Sahara/El Aaiún: A República Árabe Saharaui Democrática denuncia
A situação em El Aaiún não melhora. Segundo dados da República Árabe Saharauri Democrática (RASD), já são pelo menos 19 saharauis mortos pelos agentes e colonos marroquinos, que exibem os cadáveres, alguns deles degolados, nas ruas para atemorizar a população saharaui. “El Aaiún lembra o Chile de Pinochet”, declarou o Ministro do Exterior de Saharaui, Mohammed Uid Salek.
República Árabe Saharauri Democrática (RASD) assegurou ontem que são pelo menos 19 mortos saharauis em El Aaiún e denunciou que a capital de Sahara Ocidental vive situação de terror onde agentes marroquinos abandonam os cadáveres nas ruas para espalhar pânico entre a população. Além disso, o Governo saharaui estima que há 723 feridos e 150 desaparecidos.
Em declarações à Efe, o Ministro do Exterior de Saharaui, Mohammed Uld Salek, afirmou que nos bairros com maior presença saharaui na cidade “estavam aparecendo corpos degolados e cadáveres com ferimentos a bala, alguns deles eram crianças em condições difíceis até para a identificação”.
“A televisão marroquina mostra imagens de aparentemente calmaria nas zonas de colonos marroquinos, mas nos bairros saharauis os marroquinos matam pessoas e as deixam nas ruas, é um terror que faz lembrar o que fez Pinochet no Chile”, disse Uld Salek.
Salek afirmou ainda que “os militares e policiais marroquinos queimam qualquer carro saharaui em seu caminho para privar o povo saharaui de seus meios de transportes, nomeadamente o antigo Land Rover, um símbolo que substituiu os camelos dos nômades”.
Salek denunciou que “dezenas de policiais a paisana e colonos marroquinos armados com facões e paus adentram às residências saharauis desferindo golpes nas pessoas, depois levam muitas delas a lugares desconhecidos”.
O Ministro saharaui assegurou que “muitas pessoas se encontram desaparecidas”, alguns porque fugiram depois da entrada das forças marroquinas no acampamento de Gdeim Izik, onde foram retirados seus telefones móveis, dos quais não se tem notícias.
“Esperamos que o Conselho de Segurança (da ONU) adote uma posição clara e contundente condenando estes fatos e enviando urgentemente uma missão de investigação à região”, afirmou Uld Salek.
Madrid se enrola
A Ministra espanhola do Exterior, Trindad Jiménez, negou ontem que Madrid tivesse informação de que Marrocos estava levando a cabo o desalojamento à força do acampamento de Gdeim Izik, tal como ontem publicou o diário El País.
Jiménez, em declaração aos jornalistas em Quito, assegurou que durante a reunião que manteve em 3 de novembro em Madrid com seu homólogo marroquino, Tayed Fasi Fihi, “não houviu nenhum comentário, nenhum tipo de informação, nada que pudesse conduzir a pensar” que a Polícia de Marrocos ía desmantelar o acampamento”.
O Ministro espanhol da Presidência, Ramám Jáuregui, por sua vez, teve de retificar a si mesmo. Em uma audiência no Congresso sobre a proibição a jornalistas para chegar a El Aaiún por parte de Marrocos, Jáuregui declarou que a admissão no território é parte do núcleo duro da soberania de um país”.
Horas depois teve que pontuar que a soberania de Sahara Ocidental não corresponde a Marrocos, já que Rabat unicamente administra a ex-colônia espanhola.
A França, por sua vez, pediu ontem que se acelerem os esforços para se alcançar um acordo político sobre Sahara Ocidental, “um conflito que já durou muito”, e insistiu que devem impulsionar as negociações em andamento sob a supervisão da ONU, enquanto apoiou o plano marroquino de autonomia para o território.
GARA
NEXO
Traduzido por Dario da Silva