Uruguai: El Condor não passará!

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A Justiça italiana condenou à prisão perpétua 23 dos 24 militares uruguaios acusados por crimes cometidos pelo Plano Condor. A sentença foi divulgada nessa segunda-feira, 08 de julho de 2019, no julgamento do Plano Condor, que acontece em Roma, na Itália. A notícia foi divulgada pelo Montevideo Portal.

Entre os condenados à prisão perpétua está o ex-militar uruguaio Jorge Nestor Troccoli, o único que se apresentou para o processo, pois reside na Itália desde que escapou da justiça do Uruguai em 2007 e, inicialmente, havia sido absolvido. O Gabinete do Promotor exigiu prisão perpétua para todos os acusados.

Em primeira instância, haviam sido condenados à prisão perpétua oito acusados, à revelia, sem se apresentarem em Roma, como o ditador boliviano Luis Garcia Meza, que morreu em abril de 2018, e seu ministro do Interior, Luis Arce Gómez. Também foram condenados o ex-presidente peruano Francisco Morales Bermúdez e seu primeiro ministro Pedro Richter Prada, que morreu em julho de 2017, o ex-militar peruano Germán Ruiz, os chilenos Hernán Ramírez e Rafael Ahumada Valderrama e o ex-chanceler uruguaio Juan Carlos Blanco.

Os uruguaios José Ricardo Arab, José Horacio Gavazzo, Juan Carlos Larcebeauy, Pedro Antonio Mato, Luis Alfredo Maurente, Ricardo José Medina, Ramos Ernesto Avelino Pereira, José de Santa Lima, Jorge Alberto Silveira, Ernesto Soca e Gilberto Vázquez também estão entre os militares acusados.

Vinte anos atrás, em 1999, alguns familiares dos desaparecidos de origem italiana denunciaram os fatos perante a Justiça do país europeu e hoje puderam ouvir o veredicto em segunda instância. Os fundamentos da sentença serão conhecidos em 90 dias.

Ex-presos políticos exortam o Judiciário uruguaio a seguir o exemplo da justiça italiana

O Tribunal de Roma condenou 23 dos 24 acusados à prisão perpétua pelos crimes no julgamento do Plano Condor.

Nesta segunda-feira (08/07) foi anunciado o veredicto no julgamento do Plano Condor que acontece em Roma, Itália, no qual foram condenados à prisão perpétua 23 dos 24 acusados de crimes.

A associação de ex-prisioneiros políticos Crysol comemorou a decisão e disse que “finalmente, em Roma, a justiça foi feita. A condenação do capitão Jorge Troccoli e Pedro ‘Burro’ Matos, ambos requisitados pela justiça uruguaia, adquire particular importância. Ambos, em liberdade, estão obrigados também a realizar reparações compensatórias”, diz ele.

Crysol observa que, na última etapa do processo, durante a fase de recurso, o governo uruguaio se envolveu “ativa e agressivamente para alcançar este resultado muito positivo e necessário para a justiça e para a saúde republicana de nossa sociedade. Devemos continuar alertas e vigilantes para que Tróccoli não volte a escapar e se efetive a prisão do capitão Mattos pela Interpol, para cumprir a merecida sentença”, diz a associação.

Por outro lado, aponta que “investigar, esclarecer e punir são ações essenciais para prevenir graves violações dos direitos humanos, para que nunca mais aconteçam. É um direito inalienável das próprias vítimas e uma necessidade de toda a sociedade. A exigência de justiça para as vítimas não merece a menor desqualificação. Tem sido, é e sempre será um passo decisivo para que haja justiça”.

Crysol observa que alguns dos condenados, em nosso país foram absolvidos pelos tribunais militares, “apesar da existência de uma condenação explícita da justiça uruguaia sobre eles”. Tal é o caso de José Nino Gavazzo, Jorge “Pajarito” Silveira, Jorge Luis Maurente e Larcebeau. “O tenente-general (r) Guido Manini Rios, fazendo campanha política de seu escritório, disse que tinha sido condenado pelos tribunais uruguaios arbitrária e injustamente. Mesmo hoje, há líderes militares de primeiro nível, com comando de tropas, tanto do Exército e da Marinha, que acreditam que esses criminosos internacionais, com suas ações criminosas, não feriram a honra das forças armadas. Refletem um senso de honra e uma escala de valores incompatíveis com um regime democrático e republicano”.

A este respeito, Crysol exige que o Poder Executivo passe para a reforma “imediatamente” todos os líderes militares do Exército e da Marinha “que endossaram a conduta desses criminosos”. “Não se deve esperar o consentimento dos senadores, os quais demonstraram, mais uma vez, além de discursos e declarações de intenção, que continuam a militar em favor da impunidade para todos os casos do passado recente”.

“O acórdão do Tribunal de Roma é o espelho em que o Judiciário deve olhar para sair da ineficácia que escandaliza a sociedade”, conclui o comunicado.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fontes:

https://www.montevideo.com.uy/Noticias/Justicia-italiana-condena-a-cadena-perpetua-a-militares-uruguayos-por-Plan-Condor-uc723642

https://www.montevideo.com.uy/Noticias/Ex-presos-politicos-instan-al-Poder-Judicial-a-seguir-el-ejemplo-de-la-Justicia-italiana-uc723793