A liberdade de imprensa

Na Colômbia a liberdade de imprensa é uma das vítimas da violência do conflito político, social e armado. Jornalistas são assassinados e perseguidos por procurarem informar com verdade. Outros “jornalistas” tomam de um outro modo parte activa no conflito, difundindo mentiras ao serviço dos seus patrões e do fascizante poder instituído.

Uma das vítimas do conflito político, social e armado na Colômbia foi a liberdade de imprensa, que pagou um alto preço, chegando a ser inexistente no nosso país. Muito embora os grandes diários da Colômbia a da América agrupados em “Andiarios” digam que a Colômbia é um país no qual a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão são respeitadas.

São várias as dezenas de jornalistas assassinados pelo delito de dizer, investigar e informar a verdade daquilo que ocorre no país.

A lista é muito extensa, mas não podemos deixar de mencionar: Guillermo Cano, Jaime Garzón, Manuel Cepeda e dezenas de jornalistas que perderam a vida devido às suas opiniões escritas e divulgadas nos diferentes meios de comunicação nacional e internacional.

No dia 01 de Maio de 2013, às 7.30 da noite, o jornalista de “Semana”, Ricardo Calderón, foi objecto de um atentado, por ter investigado e denunciado as violências levadas a cabo pelo tristemente célebre Departamento Administrativo de Segurança (DAS). Contra políticos, Magistrados, jornalistas, defensores dos Direitos Humanos, dirigentes sindicais e todos os que criticavam o presidente Álvaro Uribe Vélez.

Os “falsos positivos” cometidos por militares ao serviço activo, que não são outra coisa senão execuções extrajudiciais contra pessoas inocentes, que levavam ao engano com uma oferta de trabalho e que matavam, apresentando-os como guerrilheiros mortos em combate com as FARC. E ainda mais triste é que os matavam para ganhar uma promoção e uma quantia irrisória de dinheiro. ¡! Até onde chegou a miséria humana!!

Ter denunciado [1] as condições de vida de mais de 1.500 militares presos na Base Militar de Tolemaida, (Departamento de Tolima) onde vivem com todas as comodidades e não como prisioneiros que cumprem longas penas por crimes cometidos contra gente inocente, crimes que vão desde violações aos Direitos Humanos, homicídios, massacres, torturas e desaparições.

Os meios de comunicação não se dão conta, a procuradoria cala-se, o Ministro da Defesa não diz nada perante semelhante atentado contra a liberdade de imprensa. E isto quando o meio de comunicação que denunciou estas situações é parte do estabelecimento, imagine-se o que sucederia se se tratasse de um jornal alternativo.

A liberdade de imprensa e a liberdade de expressão não é que haja um grupo de empresários que monopolizam todos os meios de comunicação e que despedem os periodistas que não lhes fazem o serviço, a liberdade de imprensa é que se informa o povo a verdade acerca do que está ocorrendo no país, seja quem for aquele que comete a infracção.

Quantos crimes, massacres, assassinatos, teriam sido poupados ao povo colombiano se as denuncias que os organismos de direitos humanos, organizações sindicais e partidos políticos sobre a organização dos paramilitares fizeram na altura tivessem sido publicadas.

Quantas vidas teriam sido salvas se quando foi denunciada a participação de oficiais de alta patente do Exército e da Policia na organização destes grupos de assassinos o povo tivesse sido informado da verdade do que estava a acontecer. Mas não foi assim. O que foi feito foi desinformar, o que se publicou foi que havia vendettas entre os membros da UP e as FARC, que as FARC estavam a matar os da UP, a infame vinculação com el narcotráfico, tudo com o objectivo de desprestigiar uma organização política, até converter essa acção numa forma de fazer política, mato o adversário e digo que era um guerrilheiro, mato o adversário e digo que era um terrorista.

Se os donos dos meios de comunicação e os “jornalistas” que publicaram estas mentiras fizessem uma profunda análise, dar-se-iam conta de que têm muita responsabilidade na tragedia do povo colombiano.

A liberdade de imprensa é que qualquer cidadão, organização social ou partido político possa possuir um meio de comunicação e receber o apoio do Estado para os seus direitos sejam respeitados.

Por pensar diferente há 9.500 presas e presos políticos na Colômbia, por pensar diferente Simón Trinidad, Sonia e Iván estão nas prisões dos EUA. Para todos eles é necessária a nossa solidariedade.

[1] Tolemaida Resort, Revista Semana, 02 Abril 2011

http://www.semana.com/nacion/articulo/tolemaida-resort/237791-3