O KKE VAI CONTINUAR NA LUTA PELA DERRUBADA DA BARBÁRIE CAPITALISTA AINDA MAIS DECIDIDAMENTE
Membro do Comitê Político do Comitê Central do KKE
O KKE envia seu caloroso agradecimento aos Partido Comunistas, aos homens e mulheres comunistas, assim como a um grande número de militantes do mundo inteiro que expressaram sua solidariedade sincera e apoio ao nosso partido, pois observaram as duras batalhas de classe que ele tem enfrentado durante um longo período de tempo, antes e durante a crise capitalista.
Nosso partido vai continuar sendo digno de sua confiança e vai intensificar a luta pelos interesses da classe trabalhadora, das camadas populares, pela derrubada da barbárie capitalista, pelo socialismo. Porque o objetivo de abolir a exploração do homem pelo homem, o princípío fundante dos partidos comunistas, exige isto.
Os acontecimentos na Grécia e particularmente as duas eleições recentes deram início a muitas discussões levando em conta o KKE e a “esquerda”, o papel dos “governos de esquerda” e a posição dos comunistas.
Algumas forças que ainda usam o título “partido comunista”, a despeito do fato de estarem num processo de mutação social-democrata, e outras forças que falam em nome da “esquerda” abriram uma frente – de forma explícita ou dissimulada – contra o KKE, difamando sua atividade, encobrindo ou distorcendo suas posições, com argumentos infundados de sectarismo, regurgitando as polêmicas do inimigo de classe, adotando e disseminando as posições do SYRIZA.
O SYRIZA é um partido que apóia fanaticamente a União Europeia [UE], um veículo da visão utópica a respeito de um “capitalismo com face humana”. É composto de forças oportunistas de direita, grupos ultra-esquerdistas (trotskistas e ex-maoístas) e uma significativa parte de quadros advindos do social-democrata PASOK.
As forças que abriram uma frente contra o KKE, dentre elas o aparato do “Partido da Esquerda Europeia” e outras organizações apoiadoras do caricato “socialismo do século XXI”, foram expostas porque as atividades do KKE e sua contribuição para a luta revolucionária os refutou. Mas suas posições são danosas para a classe trabalhadora, para as camadas populares e para a juventude, pois assumem o lado dos oponentes dos comunistas – dos comunistas que lutam consistentemente contra a classe burguesa, contra o imperialismo e militantemente se opõem à assimilação dos trabalhadores pelos objetivos do capital.
Chamamos os comunistas homens e mulheres, os trabalhadores que acompanham os acontecimentos na Grécia e estão interessados no curso da luta de classes a obterem um melhor entendimento com relação à estratégia e táticas do KKE, sua história e lutas. Eles devem julgar suas posições em vista de critérios político-ideológicos específicos e não em rumores ou calúnias infundadas. Assim eles serão capazes de compreender que o ataque à estratégia do KKE e sua política de alianças, bem como as várias risíveis alegações a respeito de sectarismo e isolacionismo foram iniciadas por forças burguesas ou forças que de fato rejeitaram princípios do marxismo-leninismo, a necessidade do socialismo e a essência da luta de classes, que só tem sentido quando está ligada ao poder da classe trabalhadora e popular.
Estes serão capazes de discernir que tais forças seguem uma linha política da administração burguesa que está oculta por trás do discurso da “solução pela esquerda”, semeando ilusões sobre a “humanização do capitalismo”, com todas as consequências negativas para a luta dos trabalhadores.
O pior de tudo é que estas forças que calculadamente atacam o KKE, e às vezes fingem ser suas “amigas”, estão tentando explorar esse resultado eleitoral, que é negativo para o povo, para sustentar seus perigosos posicionamentos.
SOBRE OS ACONTECIMENTOS NA GRÉCIA
Na Grécia, a profunda crise capitalista de super-acumulação de capital que entrou em seu quarto ano, combinada com a crise dos Estados-membros da UE, provocou a intensa agressividade dos monopólios e seus representantes políticos, o que foi expresso pelas estratégias anti-populares como um todo. O memorando, que foi assinado entre os governos grego, a UE, BCE [Banco Central Europeu] e o FMI [Fundo Monetário Internacional] são parte desta estratégia.
