A unidade do povo e os que enganam em seu nome

Dentro do pluralismo, da amplitude e da heterogeneidade do movimento cidadão e camponês nos pronunciamos pelo fortalecimento da corrente e do agrupamento revolucionário que trabalha e luta pela democracia com justiça social e pela soberania nacional contra a intervenção imperialista.

Criticamos e questionamos individualidades e setores que se remetem ao terrorismo de Estado da época da tirania de Stroessner e com o terrorismo de Estado do Governo de Horacio Cartes. Não é admissível a impunidade para os repressores de ontem e de hoje. Como na Argentina, devem ser processados e encarcerados pelos crimes de lesa humanidade cometidos contra nosso povo e na “Operação Condor”.

De dentro e de fora da Frente Guasu, nós comunistas trabalhamos diariamente por um Congresso Democrático do Povo, que se some à maioria de compatriotas e, com sacrifício e honestidade, enfrentam o governo de Cartes, com sua maioria parlamentar e seu servilismo do Poder Jurídico, e também a conhecidos (em alguns casos, infelizmente esquecidos) aproveitadores oportunistas que, supostamente, confrontam “sinceramente” o cartismo neoliberal, repressor e traidores da pátria.

Com esta posição, reivindicamos a luta pela recuperação das terras desabitadas, que giram em torno de 8 milhões de hectares, individualizadas no Informe da Comissão da Verdade e Justiça, Tomo N° 4. Defendemos a resistência às fumigações ilegais de produtores de sojas e nos solidarizamos ativamente com nossas companheiras e nossos companheiros da Federação Nacional Camponesa (FNC), como também com as dezenas de grupos do campesinato empobrecido que continuam lutando por um país produtivo para as maiorias.

Repudiamos energicamente o Terrorismo de Estado do cartismo traidor da pátria e repressor.

Exigimos o fim da brutal repressão e militarização em Concepción, San Pedro e Canindeyú. Exigimos a liberdade de todos os presos políticos, entre eles a de Rubén Villalba, em greve de fome. Participamos e nos solidarizamos com a justa luta dos médicos, dos educadores e dos estudantes por suas reivindicações, que são as do povo.

Sabemos que para obter trabalho, terra, liberdade, saúde, educação, habitação, vestimenta, alimentação, cultura e diversão de qualidade para todos, é necessário organizarmos para uma luta de massas, de milhões contra esses poucos que preferem se aliar com os interesses do capital transnacional capitaneado pelos EUA, para enriquecer e continuar enganando as maiorias com falsas promessas.

O único caminho é a classe trabalhadora do campo e da cidade. Essa classe trabalhadora sacrificada, honesta e patriótica, sem velhos caudilhos que se aproveitam de esquecimentos e desconhecimentos para continuar enganando.

É neste sentido que questionamos o ato de domingo passado, no dia 5 de outubro, na Ciudade del Este, onde Fernando Lugo, Sixto Pereira, Ramón Duarte e o Partido Popular Tekojoja participaram e no qual apareceram conhecidos aproveitadores do povo, como o stronista confesso, Flaviano Díaz, e o liberal, em algumas ocasiões oviedista e em outras defensor de Cartes, Waldemar Zarate. Por atrás de Flaviano Díaz se esconde, no início anunciado como um dos oradores pelo ato, Leandro Prieto Yegros, conhecido “teórico” e militante da tirania stronista. E, então, dizemos a Fernando Lugo, ao Senador Sixto Pereira, ao deputado Ramón Duarte e ao Tekojoja: com o povo sim, com aproveitadores que estão à frente de supostos projetos populares, rotundamente NÃO!

Não estivemos e nem estamos de acordo com articular um bloco de unidade do povo com pessoas que reivindicam a tirania militar fascista de Stroessner ou do General Oviedo, atentando que ambas as personalidades saquearam o Estado paraguaio e se tornaram multimilionárias, roubando o povo, além de reprimir, perseguir, exilar, encarcerar, torturar e desaparecer milhares de compatriotas.

Tampouco estivemos e nem estamos de acordo com que Lugo deva pedir licença da presidência da Frente Guasu para relacionar-se com o povo. Milhares de militantes da Frente Guasu, com muito orgulho e muita honra, estão todos os dias relacionando-se com o povo e construindo, ombro a ombro, nos bairros, comunidades, fazendas, locais de trabalho e de estudo, o Congresso Democrático do Povo, ao calor das lutas, lutas que geram muitos riscos, repressões, imputações, encarceramentos e até assassinatos.

Afirmamos que esta prematura instalação do debate sobre as candidaturas para 2018 não faz mais que enfraquecer o intenso processo de lutas e unidade crescente para enfrentar as políticas de fome, desemprego, privatização, perseguição ao povo organizado e repressão promovida pelo governo atual. É possível e justo lutar para governar em 2018, caso as lutas populares aumentarem e conseguirmos derrotar o governo atual em seus planos de saqueio, caso estas lutas se constituem em uma garantia para construir uma ampla aliança com setores democráticos e, sobretudo, para o cumprimento de um programa pelo desenvolvimento das maiorias, o que não é possível levar adiante com os setores conservadores, corruptos ligados ao pior do passado e presente do terrorismo de estado.

Somos conscientes de que os processos são complexos e que as contradições são parte deles, porém, justamente, consideramos que se não trabalharmos insistentemente para superá-las, arriscamos o esforço e os avanços de nossas lutas. Lutas nas quais se encontram milhares de frentistas.

Com a mesma firmeza, reafirmamos nosso pertencimento à Frente Guasu, trabalhando diariamente pela unidade de nosso povo para derrotar Cartes e sua maioria parlamentar arrendada, organizando o próximo Congresso Nacional da Frente Guasu, previsto para a 30 de novembro, e contribuindo com humildade, combatividade e sinceridade para a libertação do povo paraguaio em fraternidade com todos os povos trabalhadores de Nossa América e do mundo.

Participamos com entusiasmo na construção do Congresso Democrático do Povo, que é uma das mais efetivas expressões do movimento popular e que entendemos ser uma ferramenta que deve estar aberta a todos os setores democráticos e patrióticos, que se opõem à política neoliberal e terrorista do governo de Horacio Cartes.

Pela construção do poder democrático e popular fortalecendo a corrente e o polo revolucionário dentro do movimento popular.

Viva o Congresso Democrático do Povo!

Pelo fortalecimento da alternativa e da corrente revolucionária e anti-imperialista dentro do movimento popular!

Só a solidariedade democrática e popular, unida e organizada nos fará livres!

Comissão Política

Partido Comunista Paraguaio

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