PARAGUAI PARA O 26 DE MARÇO

O Partido Comunista Paraguaio, membro da Frente Guasu, membro da Coordenação Democrática integrada por setores sindicais, camponeses e sociais; e o Partido Paraguai Pyahura, a Federação Nacional Campesina, a OTEP SN e a Corrente Sindical Classista, num claro e esperançoso gesto unitário, coincidiram em convocar a Greve Geral de amanhã, 26 de março, pelas seguintes consignas:

1. Pela revogação da Lei de Aliança Público Privada

2. Contra a política antipopular e antinacional do presidente Cartes

3. Pelo fim das repressões, imputações e detenções

4. Pela Reforma Agrária

5. Por uma Política Salarial, controle dos preços e recuperação do poder aquisitivo

6. Pela revogação da Lei de militarização e repúdio à instalação da base militar norte-americana em Santa Rosa do Aguaray, San Pedro.

7. Pela solução do Caso Curuguaty: Liberdade dos Campesinos presos e em greve de fome. Terra de Marina Kue para os camponese.

8. Pelo novo modelo de Desenvolvimento pela Maioria.

O rumo ao neoliberalismo e ao autoritarismo terrorista promovido pelo governo Cartes, fantoche traidor das potências estrangeiras saqueadoras, está prestes a chocar-se com a massiva e corajosa resistência do povo trabalhador e da juventude com sentimentos patrióticos. O descontentamento pela política antipopular e antinacional do governo cobra sua máxima expressão na Greve Geral de amanhã, que já é histórica pelo nível de apoio dos diferentes setores da população, desde funcionários públicos até vendedores, desde donas de casa até estudantes secundaristas e universitários, desde camponeses até artistas.

Os tecnocratas do governo tentaram criminalizar a Greve, acusando-a, de maneira depreciativa, de “política”. Porém, é claro que toda Greve Geral é política, já que reclama mudanças urgentes na política do país. Essa “acusação” apenas revela o vestígio 100% stronista daqueles que a utilizam.

Seguindo com sua lógica de serpente e garrote, o governo tentou de desarticular a Greve de diversas formas. A cada tentativa grosseira, o que conseguiu foi o contrário: aumentar o nível de popularidade da Greve. Apesar dos alto-falantes da imprensa patronal, a população sente diariamente que o salário mínimo serve apenas para se alimentar mal e viajar como sardinha.

Apesar das ameaças de repressão e imputação, o movimento social perdeu o medo de exigir com luta o que, por justiça social, lhe corresponde: trabalho digno e respeito ao direito à vida num ambiente são.

Cartes deve escutar o povo, mas o povo se fará escutar de todo modo. Claramente exige a revogação da Lei de Aliança Público Privada. Sobram argumentos para opor-se a esta lei: concentração de poder numa pessoa pisoteando a Constituição, perda de soberania jurídica, hipoteca do orçamento social com a dependência do Estado, aumento dos preços e tarifas de serviços básicos. É certo que existe um argumento ainda mais forte para revogar essa lei: a Democracia Participativa consagrada na Constituição exige que uma lei tão transcendental seja discutida pela sociedade. Precisamente foi isso que impediu Cartes a promulgasse aceleradamente, na base das chantagens e ameaças a parlamentares com tetos de vidro. Além do mais, após suas sinceras declarações para que empresários “usem e abusem do Paraguai”, fica clara a intencionalidade de Cartes com a lei de APP.

É fácil, como faz o governo, pedir que um trabalhador ou trabalhadora sobreviva com um salário mínimo como o atual, já que eles enviam seus filhos a colégios com mensalidades que superam esse salário mínimo. É fácil, como faz o governo, pedir que a população aceite viajar apertada todos os dias, já que eles o fazem em carros luxuosos. É fácil pedir aos camponeses que aguentem as fumigações enquanto eles compram produtos orgânicos nos shoppings. É fácil para o governo, porém não é fácil para o povo que sofre diariamente a tremenda injustiça social na própria carne.

Responsabilizamos o governo de Cartes por eventuais atos de violência ou represália contra os grevistas e compatriotas que desejam apoiar a Greve.

Conclamamos todo o povo a unir-se à Greve Geral, somar-se aos diferentes piquetes e fortalecer a unidade popular com organização e consciência patriótica, única garantia do triunfo de causas sociais de paz, justiça e igualdade.

Partido Comunista Paraguaio, 25 de março de 2014

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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