A deterioração da situação da classe trabalhadora e das camadas populares causada pela ofensiva do capital, o desenvolvimento da luta de classes com a contribuição decisiva do KKE e do movimento classista, levou à significativa erosão do social-democrata PASOK que havia implementado a cruel linha anti-popular durante muitos anos. Isto levou à erosão do partido liberal ND [Nova Democracia] e do sistema bipartidário como um todo, que perdeu sua capacidade de capturar as forças populares que mantinha anteriormente sob seu domínio.
Nestas bases, a reforma da cena política está em marcha, recebendo o apoio da classe burguesa, da União Europeia e de outros mecanismos imperialistas para mais efetivamente administrar a crise capitalista em favor do capital, para impedir a luta de classes, para atacar o KKE e o movimento classista.
Um elemento básico da reforma do cenário político é a criação de dois pólos – o de “centro-direita” baseado no ND e o de “centro-esquerda” tendo o SYRIZA como núcleo, juntamente com a participação de grandes setores do PASOK que têm responsabilidades criminosas por terem implementado políticas anti-populares nos últimos anos.
A Grécia e as eleições parlamentares foram usadas como arena da competição inter-imperialista entre os EUA, a UE, Alemanha e França. Isto foi expresso pelo posicionamento das forças políticas gregas, sobretudo pelo ND, PASOK e SYRIZA, que flertam com a França e os EUA.
A multi-facetada e profunda assimilação da Grécia na União Europeia, a profunda e prolongada crise combinada com a manifestação da recessão na Eurozona fez da intervenção da UE, FMI e EUA algo extremamente necessário para afastar qualquer tendência de radicalização do movimento na Grécia e seu impacto internacional.
As declarações sistemáticas dos funcionários das organizações imperialistas, assim como os artigos da imprensa estrangeira, incluindo o apelo do Financial Times Alemão pelo voto no ND, reforçaram a polarização e as chantagens contra o povo para que optassem entre os dois pólos do gerenciamento burguês.
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ELEITORAIS
O KKE fez um esforço enorme e recebeu 8,5%, 536.000 votos, obtendo 26 parlamentares nas eleições do 6 de maio, mas não foi conciliador. Falou claramente sobre a existência do plano para enfraquecer o partido; previu e combateu a ofensiva organizada anti-KKE com todas as suas forças e manteve este tom com as perdas de 4% em sua força eleitoral, uma redução de votos e parlamentares eleitos, recebendo 4,5%, 277.000 e 12 cadeiras.
O que aconteceu entre as duas eleições? Que dilemas foram colocados pelo sistema burguês para capturar as forças populares? O CC do KKE fez uma avaliação inicial do resultado, que está sendo agora discutida nas organizações do partido e em encontros com amigos do partido com o propósito de acumular a experiência coletiva e assim poder utilizá-la na avaliação final. Tendo em vista a compreensão da atmosfera política que prevaleceu na segunda eleição, é importante ter em mente que, de acordo com as leis eleitorais, o primeiro partido recebe um bônus de 50 cadeiras (de um total de 300 que existem no parlamento grego) para que a tentativa de formar um governo possa ser “facilitada”. Nas primeiras eleições (em que o KKE recebeu 8,5%) a diferença entre o primeiro (ND) e o segundo partido (SYRIZA) foi de 2,1% e a luta pela primeira posição criou condições de intensa polarização.
O CC do KKE fez a seguinte avaliação: “As significativas perdas do KKE não refletem o impacto de suas posições e de sua atividade. Isto aconteceu sob a pressão da propagação de ilusões e da racionalidade do mal menor, da saída indolor e fácil através da qual afirma-se a possibilidade de se formar um governo para gerenciar a crise no campo do poder dos monopólios e da assimilação na UE, que trataria de interromper a deterioração das condições de vida do povo. Ao mesmo tempo, havia o impacto da atmosfera de medo e intimidação concernente à expulsão da Grécia da Eurozona. Isto ocorreu em condições de uma ofensiva sistemática e dissimulada por parte dos mecanismos ideológico-políticos do sistema, inclusive através do uso sistemático da internet. O objetivo principal era enfraquecer o KKE em razão de prevenir a ascensão do movimento dos trabalhadores no momento em que as condições do povo se deterioram.
