Israel faria empalidecer o próprio Herodes
(por Carlos Aznárez)
Resumen Latinoamericano/ 17 de agosto de 2016 – A atitude despótica que Israel demonstra diariamente contra o povo palestino se iguala à praticada pela África do Sul durante os anos de Apartheid, que foi logicamente repudiado pela comunidade internacional. No entanto, Israel e o sionismo que controlam há anos seu governo parecem ter luz verde para as barbaridades que sua política repressiva comete no marco de uma ocupação ilegal a partir de todo ponto de vista.
Não basta manter nas prisões do horror mais de 7.000 prisioneiros e prisioneiras palestinas, ou ter enviado ao cárcere, no ano de 2016, 560 menores de idade só da zona de Jerusalém. Agora também voltou a desafiar (ou provocar) a racionalidade, sancionando uma lei de nível parlamentar que permite a detenção de crianças de 12 anos que tenham cometido delitos contra a segurança israelense. Isto que em qualquer outro país do mundo geraria uma onda de protestos e intervenções de organismos defensores da infância, como a UNICEF, ou outras plataformas de direitos humanos, não custa nada a Israel.
Todo este último levante repressivo começou, é preciso recordar, no ano passado, quando um grupo de colonos ultrassionistas acompanhados por integrantes do exército, bloqueou as ruas de Jerusalém, tentou entrar na Mesquita de Al Aqsa e, como ocorreu resistência por parte dos defensores da mesma e de numerosos jovens palestinos, os atacantes geraram um tumulto e atiraram bombas no interior do lugar sagrado para os muçulmanos. A partir desse momento, se desencadearam múltiplos protestos em toda Cisjordânia e também em Gaza.
O exército israelense vem reprimindo brutalmente. Desde então, centenas de palestinos foram assassinados, detidos e muitos deles torturados. Dada a dificuldade que o governo sionista tem para submeter aqueles que todos os dias resistem nas ruas, surgem ideias descabeladas como a que agora o Congresso israelense coloca em prática.
“Se é preciso encarcerar os terroristas e seus filhos, o faremos com gosto para assegurar a paz”, disse a ministra da Justiça, Ayelet Shaked, a mesma que adquiriu notoriedade quando, sendo deputada pelo partido Lar Judeu, propôs assassinar todas as mães palestinas que davam a luz a “pequenas serpentes”. Estas propostas e outras similares têm inquestionável peso em importantes setores da sociedade israelense e é por isso que ninguém acha absurdo quando parlamentares de um país que tem legalizada a tortura, agora aponte toda sua bateria repressiva contra meninos e meninas palestinos de apenas 12 anos. Em virtude disso, estas criaturas podem ser detidas, interrogadas durante mais de um mês (isso marca a obscura “legalidade” sionista), pressionadas com todo tipo de torturas psicológicas e não poucos golpes (desses que não deixam marcas, e que por dúvida alguma um organismo internacional ousaria interessar-se no caso) e, finalmente, enviadas a esses cárceres-tumba pelos quais passaram centenas de menores.
A decisão deste Parlamento do terror estatal não deixa dúvidas sobre o que está sendo posto em marcha, já que a nova lei permite deter menores de 12, 13 e 14 anos que sejam acusados de lançar pedras ou “atacar civis israelenses e pessoal militar”. Também dá liberdade aos tribunais israelenses “para adiar a data da transferência do menor condenado de uma instalação fechada a uma prisão, reduzir a sentença de prisão do menor sentenciado ou cancela-la”. Com a nova norma, os tribunais decidirão se um menor de até 12 anos pode ser condenado à prisão, porém enquanto durarem esses “debates” nas Cortes, “o menor deve permanecer encarcerado em uma instalação fechada”.
Aqui vale fazer um esclarecimento que descobre ainda mais o absurdo desta legislação: na grande maioria dos casos, são os cidadãos israelenses que atuam como juízes improvisados já que apontam com seu dedo homens, mulheres ou crianças que lhes pareçam – dentro de sua paranoia belicista habitual – poder converter-se ou se fazerem suspeitos de realizar uma agressão. Sem duvida-lo, a soldadesca israelense, no melhor dos casos, os detém. No pior, os assassina sem mais escrúpulos. Ali, existem dezenas de vídeos mostrando estas execuções sumárias.
Portanto, “a maior democracia do Oriente Médio”, nas palavras do carniceiro Netanyahu, produz desta forma um novo argumento que faria empalidecer o próprio Herodes. Apontam aqueles que mais temem: a infância palestina, esses meninos e meninas que, pela imposição da ocupação, substituíram os jogos e diversões que são habituais em seus coleguinhas do mundo e correm pelas ruas esgrimindo a arma mais temida: com seus pequenos dedinhos fazem o V da vitória.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2016/08/17/israel-haria-empalidecer-al-propio-herodes-por-carlos-aznarez/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)