Novos tempos na Petrobras: neoliberal implementa e militar chancela o desmonte

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A escolha dos novos integrantes do Conselho de Administração (CA) da Petrobras mostra que existe, de fato, dentro do governo Bolsonaro uma aliança consolidada entre militares (leia-se ultraneoliberais) e mercado, sendo claro que a Petrobras é alvo principal desta aliança que sustenta e dá fôlego ao atual governo brasileiro. Pelo visto, a ideia é tentar repetir a dobradinha ocorrida no Chile durante a ditadura militar liderada pelo General Pinochet , que uniu a “nata” neoliberal, formada pela Escola de Chicago aos militares.

Na Petrobras, isso fica patente com a indicação do almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira para a presidência do CA, posto máximo de gestão da empresa. Desde o período de ditadura, os militares não tinham posição de tanto destaque na companhia.

Recentemente, em fato relevante divulgado ao mercado, a Petrobras destacou a qualificação de nível superior que o militar recebeu nas escolas de guerra naval do Brasil, Chile e Annapolis, nos Estados Unidos. “Leal Ferreira foi treinado e teve suas capacidades de liderança, gestão e visão estratégica, testadas e aperfeiçoadas ao longo de muitos anos de experiência”, informou a empresa.

Apóstolo do mercado

No flanco neoliberal, o outro indicado ao CA é João Cox, graduado pela Universidade Federal da Bahia, pós-graduado pela Universidade do Quebec e também pela Faculdade de Estudos sobre Petróleo e Energia.

Atualmente, é um empresário detentor de um vasto currículo de passagens por direções e conselhos de grandes empresas no Brasil , como TIM, Claro, Braskem, Embraer, Estácio, Linx, WTorre e Odebrecht, além de possuir a Cox Investimentos & Consultoria, uma empresa voltada para oportunidades de capital de risco, serviços de consultoria corporativa, fusões e aquisições, mercados de capital de ações / dívidas e serviços de patrocínio corporativo, conforme consta em seu perfil na mídia social Linkedin.

Arrocho contra os trabalhadores

Na presidência do Conselho de Administração da Estácio de Sá S/A, universidade privada e sediada no Rio de Janeiro, Cox, entre os anos de 2010 e 2018, implementou um programa de alta rotatividade de funcionários, terceirização e redução de salários de professores.

Ao Estadão/Broadcast, o presidente da Petrobras, o Chicago Boy, e amigo de Paulo Guedes, Roberto Castello Branco afirmou, na última sexta-feira (11), que a intenção é mudar o perfil do conselho para que tenha “mais representantes com visão estratégica do que a Petrobras precisa (…). Um ciclo se encerrou e iniciamos uma nova era” – disse.

Pelo visto, os empregados e a Petrobras poderão viver novos tempos, nada fáceis, de mais cortes de direitos, desmonte e acentuação da retirada da empresa do cenário de desenvolvimento estratégico do Brasil. Assim, cabe à categoria petroleira unir-se na defesa de seus direitos e por uma Petrobras que trabalhe para o país e não para o “Deus” mercado e seus falsos profetas de plantão.

O perfil de profissional que já estava em ascensão no Conselho de Administração, nos últimos anos, se aprofunda e intensifica no governo Bolsonaro. Com isso, quem perde é a Petrobras, os petroleiros e o país.

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