A conclusão é de que o resultado eleitoral como um todo reflete a tendência à contenção do radicalismo classista que se desenvolveu durante o período da crise, sob a pressão da corrente do ascendente radicalismo pequeno-burguês, guiado pela ideologia e propaganda burguesas. É óbvio que as lutas que se desenvolveram não conseguiram aprofundar e consolidar o seu radicalismo, assim como não assumiram um caráter de massas e não atingiram a organização e orientação política que as condições atuais requerem. Em última análise, qualquer tendência positiva que tenha se desenvolvido foi influenciada pelo estreito conteúdo anti-memorando, pelo rebaixamento das expectativas diante da expansão da pobreza e do desemprego em massa.”
O PAPEL DO SYRIZA
As forças que apóiam – aberta ou dissimuladamente – o SYRIZA e caluniam o KKE têm a obrigação de explicar aos membros e quadros de seus partidos, à classe trabalhadora e às camadas populares as seguintes questões:
Por que eles escondem que o elemento comum na linha política do ND, PASOK, SYRIZA e os outros partidos, excetuando-se o KKE, é seu suporte à UE, a união imperialista inter-estatal que implementa uma estratégia comprovadamente anti-povo e foi criada e desenvolvida em alinhamento com os interesses de grupos monopolistas e de multinacionais?
Por que eles escondem o fato de que parcelas da classe burguesa, fortes grupos financeiros que controlam jornais, canais de rádio e televisão, apoiaram o SYRIZA decisivamente – isto também ocorreu por parte dos canais estatais de TV e rádio -, e que o presidente da organização dos industriais gregos propôs um governo de unidade nacional com a participação deste partido?
Por que eles escondem o fato de que durante o curso das eleições, e especialmente após o 6 de maio, o SYRIZA abandonou até mesmo a fraseologia de slogans referentes ao cancelamento do memorando e acordos de empréstimo, à nacionalização de empresas, etc. e ajustou completamente seu programa às necessidades do gerenciamento burguês?
Por que eles escondem o fato de que vastos setores dos mais corruptos membros do PASOK de administrações regionais e municipais, sindicatos e repartições públicas desempenharam um papel de destaque na manipulação das forças populares e do eleitorado do PASOK exercendo uma pressão multi-facetada em favor do SYRIZA?
Por que eles escondem o fato de que há um plano em curso para reagrupar a social-democracia tendo o SYRIZA em seu núcleo? A social-democracia provou ser muito útil à classe burguesa para o propósito de erodir a consciência radical do povo em favor da “via de mão única da UE” e para atacar e controlar o movimento dos trabalhadores.
Por que eles escondem o fato de que este partido reiteradamente utilizou-se do anti-comunismo, quando ao mesmo tempo fazia chamados pela “unidade da esquerda”? Numa conferência eleitoral central do SYRIZA, com seu Presidente participando, o “filósofo” esloveno Slavoj Zizek, numa demonstração vulgar de anti-comunismo, disse que “isto é, se eu entendi bem, o que o KKE, que é basicamente o partido das pessoas que ainda estão vivas porque se esqueceram de morrer, está dizendo a vocês” e recebeu aplausos efusivos da audiência!
Por que eles escondem o fato de terem usado todo tipo de tática suja contra o KKE a fim de angariar seus votos em sua empreitada pela primeira colocação nas eleições?
Táticas sujas que incluíam, dentre outras coisas, o fornecimento de falsas informações à imprensa burguesa a respeito de visões divergentes no CC e no Comitê Político do KKE no que tange à posição em relação ao SYRIZA e à participação em um governo da gestão burguesa. A experiência das condições sob as quais o KKE lutou nessas eleições é valiosa para todo o Partido e por esta razão divulgamos as provocações que ocorreram, incluindo a provocação no Twitter, onde foi criada uma conta falsa do KKE, usada por eles para chamar as pessoas a votarem no SYRIZA.
Por que eles escondem o fato de que, poucos dias antes das eleições, o Presidente do SYRIZA se encontrou com o pessoal diplomático dos países do G-20 em Atenas, a fim de “estabelecer um clima de confiança”? Com quem realmente? Com o clube dos mais fortes capitalistas e imperialistas do mundo.
E tem mais. A equipe do SYRIZA apresentou ao povo grego a linha política de Obama como uma política realista para a administração da crise a favor do povo. Enquanto isso, também falsamente declarou que a eleição do social-democrata Hollande seria um fator que traria “novos ventos” e mudanças em favor do povo na Europa. Ao mesmo tempo, o governo social-democrata na França estava convocando o povo da Grécia a submeter-se aos compromissos com a UE e – apesar da competição inter-imperialista – está participando junto com o governo alemão com vistas a preparar novas medidas anti-populares que estão sendo planejadas pela UE para integração política e econômica.
