Cinco jovens: Rio deveria instalar painel eletrônico com mortos olímpicos

imagemLeonardo Sakamoto

É claro que não há ordens para metralhar jovens pobres da periferia. Mas nem precisaria. A polícia em uma grande metrópole, como o Rio ou São Paulo, é treinada para, primeiro, garantir a qualidade de vida e o patrimônio de quem vive na parte “cartão postal” das cidades e, só depois, garantir o mesmo para outras camadas sociais. Temendo que a parte “encardida” da cidade estrague a festa, a cobrança aos policiais por resultados vai criar mais situações como essa.

Muita gente boa tem escrito sobre a possibilidade de terrorismo internacional nos Jogos, ao analisar as possibilidades midiáticas de difusão do medo pelos açougueiros do califado islâmico. Mas, por enquanto, esse é apenas um risco, enquanto que o terrorismo de Estado contra a própria população já é uma realidade.

Isso sem contar que o Rio cria entraves à liberdade de expressão ao reprimir ainda mais o punhado de direitos das comunidades pobres que ainda não foram defenestrados. A população cada vez mais teme seu governo ao invés de respeitá-lo. Dessa forma, vamos nos afastando das mudanças estruturais para garantir paz – que incluem um Estado que pense em qualidade de vida para todos e, ao mesmo tempo, em um horizonte de opções para os mais jovens que saem em busca de um lugar no mundo e caem no colo do tráfico.

Ações que deveriam ser discutidas e construídas com a participação popular e não de cima para baixo, como se soubéssemos o que é melhor para os outros. Em vez de chamar ao diálogo, que poderia ter evitado, inclusive, remoções forçadas em nome dos Jogos, o Rio renova seu estoque de gás lacrimogênio, lançando mão de caveirões e bombas. Que limpam a cidade para os “homens e mulheres de bem”, além de esportistas, jornalistas, políticos e turistas como se a dignidade fosse uma grande UPP.

Quando a população vai à rua protestar contra a redivisão dos royalties do petróleo, as elites econômica e política acham tudo bonito. Quando as pautas são sociais, pau neles. E quando é com pobre, aí é bala mesmo. Lembra os verde-olivas que adoravam uma marcha cívica, mas desciam o cacete nos estudantes que protestavam e nas “hordas de bárbaros” quando elas saíam da casinha.

(Paulada que a vizinha São Paulo se prepara para dar nos estudantes que protestam contra o fechamento de dezenas escolas e a recolocação forçada de milhares de alunos.)

Isso lembra a todos que a cidade é para alguns que têm um tanto na conta bancária e pensam de uma determinada forma. Esses podem participar dos destinos de sua pólis e ser tratados com dignidade. Para os outros, resta um “Rio: ame-o ou deixe-o”.

Por fim, boa parte dos policiais envolvidos nesses momentos são da mesma classe social dos moradores e traficantes que também tombam. Ou seja, é pobre (mal remunerado, mal treinado, maltratado) matando pobre enquanto quem manda ou lucra de verdade com todo o circo está arrotando comida chique em outro lugar.

Ninguém passa atirando a esmo em um carro no Leblon ou em Moema. Por que isso ocorre em Costa Barros, na Zona Norte do Rio? Porque lá a vida vale menos, ué.

É claro que não há ordens para metralhar jovens pobres da periferia. Mas nem precisaria. A polícia em uma grande metrópole, como o Rio ou São Paulo, é treinada para, primeiro, garantir a qualidade de vida e o patrimônio de quem vive na parte “cartão postal” das cidades e, só depois, garantir o mesmo para outras camadas sociais. Temendo que a parte “encardida” da cidade estrague a festa, a cobrança aos policiais por resultados vai criar mais situações como essa.

Muita gente boa tem escrito sobre a possibilidade de terrorismo internacional nos Jogos, ao analisar as possibilidades midiáticas de difusão do medo pelos açougueiros do califado islâmico. Mas, por enquanto, esse é apenas um risco, enquanto que o terrorismo de Estado contra a própria população já é uma realidade.

Isso sem contar que o Rio cria entraves à liberdade de expressão ao reprimir ainda mais o punhado de direitos das comunidades pobres que ainda não foram defenestrados. A população cada vez mais teme seu governo ao invés de respeitá-lo. Dessa forma, vamos nos afastando das mudanças estruturais para garantir paz – que incluem um Estado que pense em qualidade de vida para todos e, ao mesmo tempo, em um horizonte de opções para os mais jovens que saem em busca de um lugar no mundo e caem no colo do tráfico.

Ações que deveriam ser discutidas e construídas com a participação popular e não de cima para baixo, como se soubéssemos o que é melhor para os outros. Em vez de chamar ao diálogo, que poderia ter evitado, inclusive, remoções forçadas em nome dos Jogos, o Rio renova seu estoque de gás lacrimogênio, lançando mão de caveirões e bombas. Que limpam a cidade para os “homens e mulheres de bem”, além de esportistas, jornalistas, políticos e turistas como se a dignidade fosse uma grande UPP.

Quando a população vai à rua protestar contra a redivisão dos royalties do petróleo, as elites econômica e política acham tudo bonito. Quando as pautas são sociais, pau neles. E quando é com pobre, aí é bala mesmo. Lembra os verde-olivas que adoravam uma marcha cívica, mas desciam o cacete nos estudantes que protestavam e nas “hordas de bárbaros” quando elas saíam da casinha.

(Paulada que a vizinha São Paulo se prepara para dar nos estudantes que protestam contra o fechamento de dezenas escolas e a recolocação forçada de milhares de alunos.)

Isso lembra a todos que a cidade é para alguns que têm um tanto na conta bancária e pensam de uma determinada forma. Esses podem participar dos destinos de sua pólis e ser tratados com dignidade. Para os outros, resta um “Rio: ame-o ou deixe-o”.

Por fim, boa parte dos policiais envolvidos nesses momentos são da mesma classe social dos moradores e traficantes que também tombam. Ou seja, é pobre (mal remunerado, mal treinado, maltratado) matando pobre enquanto quem manda ou lucra de verdade com todo o circo está arrotando comida chique em outro lugar.

Ninguém passa atirando a esmo em um carro no Leblon ou em Moema. Por que isso ocorre em Costa Barros, na Zona Norte do Rio? Porque lá a vida vale menos, ué.

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/11/30/cinco-jovens-rio-deveria-instalar-painel-eletronico-com-mortos-olimpicos/