Declaração conjunta do Partido Comunista Clandestino da Colômbia e do Partido Comunista do México
21.Ago.12 :: Outros autores
1º Reuniram-se em Bogotá delegações do Comité Central do Partido Comunista Clandestino da Colômbia (PCCC) e do Comité Central do Partido Comunista do México (PCM).
2º Ambos os partidos trocaram opiniões sobre a situação no México, na Colômbia, o Continente e o Mundo.
3º Ambos os partidos têm por base ideológica comum o marxismo-leninismo, aplicando-o e enriquecendo-o criativamente com a luta de classes dos nossos países e com a história colectiva dos nossos povos, desde a resistência indígena e popular ao colonialismo, desde a décima nona insurreição continental pela independência e emancipação da qual sobressaem até aos nossos dias o contributo de Lautaro [1] e do libertador Simón Bolívar.
4º O PCCC e o PCM lutam programaticamente pelo socialismo e o comunismo, e consideram que estes objectivos, além da sua urgência, têm actualidade, pois constituem a alternativa viável perante a decadência do capitalismo – hoje em crise profunda de sobreprodução e sobre-acumulação, em que a riqueza é destinada pelos Estados ao resgate dos monopólios – enquanto a classe operária, os trabalhadores e as camadas médias, a pequena burguesia, são pauperizadas e massivamente atiradas para a miséria. Os nossos dois partidos comunistas actuam com firme orientação de classe contra a desvalorização do trabalho, contra a bárbara agressão aos direitos sindicais e laborais dirigida pelos monopólios contra as massas proletárias, ligando a defesa da vida e das reivindicações imediatas da classe operária ao objectivo da conquista do poder e à construção da nova sociedade sem exploradores nem explorados.
5º O PCCC e o PCM defendem que nas acções por novas revoluções socialistas é de grande importância a assimilação crítica e a defesa da experiência da construção socialista na URSS e nos outros países socialistas, dando relevo ao estudo das causas que geraram a contra-revolução, tais como o ressurgimento das novas relações mercantis que minaram o poder operário. A construção da nova sociedade tem como pré-condição o poder popular, a socialização dos meios de produção concentrados e a planificação da economia.
6º A interdependência dos monopólios reforça a agressividade e a exploração dos povos pelo imperialismo, no mundo e no nosso continente. A NATO e as tropas norte-americanas, além dos crimes cometidos contra o Iraque, o Afeganistão, a Líbia – intervenções avalizadas pela ONU às quais nos opusemos –, preparam novas campanhas contra a Síria e o Irão, que desde já condenamos. Apelamos aos povos, aos Partidos Comunistas, às forças revolucionárias da América Latina, a que rejeitem a crescente militarização do continente, a reactivação da Quarta Esquadra e a activação de mais bases militares.
7º Apelamos ao reforço da luta pela ruptura dos tratados de livre comércio, tanto com os Estados Unidos como com a União Europeia, lesivos dos interesses dos trabalhadores.
8º Ratificamos a nossa solidariedade com Cuba socialista, com o processo bolivariano na Venezuela, Equador e Bolívia; expressamos o nosso apoio aos povos das Honduras e Paraguai, que resistem aos golpes de estado.
