Morreu um assassino

Conhecido como “o ditador mais cruel da Argentina”, Videla governou entre 1976 e 1981, sendo responsável por cerca de 30 mil assassinatos, dos quais ele pessoalmente reconheceu “entre sete mil e oito mil”.

Seu grau de perversidade era tamanho que foi responsável ainda pelo sequestro e roubo de bebês, crimes pelos quais foi condenado a 50 anos de prisão- e dos quais partiu para o inferno sem demonstrar arrependimento.

Melhor do que qualquer coisa que possamos escrever, deixamos a palavra para suas vítimas, já em repercussão na imprensa e que demonstram a necessidade de se continuar a luta pelos Direitos Humanos e contra os segmentos sociais e econômicos que mantiveram ditaduras como a de Videla:

“Há homens bons e maus. Esse era um homem mau. Sinto-me tranquila que um ser desprezível tenha deixado o mundo” – Estela de Carlotto, presidente do grupo Avós das Praças de Maio.

“Sou um sobrevivente dos voos da morte. Devemos continuar trabalhando para uma sociedade melhor, mais justa, mais humana, de modo que todo aquele horror não volte a acontecer mais. Isso (a morte) não fecha um ciclo. Além de Videla, é uma política que foi implementada em todo o país e na América Latina” – Adolfo Pérez Esquivel, escritor.

“O filho de mil prostitutas assassino Jorge Rafael Videla, digno militar argentino, acaba de morrer. Ele morreu, felizmente, em uma prisão. Seu desaparecimento é um alívio para todos. É raro que uma morte seja uma alegria, mas essa sim. Alguns, neste momento, lamentam que não tenha sofrido como suas vítimas. Sem ânimo e sem capacidade de comparar, acho que ele sofreu muito ao ver que os argentinos ricos que tinham encorajado e apoiado quando o seu governo torturava e matava, abandonaram-no com a cara clássica de não fui eu” – Martín Caparrós, jornalista.