A LUTA DOS POVOS AMAZÔNICOS NO PERU

O Informe não diz que a luta dos povos amazônicos organizados na AIDESEP foi uma luta justa em defesa de seu território e pelo direito à sua própria existência, contra o plano de transnacionalização da amazônia, plano que busca entregar ao grande capital a exploração e O saque dos recursoS naturais, impulsionando uma política de extermínio dos povos originários, que são legítimos proprietários desses territórios que ocupam há tempos imemoráveis.

O Informe não diz que, frente ao conflito amazônico, o governo de Alan García optou pelo caminho da violência, pisoteando normas internacionais como o Convênio OIT 169 que obriga a realização de uma consulta antes de implementar mudanças que afetem os direitos das comunidades indígenas. Que a maioria parlamentar formada pelas bancadas Unidade Nacional, os Fujimoristas e os Apristas, fez pouco caso das demandas do povo amazônico, das exigências da AIDESEP para revogar os decretos contrários à Amazônia e à soberania do Peru.

Tal Informe não assinala que houve responsabilidade política na ordem de desocupação através de uma repressão sangrenta na “curva do diabo”, onde as comunidades amazônicas estavam protestando em denúncia aos atropelos de direitos constitucionais. Não disse que a heróica e firme luta dos povos amazônicos, terminou na memorável mobilização em amplo repúdio ao governo, em 11 de junho de 2009, sustentando uma contundente derrota política ao regime de Alan García, e obrigando o congresso, contra sua própria vontade, a revogar os decretos 1068 e 1088.

O Informe do oficialismo tampouco assinala que logo após os eventos de Bagua o Governo não demonstrou o mínimo interesse em chegar a um acordo satisfatório com a representação da AIDESEP. E mais, aplicando uma política de avanços e recuos nas mesas de diálogo, não reconhecendo e tentando liquidar a AIDESEP, perseguindo seus dirigentes. Tentou ganhar tempo para retomar seus planos de privatizar a Amazônia.

A CPS afirma claramente que se não for encerrado o plano de entregar à voracidade das transnacionais os recursos da selva, se não forem respeitados os direitos de propriedade e direitos humanos irrenunciáveis das comunidades indígenas da selva, se não acabar a perseguição aos dirigentes nativos e se não for permitido o retorno de Alberto Pizango sem criminalização, será de responsabilidade exclusiva do Governo o surgimento de novos conflitos e violência na Amazônia e em todo o país.

A CPS, transmite seu firme respaldo e sua solidariedade ao povos amazônicos e à AIDESEP que os representa, e chama para forjar a unidade mais ampla de todo o povo peruano, das forças democráticas e patrióticas para recuperar nossa soberania nacional, cada dia mais corroída, e enfrentar o plano antinacional, antipopular e repressivo do governo aprista; para construir uma alternativa política soberana e popular capaz de derrotar o modelo entreguista, neoliberal e o regime de Alan García (e à direita continuista que hoje colabora com ele), na perspectiva de conquistar um governo democrático e patriótico, uma nova constituição que represente todos os povos do Peru, um estado plurinacional e multicultural e uma economia a serviço da grande maioria.

Finalmente, a CPS expressa sua comoção e suas condolências pela tragédia que sofre o povo do Haiti, que foi devastado pela fúria da natureza e pela fúria da espantosa pobreza que os agoniza, mas também pela responsabilidade do imperialismo e das políticas de saque das transnacionais contra os povos da América Latina.

Lima, 15 de janeiro de 2009.

Traduzido por: Dario da Silva

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