Estes fatos não podem ser ignorados. O KKE não precisa recorrer a teorias da conspiração. A verdade não pode ser escondida. Isto é da maior importância para que todo trabalhador que esteja interessado na situação da Grécia e no papel das forças políticas possa formar seu ponto de vista.
Por um longo período mitos foram propagados considerando o papel do SYRIZA nos movimentos dos trabalhadores e populares. Ele era apresentado de maneira enganosa como uma poderosa força de oposição quando na realidade ele tem uma contribuição inexistente ou mínima para o desenvolvimento das lutas nas fábricas, nas empresas e para a organização de greves e outras mobilizações de massa.
Na realidade, este partido era caudatário da Federação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) e da Federação dos Trabalhadores do Setor Público (ADEDY) que operavam como instrumentos do capital, veículos dos patrões e faziam um sindicalismo orientado pelo governo e pela “colaboração de classe”.
A posição do SYRIZA no movimento de “ocupação das praças”, que era transitório, teve um caráter de massas limitado e foi solo fértil para visões reacionárias. Foi oportunista e integrado aos planos daqueles que queriam controlar as rédeas da administração burguesa. O SYRIZA é seriamente responsável por ter compartilhado “as praças dos indignados” com a abominação fascista “Aurora Dourada” que apresentou-se (ao lado de outras forças nacionalistas) como uma força anti-memorando, clamando palavras de ordem vulgares e reacionárias para manipular a indignação dos trabalhadores.
A LUTA DO KKE
A ofensiva contra o KKE depois das eleições não é levada a cabo apenas pelos vários bem conhecidos grupos trotskistas, mas também pelas forças do Partido da Esquerda Europeia, como o “Bloco de Esquerda” português e o “Refundação Comunista” italiano. Os presidentes destes dois partidos não conseguiram ocultar a aversão oportunista ao KKE.
A posição de certas forças que culpam o KKE pelo fato do ND ter sido capaz de formar um governo é igualmente provocativa. Estas forças, invariavelmente, escondem o fato de que o único partido que verdadeiramente entrou em conflito com o ND e o PASOK foi o KKE pois, diferentemente do SYRIZA, não está comprometido com a UE, com a OTAN, nem com o grande capital e seu poder. Ele não semeia ilusões parlamentares e diz ao povo a verdade sobre as forças que sustentam a administração burguesa. Nosso partido tem lutado por anos contra os dilemas intimidadores de “direita ou anti-direita”, “centro-esquerda ou centro-direita” e trava combate contra o beco-sem-saída da racionalidade do mal menor que tem convertido os partidos comunistas da Europa em caudatários da social-democracia.
O esforço para caluniar o KKE vai falhar porque seus difusores serão totalmente expostos na medida em que as acusações de sectarismo e isolacionismo, que são usadas pelas correntes que atacam nosso partido, são refutadas pelo papel de liderança do KKE, da KNE [Juventude Comunista da Grécia], mas também da PAME [Frente Militante de Todos os Trabalhadores], dos sindicatos classistas, das manifestações de militantes das camadas populares e dos jovens em dezenas de greves em âmbito nacional, a nível setorial e de empresas, em centenas de mobilizações múltiplas que reuniram milhares de trabalhadores que lutavam por reivindicações que expressam os direitos dos trabalhadores e entram em conflito com o poder do capital, da barbárie capitalista.
As significativas vitórias na luta de massas não são anuladas pelos resultados eleitorais negativos para o povo.
Elas constituem uma experiência e legado valiosos para a intensificação da luta de classes até o fim.
O KKE rejeitou a união oportunista com as lideranças de cúpula e insiste na aliança social com a classe trabalhadora, as camadas urbanas e rurais com a participação das mulheres e da juventude. Rejeita a cooperação pela formação de um “governo de esquerda” para gerenciar o capitalismo e insiste na formação de uma aliança sócio-política que lute pelos problemas do povo, que entre em conflito com os monopólios e com o imperialismo, dirigindo sua luta rumo à derrota da barbárie capitalista, pela conquista do poder dos trabalhadores e do povo.
