Uma alternativa vermelha e tricolor indispensável

– Comunicado de imprensa do Pôle de Renaissance Communiste en France (Polo de Renascimento Comunista na França – PRCF) após o primeiro turno das eleições legislativas

PRCF [*]

O resultado do primeiro turno das eleições legislativas na França confirma a vontade dos trabalhadores de pôr fim a uma Macronie politicamente carbonizada, mas também a necessidade URGENTE de construir uma verdadeira alternativa para combater efetivamente a extrema-direita. É por isso que o PRCF liderou uma campanha altamente política e coerente para o boicote da votação europeísta e para as eleições legislativas, combinando a luta antirracista e antifascista essencial com a luta não menos essencial por uma Frente verdadeiramente popular. Os militantes do PRCF e da JRCF (Juventude) não pouparam esforços para distribuir as propostas contendo trinta medidas imediatas nos mercados populares e nas portas das empresas, demonstrando ao mesmo tempo a inépcia e o perigo do programa antipopular e antipatriótico apresentado pelo Rallye Lepeno-Bardellista e os seus satélites que, entre outras coisas, não querem o Frexit.

Gostaríamos de felicitar particularmente os jovens camaradas-candidatos que corajosamente submeteram à votação as propostas do PRCF, e todos os trabalhadores que depositaram a sua confiança neles, apesar da censura quase total ao PRCF. Queremos também agradecer a todos aqueles, apoiantes e militantes, que contribuíram para esta campanha através do seu apoio financeiro, bem como aos membros do comitê nacional de apoio que deram o seu contributo intelectual e político para esta campanha essencial, que não para e não vai parar.

De fato, na continuidade da pré-campanha para as eleições presidenciais de 2022, a campanha política do PRCF continuará no segundo turno, numa altura em que, de acordo com as sondagens, o partido de Macron foi reduzido ao mínimo e a extrema-direita poderá ver o seu número de deputados quase triplicar. O que não é de admirar, uma vez que Macron – ainda apresentado pelos membros da Nova Frente Popular como um “bloqueio antifascista”, após sete anos de políticas fascistas! – alimentou a dupla Le Pen-Bardella e os seus satélites, amplificando a marcha para a guerra mundial, o salto federal europeu e a destruição euro-atlântica do país. Aliás, como o PRCF afirma há anos, a abstenção tornou-se um inimigo perigoso em favor do RN [Rassemblement National] – Reagrupamento Nacional (partido da extrema-direita): há anos que o aumento da participação eleitoral o favorece cada vez mais e ele vem se beneficiando de um voto de adesão (por razões racistas ou outras).

É por isso que o PRCF persegue dois objetivos: apresentar uma verdadeira alternativa progressista e confrontar efetivamente a extrema-direita. A este respeito, consciente da situação, o PRCF apela ao voto em 7 de julho nos candidatos do PCF e da LFI [La France Insoumise – França Insubmissa] com o único objetivo de bloquear a RN, Zemmour e Ciotti; o mesmo se aplica ao combate à Macronie e ao LR [Les Républicains – Republicanos], um trampolim pseudo-republicano para a fascistização. Impedir a eleição do maior número possível de deputados do RN é uma necessidade antifascista incontornável, tanto mais que o RN amplificará a mesma política de submissão euro-atlântica, de destruição dos serviços públicos, das conquistas sociais, das liberdades democráticas e da República una, indivisível e laica, permitindo ao mesmo tempo o florescimento da violência xenófoba e antipopular. Acabar com este partido falsamente “patriótico”, totalmente subserviente à UE-OTAN e à oligarquia capitalista, é também uma questão de honra para todos aqueles que prezam a França do Iluminismo, dos Sans-Culottes, dos Comunardos, da Resistência e da autêntica Frente Popular de 1936.

A condução da luta antifascista exige uma linha coerente que formações como o EELV [Europe Ecologie Les Verts – Os Verdes] ou o PS (Partido Socialista) são claramente incapazes de conduzir. Além disso, se fosse respeitada, a instrução segundo a qual os candidatos da NFP [Nouveau Front populaire – Nova Frente Popular] que ficassem em terceiro lugar deveriam retirar-se automaticamente a favor do adversário do RN no segundo turno, fosse ele quem fosse, levaria a NFP a fazer campanha por Laurent Wauquier ou Gérald Darmanin. No entanto, estes têm uma enorme responsabilidade na fascização do país: o primeiro por apresentar um LR de direita e ter aberto caminho ao sinistro Éric Ciotti; o segundo como arquiteto da escandalosa “lei da imigração”, apoiada com entusiasmo pelo RN!

Além disso, não há ilusões sobre o “programa de ruptura” da NFP, que recicla promotores objetivos do fascismo como François Hollande e adotou a linha euro-atlântica do PS, do EELV e de Raphaël Glucksmann, impulsionando objetivamente a guerra mundial contra a Rússia. Ao não prever uma verdadeira relação de forças com a UE do Capital, o FMI, a OMC e a OTAN, tal como proposto pelo LFI em 2017, para alcançar as suas promessas sociais, a NFP está condenado ao fracasso a longo prazo, como em 1982-1983, como em 1997-2002 e como em 2012.

O PRCF tem alertado o PCF e o LFI há anos para essa deriva, e mais uma vez neste primeiro turno, questionando diretamente vários candidatos do PCF e do LFI que, na sua grande maioria, optaram pelo habitual silêncio desdenhoso. O voto crítico do PRCF a favor dos candidatos do LFI e do PCF, apesar do grave sectarismo das direções destes partidos, deve portanto ser visto sobretudo como uma mão estendida aos militantes de base que se dizem comunistas e “insubordinados”, e como um apelo a criar com eles, assim como com os sindicalistas em luta, uma verdadeira Frente antifascista, popular, pacífica, patriótica e ecologista, ancorada num amplo movimento do povo trabalhador e da juventude popular.

Para além do ciclo eleitoral, é vital intensificar a luta pela reconstrução de um verdadeiro partido comunista, independente da social-democracia euro-atlântica (incluindo o LFI) que, em diferentes graus, acaba sempre por preferir a Europa atlântica à luta pelo socialismo. É também necessário intensificar a luta por um sindicalismo combativo que rompa TOTALMENTE com os euro-líderes confederados alinhados com Laurent Berger, que difundem a mentira de uma “Europa social, pacífica e democrática”, enquanto o Estado federal e o exército europeu em formação estão totalmente orientados contra a soberania dos povos, contra uma Europa de lutas e contra a paz no nosso continente.

Num momento em que o país pode tornar-se definitivamente ingovernável – e, consequentemente, correr o risco de se afundar, mais cedo ou mais tarde, no fascismo – chegou a hora de deixar de confiar alegremente na “esquerda” estabelecida para derrotar a Macronie e todos os direitistas radicalizados. É tempo de a Alternativa Vermelha e Tricolor romper com o euro, a UE, a OTAN e o capitalismo, como propõe o PRCF, condição indispensável para garantir a paz continental e reconstruir verdadeiramente a França dos trabalhadores!

01/Julho/2024
[*] Pôle de Renaissance Communiste en France – Polo de Renascimento Comunista na França

O original encontra-se em www.initiative-communiste.fr/articles/prcf/vers-un-pays-definitivement-ingouvernable-et-une-alternative-rouge-et-tricolore-indispensable-legislatives2024-communique/

Este comunicado encontra-se em resistir.info