9º O PCCC e o PCM consideram que os nossos povos têm o inalienável direito a resistir e a desenvolver a insubmissão, a insubordinação, a alegre e desafiante rebeldia, e a exercer todas as formas de luta para romper as grilhetas da exploração que nos escravizam. O direito à rebelião é um direito irrenunciável dos povos; e as formas da sua manifestação, pacífica ou violenta, dependem de variadas circunstâncias. Opomo-nos ao dogmatismo e ao reformismo que tentam colocar aos nossos povos a camisa-de-forças da “institucionalidade”, seguindo o falso caminho da putrefacta fachada democrática, que oculta a ditadura dos monopólios. Se a via eleitoral serve para expressar os interesses populares, os nossos povos devem exercê-la; se o caminho é a greve, a paralisação dos locais de trabalho, a luta de massas, por aí teremos de avançar, e se o caminho é o da insurreição, a luta armada para arrebatar o monopólio da violência às classes dominantes, sem dúvida alguma devemos eleger esse caminho, por maiores que sejam os sacrifícios, tal e como a luminosa experiência histórica dos nossos povos ensina, desde Cuauhtémoc, Tupac Amaru, Hidalgo, Morelos e Bolívar, os exércitos de Villa e Zapata, até ao exemplo do movimento 26 de Julho em Cuba, a gesta do comandante Che Guevara e a epopeia da insurreição colombiana, que desde Marquetalia, Camilo Torres, Jacobo Arenas, Raúl Reyes, Iván Ríos, Jorge Briceno, Alfonso Cano exemplarmente transcende, e sobretudo expressa na alta figura, exemplo de dignidade, do comandante Manuel Marulanda Vélez.
10º Consequentemente, os nossos Partidos Comunistas refutam o discurso surgido nos centros imperialistas que qualificam a rebeldia dos nossos povos de «terrorismo», e criminalizam a solidariedade. Sem qualquer pausa, continua a colaboração entre os corpos repressivos, aumenta a sua coordenação. A isso devemos opor a coordenação dos partidos comunistas e revolucionários, superar os nossos atrasos, o que indubitavelmente potenciará qualitativamente as resistências sociais, as mobilizações sindicais, camponesas, indígenas, estudantis e populares.
11º Os nossos Partidos Comunistas consideram que devem continuar os encontros entre os partidos comunistas e operários para criar condições para um Encontro dos Partidos Comunistas e Operários da América Latina e do Caribe, no qual se construa um diálogo frutífero e sem exclusões, que generalize experiências, donde emanem resoluções colectivas para a acção comum e problemas de carácter continental.
12º É por isso que saudamos com entusiasmo a continuidade do Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários realizado no centésimo sexagésimo primeiro aniversário do Manifesto do Partido Comunista, por iniciativa do KKE, e que este ano se reunirá em Beirute, sob os auspícios do Partido Comunista Libanês. Saudamos os encontros de carácter regional que se realizam e as iniciativas comuns que vários partidos comunistas e operários conseguem concretizar, como é o caso da Revista Comunista Internacional.
13º Ratificamos o nosso compromisso, apoio e solidariedade para com a Federação Sindical Mundial, o Conselho Mundial da Paz e a iniciativa que na nossa América significa o Movimento Continental Bolivariano, um espaço dos revolucionários para o debate e o compromisso da luta anti-imperialista pelo socialismo.
14º O PCCC e o PCM consideram muito negativa a possível integração do general Naranjo, um colombiano sinistro, promotor do para-militarismo e terrorismo estatal, da interligação entre narcotráfico e a institucionalidade, da violação dos direitos humanos e do assassínio político de centenas de patriotas colombianos, na direcção da segurança nacional no México, augurando que deixará com a sua passagem uma esteira de sangrenta repressão contra o povo mexicano.
15º Ambos os partidos saúdam a crescente resistência social do povo colombiano que se expressa em movimentos como a Marcha Patriótica, o Congresso dos Povos, a Minga indígena, as lutas das organizações estudantis, as mobilizações indígenas de resistência à actividade mineira, a exploração dos recursos minero-energéticos, e a luta do povo colombiano pela paz e a solução política do conflito social e armado.
Proletários de todos os países, uni-vos!
Comité Central do Partido Comunista Clandestino da Colômbia
Comité Central do Partido Comunista do México
Nota do tradutor
[1] Lautaro, filho de um chefe mapuche foi raptado em menino pelo conquistador espanhol Pedro Valdíria, governador da região. Com os espanhóis aprendeu Lautaro técnicas bélicas antes de fugir e se juntar ao seu povo que dirigiu na batalha de Tucapel, onde as forças de Valdíria foram derrotados e quase todos mortos, e este, depois de feito prisioneiro, foi julgado e executado.