A estratégia que promete um futuro melhor para o povo trabalhador e os desempregados através de um dito governo progressista ou de esquerda, enquanto o poder do capital e a propriedade capitalista dos meios de produção continuam intactos, é perigosa. Esta estratégia tem sido testada e foi comprovadamente um fracasso. Isto conduz os partidos comunistas à assimilação ou mesmo à dissolução.
Esta estratégia oculta a questão principal. Ela oculta que o problema do desemprego, que se agudiza de maneira descontrolada, não pode ser resolvido na medida em que a energia e a riqueza que a classe trabalhadora produz continuam nas mãos dos capitalistas, na medida em que a ganância capitalista e a motivação do lucro persistem.
As necessidades contemporâneas do povo não podem ser satisfeitas uma vez que o capitalismo está em seu último estágio, o estágio imperialista, e mostra-se totalmente reacionário. As dificuldades de reprodução do capital, a competição dos monopólios pelo domínio reforçam o ataque que visa reduzir o preço da força de trabalho, aumentando a relação de exploração. Mesmo os menores ganhos requerem conflitos muito duros com as forças do capital, como demonstra a heróica greve de 7 meses dos metalúrgicos em Aspropirgos, que tem sido consistentemente apoiada pelo KKE e pela PAME ao lado de milhares de trabalhadores na Grécia e no exterior que expressam sua solidariedade de classe.
A luta diária pelo direito ao trabalho, pela proteção contra o desemprego, por salários e pensões, por assistência à saúde gratuita, bem-estar e educação, a luta diária contra as guerras imperialistas, pela saída das organizações imperialistas, pela soberania do povo, pelos direitos democráticos, está íntimamente ligada à luta pela superação do capitalismo.
A posição de princípio do KKE salienta que um partido revolucionário não pode ter duas faces, não pode negar sua estratégia, sua luta pelo poder da classe trabalhadora, pelo socialismo, a fim de arrebatar votos nas eleições parlamentares através do apoio às propostas “gerenciais” que facilitam o sistema.
O KKE falou a verdade à população. Convocou o povo para apoiar o partido a fim de fortalecê-lo, de modo que assim ele pudesse contribuir decisivamente contra as políticas anti-populares, pelo reagrupamento e fortalecimento dos movimentos de trabalhadores e populares, pelo desenvolvimento de lutas militantes, para pavimentar o caminho das mudanças radicais.
O KKE nadou contra a maré, assim como fizera em outros momentos envolvendo questões políticas cruciais, quando expôs, entre outras coisas, o caráter contra-revolucionário, anti-socialista e imperialista da UE, quando lutou contra a UE, quando se opôs ao Tratado de Maastricht, quando condenou as intervenções imperialistas e os pretextos que as justificavam, etc.
Neste sentido, o KKE combateu nestas eleições as correntes do medo e do fatalismo, bem como as inúmeras ameaças – que variavam desde a expulsão da Eurozona ao medo relativo à ausência de um governo – e ilusões que foram sistematicamente alimentadas pelo SYRIZA. O KKE explicou ao povo o caráter da crise e as pré-condições de uma saída em favor dos trabalhadores, pré-condições estas que estão conectadas ao desligamento da UE e da OTAN, ao cancelamento unilateral da dívida e à socialização, ou seja, o poder popular e dos trabalhadores contra o governo da administração burguesa. Ele travou esta batalha levando em conta o perigo do custo eleitoral.
Mas até mesmo o menor recuo por parte do partido diante da pressão para a sua participação em um governo de gestão da crise teria levado à desmobilização, ao recuo ou derrota do movimento operário, à anulação dos esforços para a formação de uma aliança sócio-política forte, que entrasse em conflito com a linha política dos monopólios, das organizações imperialistas da UE e da OTAN. Isto iria de encontro a todos os esforços para a unificação do povo na luta contra os problemas cotidianos, que estão cada vez mais nítidos, pela perspectiva do poder popular e da classe trabalhadora. Na prática, o KKE acabaria negando a consistência e a solidez de suas palavras e ações, assim como teria sido prejudicial e danoso se retirasse os pontos mais decisivos do seu programa e de suas tarefas imediatas para a luta.
