REPÚDIO À REPRESSÃO E PRISÕES MASSIVAS NO PERU
Novamente no Peru estão ocorrendo fatos violentos, que produziram nos últimos dias um saldo de 4 mortos nas mãos das forças repressivas, detenções massivas e uma grande quantidade de feridos na região de Cajamarca, contra moradores que se manifestavam contra o Projeto Conga, um empreendimento que, como todos os estudos científicos demostraram, é absolutamente inviável, já que ameaça com a destruição das fontes hídricas e da vida nesse lugar.
Assim mesmo, no dia 4 de julho foi detido brutalmente o reconhecido dirigente político e social Marco Arana, ex-sacerdote e sociólogo, que ganhou projeção nacional e internacional por seu destacado compromisso com as populações em luta contra a mega mineração, e por seu trabalho pacífico em favor da vida e da proteção dos bens comuns. Graças a uma ordem do promotor do caso, Marco Arana foi liberado um dia depois.
A investida repressiva do atual governo peruano está longe de ser um fato isolado. O atual processo de militarização se assemelha aos acontecimentos vividos pouco menos de um mês atrás na região de Cusco, onde também a resistência contra a mega mineração foi respondida com repressão, perseguição e assassinatos. Neste primeiro ano do governo de Ollanta Humala, esquecendo seus compromissos eleitorais, leva já 15 mortos pela repressão aos protestos sociais, que aparece como um sangrento processo de afiançamento do modelo extrativista, em clara aliança com as grandes corporações transnacionais e os setores militares.
Como intelectuais e ativistas consideramos que não é com mais criminalização e repressão que os conflitos relativos à mega mineração serão resolvidos, senão que pela dupla via de um genuíno debate na sociedade sobre as consequências que acarreta o modelo minerador e da democratização das decisões, tal como demanda hoje o povo de Cajamarca e tantas outras localidades, províncias e países da América Latina.
Chamamos toda a comunidade internacional para repudiar os fatos de violência que estão ocorrendo em Cajamarca e aderir à luta do povo peruano contra a aliança minerador-militar que promove o governo de Humala.
Adolfo Pérez Esquivel, Premio Nobel de la Paz (Argentina)
Hugo Blanco (Peru)
Edgardo Lander (Venezuela)
Raúl Zibecchi (Uruguai)
Maristella Svampa (Argentina)
Alberto Acosta, ex-presidente da Assembleia Constituinte (Equador)
Margarita Aguinaga, AMPDE (Equador)
Dunia Mokrani (Bolívia)
Enrique Viale (Argentina)
Floresmilo Simbaña (CONAIE-Equador)
José Seoane (Argentina)
Alejandra Santillana, AMPDE (Equador)
Sandra Rativa, Poder e Unidade Popular (Colômbia)
Javier Gómez (Bolívia)
Alexandra Almeida, Ação Ecológica (Equador)
Esperanza Martínez Red Oilwatch (Equador)
Roberto Gargarella (Argentina)
Rubén Lo Vuolo (Argentina)
Luis Tapia (Bolívia)
Fernando Pino Solanas, Projeto Sul (Argentina)
Nicolás Tauber (Argentina)
José Onaindia (Argentina)
Massimo Modonesi (México)
Pablo Ospina (Equador)
Mirta Antonelli (Argentina)
Mario Galvano (Argentina)
Patricia Zangaro (Argentina)
Pablo Bergel, Projeto Sul (Argentina)
Claudia Korol (Argentina)
Javier Rodríguez Pardo (Argentina)
Raúl Prada (Bolívia)
William Sacher (Equador)
Gabriel Levinas (Argentina)
Mario Blaser (Canadá)
Ana Esther Ceceña, Enrique Leff, Fernando Sánchez Cuadros, Ángel Guerra, Beatriz Stolowicz, Arantxa Tirado, Efraín León, Maricarmen Montes, Catalina Eibenschutz, Diana Guillén, Marcos López (México)
Saúl Landau (Estados Unidos)
Gonzalo Perera, Antonio Elías (Uruguai)
Virginia Fontes, Gabriel Vitulo, Ivan Pinheiro, Edelcio Vigna (Brasil)
Simona Yagenova (Guatemala)
Fabio Grobart (Cuba)
Emiliano Teran Mantovani, Paulino Nuñez (Venezuela)
Juan Carlos Monedero (España)
José Luis Tagliaferro (Argentina)
Tradução: PCB – PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO