Construir a resistência socialista frente aos ataques da burguesia!
O PODER POPULAR Nº 22 – EDIÇÃO ESPECIAL DA UJC
O cenário de ataques aos direitos dos trabalhadores e jovens brasileiros não é uma exclusividade do nosso país. A crise sistêmica do capitalismo tem intensificado as disputas, contradições e cisões entre os grandes monopólios nacionais e internacionais. As guerras, o desemprego, a fome, a xenofobia, os golpes políticos, o aumento da exploração e o crescimento da extrema direita têm sido alguns dos efeitos causados pela ofensiva imperialista em todo mundo.
Os centros hegemônicos imperialistas (EUA, União Europeia e seus aliados) atacam diversos povos, saqueiam riquezas de outros países, impõem uma agenda regressiva civilizatória contra os direitos sociais, políticos e trabalhistas no mundo, promovem guerras e controlam quase toda a informação que circula globalmente, através dos monopólios midiáticos.
A UJC-Brasil se solidariza com todas as juventudes em luta contra o capitalismo e o imperialismo. Denunciamos os ataques dos centros imperialistas aos povos sírio, palestino, afegão, iraniano, norte-coreano, assim como na América Latina.
Na América Latina, a ofensiva imperialista, hoje, se concentra na Venezuela, onde se desenvolveu a experiência recente mais avançada de um governo popular. Sabemos dos limites e desvios do governo de Nicolás Maduro; no entanto, apesar de todos os ataques da direita fascista venezuelana e do imperialismo, a organização popular resiste neste país, defendendo suas conquistas. Nesse sentido, apoiamos os camaradas da Juventude Comunista Venezuelana (JCV), a real alternativa revolucionária e proletária para a juventude na Venezuela.
No Brasil, as contradições interburguesas e interimperialistas geram uma onda implacável de ataques aos trabalhadores e à juventude. Os grandes oligopólios midiáticos e setores do poder judiciário tentam impor as pautas anticorrupção e antipolítica para manobrar a população, de acordo com os seus obscuros interesses. A seletividade da “Operação Lava-Jato” demonstra uma clara direção política e econômica nos rumos das operações.
Os anos dos governos petistas, de conciliação de classes, muito contribuíram para o acúmulo de forças da direita e extrema direita brasileira. Ao contrário do que muitos defensores acríticos desses governos pregavam, a política de conciliação, favorável ao crescimento do capitalismo brasileiro, desmobilizou e desorganizou as principais entidades dos trabalhadores e da juventude. A UJS e seus aliados (correntes do PT, JPMDB, JPSB, JPSDB) transformaram a UNE, na época, em correia de transmissão do MEC. A direção majoritária da UNE foi cúmplice das políticas de fortalecimento do setor privado na educação brasileira, em que pese a pequena ampliação de vagas nas universidades.
O governo golpista e ilegítimo de Michel Temer, a serviço dos patrões, vem realizando um conjunto de medidas antipopulares para favorecer os bancos, o agronegócio e as grandes empresas em geral.
Aprovou, no Parlamento, um ajuste fiscal por 20 anos, cujo objetivo é congelar os gastos públicos, reduzir as verbas para saúde e educação, de forma a privatizar os hospitais e as escolas públicas, além de cortar os recursos para as áreas sociais. A quadrilha de Temer também aprovou a “Lei das Terceirizações” que, na prática, revoga grande parte da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), reduzindo direitos, salários e garantias dos trabalhadores. Com essa lei, as empresas podem terceirizar todas as suas atividades, o que resultará no rebaixamento dos salários e na precarização das condições de trabalho. Além disso, o governo quer aprovar uma reforma trabalhista e a Reforma da Previdência, para acabar de vez com os direitos dos trabalhadores, que foram conquistados com muita luta. Essas duas medidas favorecem o trabalho escravo no campo, retiram os direitos dos trabalhadores nas cidades, configurando-se, assim, o mais brutal retrocesso contra o proletariado brasileiro em toda sua história moderna.
Há uma enorme insatisfação na sociedade contra a recessão, o desemprego e a corrupção. Devemos transformar essa insatisfação em luta organizada. Devemos impulsionar a retomada das entidades dos trabalhadores e da juventude para as lutas, o fortalecimento de espaços de unidade do movimento sindical combativo e da esquerda socialista.
Defendemos, juntamente com os setores mais avançados do movimento operário e popular, a criação, nos locais de trabalho, estudo e moradia, de Comitês Populares Contra as Reformas impostas pelos capitalistas.
Não se pode desconhecer que há um clamor entre expressivos setores da sociedade e, especialmente, entre os companheiros da esquerda, pelas “eleições diretas já”, como saída para a crise. Estaremos em todas as batalhas pelas mudanças no país e lutaremos ombro a ombro com os companheiros que defendem as “diretas já”, a fim de mantermos a frente única para derrubar o governo Temer, cada vez mais odiado pelo conjunto da população, e derrotar as contrarreformas. Mas não devemos alimentar ilusões com a democracia burguesa. A corrupção é endêmica ao capitalismo, e as eleições burguesas refletem a desigualdade econômica e social.
Reconhecemos a proposta de eleições gerais já como uma mediação possível, face à grande podridão e ilegitimidade do governo usurpador e do degenerado parlamento brasileiro, mas, principalmente, como um mecanismo para aprofundarmos as contradições e disputas interburguesas que abominam qualquer sopro de participação popular. Apesar de reconhecermos a legitimidade desta proposta, entendemos que não há solução e saída definitivas para crise brasileira, no que diz respeito aos interesses dos trabalhadores e da juventude, através das eleições burguesas.
As reais alternativas para os trabalhadores e a juventude irão emergir das lutas e do processo de reorganização independente da classe trabalhadora. Sendo assim, a prioridade para o nosso futuro é LUTAR AGORA!
Prestes a completar 90 anos de existência, a UJC faz parte das grandes lutas lideradas pela UNE no passado. Orgulhamo-nos em ter sido a principal organização fundadora dessa importante entidade do movimento estudantil brasileiro e latino-americano. Diante da difícil conjuntura atual, urge lutarmos para que a UNE não fique em cima do muro nas lutas, ou priorize apenas o acordo de cúpulas e gabinetes, tampouco abra espaço para que as políticas da direita golpista invadam a entidade. É hora de mudarmos radicalmente a UNE, construirmos um novo projeto estratégico de educação popular e anticapitalista. É preciso retomar a entidade e afirmar que esta tem lado sim – o lado dos estudantes e dos projetos históricos de transformação em favor dos trabalhadores.
COORDENAÇÃO NACIONAL DA UJC (UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA)
O Poder Popular na íntegra: https://pcb.org.br/portal2/14732