OTAN à porta

imagemPor Luis Britto García, Resumen Latinoamericano, 14 de janeiro de 2017

A agenda da direita ibero-americana é fixada a partir da Espanha por uma Fundação para a Análise Econômica e Social (FAES) auspiciada por Felipe González e dedicada a “incorporar a América Latina ao Ocidente”. Com “o objetivo comum de derrotar democraticamente o projeto do socialismo do século XXI”, propôs em 2007 uma “Agenda pela Liberdade” que inclui criar uma Internacional das Direitas, erradicar o ensino universitário gratuito e proibir as expropriações. Pelo qual “a América Latina deve cooperar em matéria de segurança e luta contra o terrorismo internacional junto da Europa e América do Norte, mediante a criação de uma associação estratégica entre a OTAN e a Colômbia”. Assinam o documento Julio Borges e Leopoldo López.

2

Em 2016, o presidente Santos confessou que preparava uma associação estratégica de seu país com a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Não é a primeira vez que a República Irmã subordina seus exércitos aos interesses imperiais. Em 1901, forneceu 6.000 soldados para que Carlos Rangel Garboras invadisse a Venezuela e impedisse a restituição da Grã-Colômbia. Desde 1951, enviou três fragatas e 4.750 efetivos para morrer na Guerra da Coreia. Milhares de mercenários colombianos servem no Exército dos Emirados Árabes, em Dubai, Afeganistão, Iêmen…

3

A associação criminosa conhecida como OTAN compreende 28 Estados membros, 22 países que a apoiam em “Aliança pela paz”, e 15 colaboradores; desembolsa 75% do gasto armamentista do planeta e ampliou os seus. Enquanto existiu a União Soviética, a OTAN se limitou a efetuar bombásticos exercícios militares, a viver a custa dos países que ocupava e a afirmar que defendia o mundo contra os soviéticos. Desaparecidos estes, em lugar de se dissolver, a OTAN aproveitou a falta do poder que garantia o equilíbrio mundial para desatar uma sucessão de genocídios contra a Sérvia, Afeganistão, Iraque, Somália, Líbia, Iêmen e Síria.

4

Entre ela e os Estados Unidos totalizam 785 bases militares no mundo. Na Argentina, a OTAN opera as bases das Malvinas, Georgias e Sandwich; no nosso Atlântico Sul, as de Tristan da Cunha, Santa Helena e Ascensión. Os EUA são membros da OTAN. Também podemos atribuir-lhes sete bases estadunidenses na Colômbia e outra cinquenta delas estabelecidas ao longo de Nossa América. O corredor estratégico do Plano Puebla-Panamá começa nos Estados Unidos e penetra na América do Sul apoiando-se em um exército colombiano de meio milhão de homens, segundo seu Orçamento de Defesa. Após a assinatura dos Acordos de Paz, esta superdimensionada milícia não tem função, a menos que assuma a tarefa de livrar seu próprio território das bases estrangeiras que o ocupam. Passou mais de meio século lutando contra seus compatriotas: não se tem ciência de que tenha dedicado um só dia a combater o Império que lhe arrebatou o Panamá.

5

O propósito de tão custoso aparato é esmagar pela força a soberania e os movimentos progressistas de nossos países para apoderar-se das riquezas e da mão de obra da região. Não é coisa de pouca importância ter como vizinha a mais formidável aliança militar do mundo, além de possuir recursos dos quais precisamente depende o destino deste. Sobretudo, quando a última estratégia do Império é terceirizar suas guerras mediante aliados, mercenários, sicários, paramilitares ou ditadores. A situação requer a mais contundente resposta da ALBA, da UNASUL, da CELAC e do MERCOSUL. Pois, em última instância, este cerco também visa aniquilar o Brasil, membro do BRICS e principal competidor potencial dos Estados Unidos no hemisfério. A luta por nossa Independência não acabou em Ayacucho. Guerra avisada não mata soberania.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2017/01/15/otan-a-la-puerta/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Categoria