É de enorme importância que, em tais condições, quando vários outros partidos comunistas não estão representados no parlamento ou estão espalhados em organizações social-democratas e da esquerda oportunista na Europa, o KKE permaneça de pé com menor força eleitoral em comparação à sua larga influência política. Sua estratégia a respeito dos dois caminhos de desenvolvimento, considerando a necessidade da aliança sócio-política e da luta pelo poder popular e dos trabalhadores, a expansão e aprofundamento de seus laços com a classe trabalhadora, as camadas populares pobres, permanece sendo o objetivo de sua atividade com o povo, para que eles permaneçam firme e não seja abalado pelos perigos que o esperam.
A estratégia do KKE tem sido confirmada pelos acontecimentos diários. É uma estratégia baseada nos princípios comunistas; baseada nas leis da luta de classes, ela estabelece o objetivo, o caminho e a condição para se resolver a contradição básica entre capital e trabalho, para resolver o problema central do poder e abolir as relações de produção exploradoras em condições das quais o capitalismo sofre com suas contradições insolúveis e se torna mais reacionário e perigoso, não existindo fórmula de gerenciamento que possa prover uma solução em favor do povo. Com esta estratégia, com esta linha de luta, o KKE contribuiu incansavelmente para o esforço de reagrupar o movimento comunista sob uma base revolucionária; ele encoraja e suporta a luta dos comunistas, a luta anti-imperialista pelo mundo inteiro, ele fortalece a solidariedade internacional enquanto, ao mesmo tempo, afirma sua responsabilidade pelo desenvolvimento da luta de classes em nível nacional.
Nosso partido é muito rigoroso na avaliação auto-crítica de seu percurso. Ele salienta que não basta ter uma estratégia correta e militância. Ele estuda suas fraquezas para tornar-se mais eficaz em questões de orientação política, melhorar a formação político-ideológica, acelerar a construção do partido em fábricas, nos locais de trabalho, nos bairros, fortalecendo o movimento classista, de modo que a participação em sindicatos e outras organizações de massa aumente e novas forças se somem na luta.
O KKE continua sua luta no que diz respeito a todos os problemas do povo com um senso de responsabilidade e decisão ainda maiores. Ele está focado na luta contra as políticas anti-povo, pelos acordos coletivos, por salários e pensões, pela proteção dos desempregados, pela assistência à saúde, bem-estar e educação. Ao mesmo tempo, prepara suas forças diante do perigo de uma guerra imperialista na Síria e no Irã.
Ele luta contra as políticas anti-populares do ND, PASOK e do Esquerda Democrática, que surgiu de uma cisão do SYRIZA e é parte do plano pela manipulação “de esquerda” do povo. Ele trava uma luta organizada contra as ilusões de esquerda do SYRIZA e fortalece o combate ao “Aurora Dourada”.
Há muito tempo atrás informamos a muitos partidos comunistas que o ataque ao KKE se intensificaria. Muitos camaradas sabem que a classe burguesa, o Estado e os mecanismos paraestatais testaram meios de repressão e de provocação contra o KKE e a PAME e agora precisamos estar muito bem preparados para lidar com a escalada crescente de ataques contra o partido.
Continuamos nossa luta. Estamos tentando nos tornar mais efetivos na organização e no desenvolvimento da luta de classes.
A redução da força eleitoral do KKE não anula as conquistas decisivas que nosso partido obteve com enorme esforço. Ela não nega o poder que ele tem nos sindicatos, nas organizações de massas, nos movimentos populares e de trabalhadores, seu prestígio na classe trabalhadora, a confiança que o povo tem nele nas lutas do dia-a-dia, independentemente do que se expressou nas eleições.
“Amigos quando convém”
Sendo assim, as forças que aberta ou dissimuladamente procuram interpretar o resultado das eleições, visando minar a estratégia e as táticas do KKE, bem como seu papel no movimento comunista internacional, serão julgadas pelos comunistas revolucionários, pela classe trabalhadora.
Existem forças mais do que suficientes para administrar o sistema. O que o povo precisa é de partidos comunistas reais que não vão gerenciar a barbárie capitalista em nome da “esquerda governamental” e em nome de “realisticamente” aceitar a correlação negativa de forças. Desta maneira só se faz pavimentar o caminho para as forças do capital e um tempo precioso é perdido, pelo qual a classe trabalhadora e as camadas populares vão pagar um preço alto.
Giorgos Marinos – Membro do Comitê Político do Comitê Central do KKE