão mais representados no Parlamento pela primeira vez desde 1949, ano de formação do primeiro governo da Alemanha depois da Segunda Guerra.

A ausência não dá a maioria de 310 mandatos para que a chanceler possa governar sem outras alianças. — Hoje temos motivo para comemorar — disse Angela Merkel ao falar para os seus eleitores na sede do partido, por vezes interrompida pelos gritos de “Angie!” no estilo que marcou a campanha eleitoral mais personificada da Alemanha das últimas décadas.

O candidato derrotado Peer Steinbrück, do Partido Social Democrata (SPD), descartou a possibilidade de formar um governo de aliança com os Verdes e com o partido A Esquerda, que quer a Alemanha fora da Otan até 2017 Juntos, os três partidos têm mais mandatos do que a aliança de Merkel.

No debate na TV entre os candidatos dos partidos eleitos para o Parlamento, Merkel atribuiu sua vitória ao clima de satisfação que existe na Alemanha. — As pessoas viajam de férias para outros países e quando voltam sabem como está boa a situação na Alemanha — disse, admitindo pela primeira vez nos últimos meses que a crise do euro continua grave: a Grécia pode precisar de um terceiro pacote de ajuda e a situação da Eslovênia não anda boa.

Ao reconhecer a derrota, o presidente do FDP, o vice-chanceler Philipp Rõsler, anunciou sua renúncia. Depois de uma série de fracassos eleitorais, o FDP, partido que fez parte de quase todos os governos do pós-guerra pode desaparecer.

Segundo Elke Hannack, vice-presidente da Confederação Sindical Alemã, o FDP cavou a sua própria cova ao deixar o liberalismo para se concentrar só na redução dos impostos dos ricos: — O FDP recebeu o troco por ter sido o único partido que não aprovava a criação de um salário mínimo.

O SPD, os Verdes, e o A Esquerda tinham o salário mínimo nos seus programas, mas nem isso garantiu uma grande aprovação nas urnas. Steinbrück perdeu muito com a imagem negativa que tinha na imprensa. Os verdes, abalados pelo debate sobre a introdução de um dia vegetariano nas cantinas públicas, e sobre o envolvimento com segmentos que defendiam a descriminalização do sexo com crianças, tiveram um dos piores resultados, perdendo mais de dois pontos em comparação com as eleições de 2009.

A Esquerda, formada pelos ex-comunistas da extinta Alemanha Oriental e pelos dissidentes do SPD, ficaram com 8,6%, sendo assim o terceiro maior.

Difíceis possibilidades de alianças

Sem o FDP e sem a maioria absoluta, que seria de 310 mandatos, a chanceler vai precisar formar uma aliança com um outro partido para o seu próximo governo.

Mas Peer Steinbrück, que obteve 25,7%; 2,7 pontos a mais do que há quatro anos, anunciou ontem que vai sugerir ao seu partido que recuse formar uma aliança de governo, com Merkel, como fez no seu primeiro governo, de 2005 a 2009.

 

A outra possibilidade, uma aliança com os verdes, também foi recusada pelo líder verde Jürgen Trittin. Ao admitir a sua derrota, Peer Steinbrück disse que não vai ajudar Merkel a conseguir a sua maioria de governo: — Agora a bola está com Angela Merkel. Ela é que precisa cuidar de conseguir uma maioria de governo.

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