O IRÃ E A HUMANIDADE EM PERIGO
A cada dia que passa aumenta a tensão no Golfo Pérsico. O imperialismo joga mais e mais lenha ao fogo. Das simples ameaças estão passando a fatos recorrentes como o crime e o terrorismo. E isto não é uma invenção nossa. O colunista Ramón Lobo afirma, no “El País” da Espanha, que os assassinatos de cientistas nucleares e os obscuros incidentes, as explosões próximas às plantas nucleares iranianas, são um inocultável sinal da ingerência dos EUA e de Israel. No dia 11 foi assassinado Mostafa Ahamadi. Colocaram uma bomba magnética e seu automóvel explodiu. Foi o terceiro cientista iraniano morto nestas circunstâncias. A técnica terrorista está patenteada pela CIA. Assim morreram Letellier e sua secretária Ronny Moffit e o Gral Prats, em Washington e Buenos Aires respectivamente.
Em outras palavras, a CIA e o MOSSAD fortaleceram seus laços e atuam conjuntamente contra o Irã. Também atuam dessa forma contra a Síria. Os russos, no jornal Telegraph, denunciam que já existe um plano que começa com a zona de exclusão aérea e a ativa participação da vizinha Turquia. Porém, não há permissão do Conselho de Segurança da ONU. Respeitarão isso? Recordemos que quando bombardearam a Iugoslávia em 1999, o fizeram sem nenhuma autorização. Também recordemos que os EUA acabam de vender, aos países do Golfo, US$ 123 milhões em armas. O Iraque do “presidente” Maliki, vizinho do Irã, comprou US$ 11 milhões. No entanto, Bagdá e todo seu patrimônio histórico-cultural seguem sem ser restaurados. Sua população não tem nem água potável.
Através dessas ações provocadoras, os EUA querem arrastar o resto da Comunidade Europeia. Alguns dele já deixaram de comprar petróleo nestes países. Os russos, menos mal, advertiram sobre as graves conseqüências, além dos prejuízos econômicos que teriam. “Eles (os europeus) sofreram as conseqüências” da imposição ianque, pois eles têm grandes reservas. Contrariamente, a Europa é “fundamentalmente dependente da importação de gás e petróleo”. Isso foi dito nada menos que pelo Secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, Nikolai Patrushev. Agregou que há muitos anos o ocidente difunde o rumor de que o Irã busca a bomba atômica. E onde está ela? Perguntamos-nos. Assim sendo – como as rampas de lançamento atômico do Iraque que, sem sequer ficar corado, mostrou Colin Power na ONU – estão em suas cabeças, no programa midiático da preparação da invasão. Menos mal, e que pese a aparente rigidez persa, Ajmadineyad acaba de convidar uma delegação do organismo especializado da ONU para que faça uma inspeção.
Não são os únicos indícios da preparação bélica. Tornou-se de conhecimento público que a Casa Branca informou ao Aiatolá Hamenei que, sem o Irã, fecha-se o Estreito de Ormuz, que consideram uma “linha vermelha”, ou seja, “branco para atacar”. Confusas como estão as coisas, os agentes dos EUA tentam achegar-se dos talibãs para neutralizá-los e utilizá-los contra os persas. Sem dúvida, tudo isso sairá muito mal. As fotos dos soldados ianques urinando sobre cadáveres talibãs os irritaram mais ainda, e irão atacar.
Cumpriram-se dez anos da prisão dos EUA em Guantánamo, um cárcere tão brutal e arbitrário quanto um campo de concentração nazista. Obama há 4 anos prometeu fechá-la e… se vem as eleições… há que tranqüilizar os conservadores. Passaram outros 4 anos de vergonha para os estadunidenses. Assim está o mundo, cheio de perigos e de arbitrariedade imperial pela irresponsabilidade dos governantes imperialistas.
Marcos Domich é Secretário de Relações Internacionais do PCBoliviano (PCB)
*Publicado resumido em OPINIÓN de Cochabamba (15-I-2012)
Traduzido do espanhol por Daniel Oliveira para o PCB – Partido Comunista Brasileiro