Greve na Colômbia continua com forte repúdio às políticas neoliberais

Os dois primeiros dias da greve nacional agrária na Colômbia foram marcados por protestos nas ruas, repressão policial, prisão de manifestantes, enfrentamentos violentos, bloqueio de vias e repúdio às políticas “antitrabalhistas e antipopulares” do Estado.

Nesta quarta-feira, a Colômbia vive a terceira jornada da greve nacional agrária indefinida, convocada por diversos setores sociais, após dois dias marcados por protestos de rua, repressão policial, prisão de manifestantes, enfrentamentos violentos, bloqueio de vias e o repúdio às políticas “antitrabalhistas e antipopulares” do Estado colombiano.

Após a prisão de 22 pessoas no primeiro dia de greve, os enfrentamentos entre manifestantes e policiais deixaram, na terça-feira, um balanço de, ao menos, 61 presos e 15 vias bloqueadas por manifestantes que exigem o cessar “das políticas econômicas neoliberais do Governo e dos Tratados de Livre Comércio”.

Os bloqueios de estradas afetaram principalmente os departamentos de Arauca (centro-oeste), Boyacá (centro), Putumayo, Cauca e Nariño (sudeste), segundo afirmaram o Ministro do Interior, Fernando Carrillo, e o diretor da Polícia Nacional, general Rodolfo Palomino.

O chefe policial também informou que os detidos foram apresentados diante do Ministério Público, acusados de terem incorrido em “dano às propriedades alheias” e “violência contra a Polícia”.

No entanto, o Ministro destacou que “o bloqueio não só impossibilita a mobilidade dos colombianos, como também o diálogo com as autoridades. Na medida em que o protesto continuar sendo pacífico, existirão diálogo e soluções de tipo social”.

À medida que passam os dias, crescem os setores que se somam à greve e unem suas vozes para “repudiar as políticas antitrabalhistas e antipopulares que restringem e limitam direitos, privatizam instituições e entregam nossos recursos naturais às transnacionais”.

Assim informou um comunicado da Mesa Nacional Agropecuária e Popular de Interlocução e Acordo que, além disso, expõe que nas primeiras jornadas de mobilização foram registradas ao menos 54 concentrações em 17 dos 32 departamentos, com a participação de dezenas de milhares de manifestantes, que consideram o aumento da adesão nos próximos dias.

Até a presente data, a convocatória recebeu o apoio dos camponeses, mineradores, caminhoneiros, estudantes, operários, médicos, cafeicultores, produtores de café, de cana-de-açúcar, de arroz, de batata, pecuaristas e organizadores sociais que se identificam com as reivindicações ao Governo.

A Mesa Nacional também denunciou a falta de garantias para manifestar pacificamente e as contínuas agressões e rotulações do Estado, tal como aconteceu com os camponeses do Catatumbo e os mineradores artesanais, em greve há mais de um mês.

“As primeiras jornadas se caracterizaram pela criminalização, o uso desmedido da força e de armas de fogo para reprimir os manifestantes, a detenção e furto de equipamentos e material de jornalistas alternativos, além da detenção de defensores de direitos humanos”, afirmam os líderes da greve.

Acrescentam que têm recebido ameaças de grupos paramilitares, especificamente em várias comunidades de Antioquia (norte) e que a Polícia no Meta e Huila está oferecendo recompensas de até 10 milhões de pesos (uns cinco mil dólares) àqueles que identifiquem os dirigentes do protesto.

Marcha permanente

O presidente da Central Unitária de Trabalhadores (CUT), Domingo Tovar, manifestou que “esta semana será de marcha permanente. Já não é uma luta pelo salário, mas pela saúde, a educação e a recuperação do campo. Diz-se que o Governo é democrático, mas reprime”.

Tovar destacou que as marchas em Barranquilla, Medellín e Bucaramanga estiveram marcadas pela presença das centrais trabalhistas, pensionistas e estudantes, em Cali aderiram os trabalhadores da saúde, em Pereira a adesão veio do setor universitário e em Manizales os caminhoneiros e agricultores.

Diálogo mineiro

Por outro lado, está prevista uma reunião do ministro das Minas, Federico Renjifo Vélez, e o vice-ministro do Interior, Carlos Eduardo Gechem Sarmiento, com a Confederação Colombiana dos Mineiros, na procura de por fim à greve que já tem um mês.

“Graças à gestão de alguns partidos políticos, conseguimos que o Governo se sentasse novamente conosco, com o compromisso de centrar as discussões nos quatro pontos levantados como centrais”, disse Ramiro Restrepo, presidente da Confederação.

Fonte: http://www.telesurtv.net/articulos/2013/08/21/paro-agrario-en-colombia-continua-con-fuerte-rechazo-a-politicas-neoliberales-4484.html/#mediabox

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)