Agressão imperialista contra a Síria (II)

Análisis Político y Social Nacional e Internacional de Venezuela y el Resto del Mundo

Agressão imperialista contra a Síria (II)

Quem tem o direito de decidir o destino dos povos?

Carlos Maldonado

Alguns organismos da ONU (não todos, e menos ainda o pleno, representado por todas as nações) se somaram à campanha midiática contra a Síria, com o objetivo de formar uma opinião pública conivente com seu ataque militar para, segundo os desejos do imperialismo encabeçado pela cínica potência dos Estados Unidos, mudar o regime de Bashar Al Assad. Isto mostra que certas agências internacionais estão sob a influência das potências e seus interesses, não em benefício da grande maioria da comunidade internacional.

Esta artimanha não tem outro objetivo que seja o de sobrepor-se aos mecanismos que estas mesmas potências criaram para frearem-se entre si, como é o veto dos integrantes do Conselho de Segurança (no caso em questão, o da Rússia e da China). Veto que até o momento tem sido negativo aos interesses dos Estados Unidos e seus acólitos europeus para promover o controle da Síria, enclave estratégico na região do Oriente Médio, como já foi dito outras vezes, quando foram colocados em situação indefesa perante os planos expansionistas do Império. Assim, o plano é continuar insistindo a respeito do “massacre” do regime de Assad contra seu povo para não mencionar, é claro, os bandos armadas da “oposição” que as mesmas potências acusadoras financiaram, armaram e assessoraram. Bandos que não têm nada de manifestantes pacíficos, como a imprensa internacional divulgou tais mercenários.

O intento é levantar, por meio do seu plano de informações, uma massa crítica que lhes seja favorável, para que esta autorização moral possa “legitimar” um ataque que, mesmo que careça de legalidade diante do Conselho de Segurança, possibilitaria que a OTAN agredisse a Síria e promovesse a derrubada do seu governo legítimo, como fizeram na Líbia.

O caso mais recente e descarado é o papel que vem desempenhando a Comissão de Direitos Humanos através de sua diretoria que, sem confirmar dados, repete aqueles fornecidos pelos “ativistas dos Direitos Humanos”, que não são mais do que ONGs financiadas pelo imperialismo, como o infelizmente célebre Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres e o Exército Livre Sírio – ELS – verdadeiros cavalos de Tróia em cujo seio se aglutinam agentes de órgãos de inteligência das potências e mercenários.

Na Comissão supracitada, atreveram-se a dizer que existem mais de 7.500 vítimas do “regime”. Diante de tal acusação sem fundamento, o delegado do governo de Damasco teve o brio de retirar-se da mesa onde se promove e estimula o assalto escandaloso a seu povo (tal como fizeram contra o da Líbia), onde hoje reina a anarquia e o enfrentamento entre tribos, enquanto o petróleo e outros recursos outrora pertencentes a seus cidadãos, agora pertencem às potências que as repartiram, não sem antes acusar a comissão e sua diretoria de submeter-se a interesses neo-colonialistas.

A esta trama vêm se somando governos que precisaram ser prudentes ao definir posições como as do México e Colômbia que, unindo-se à articulação fascista, “se mostram preocupados pela situação na Síria”. Não obstante, é preciso considerar em primeiro lugar, segundo contagens conservadoras feitas por órgãos e jornais sérios, 67.000 mortos em apenas 4 anos de presidência de Felipe Calderón (16.750 por ano; 1.395 por mês), fruto de sua guerra contra o narcotráfico onde os Estados Unidos fazem o jogo duplo de sustentar a matança através do seu transporte de armas ao território, vendendo-as tanto aos narcotraficantes quanto ao governo; e, por outro lado, sem fazer o suficiente para reduzir o comércio e o consumo de drogas em seu próprio país.

Em segundo lugar temos, na Colômbia, pouco ou nenhum interesse em levar a cabo um Acordo de Paz com a guerrilha das FARC, diminuindo o sofrimento da população civil, que está no fogo cruzado ou que é reprimida por suspeitas insustentáveis. Com fortes acusações nos fóruns internacionais de Direitos Humanos, por sua violação sistemática a estes, pelo aparecimento de valas comuns em seu território – onde se descobriram cadáveres dos opositores a diferentes governos, em especial o recém findado governo de Uribe Vélez – ou pelo constrangimento de suas escutas telefônicas e espionagem a opositores, o país não parece credenciado a fazer críticas aos outros.

Como reagiria o México na ONU se outros países pedissem a intervenção armada por parte das potências estrangeiras em seu território, sob pretexto de seus minguados avanços na guerra contra o narcotráfico? Por que essa mesma Comunidade Internacional que se pronuncia contra os supostos massacres na Síria não se pronuncia do mesmo modo contra os que ocorrem no México e na Colômbia, que não apenas são verificáveis como também muito mais numerosos, evidenciados pelas valas comuns encontradas repletas de cadáveres e pela cobertura jornalística? Não seria verdade que esta guerra contra o narcotráfico, apoiada pela potência mais hipócrita destes tempos, os Estados Unidos, em conluio com o ranço oligárquico mexicano, não está deixando excelentes dividendos a ambos, enquanto a população civil é a que fornece a maioria dos mortos?

E se a Comunidade Internacional, incluindo o governo colombiano, se preocupam com a Síria, por que não se preocupam com o interminável conflito que já ultrapassa mais de meio século com seu grande rastro de mortos, desaparecidos, mutilados, sequestrados e refugiados?

Se as potências “sugerem” nos plenos que se deveria armar a oposição na Síria para derrubar o governo legítimo, por que não armar as FARC então? Ou, por que não armar todo aqueles que se opuserem aos seus governos, incluindo o dos Estados Unidos ou qualquer dos europeus? Aqui, todos são da mesma família.

Estas perversas ingerências podem acarretar sérias consequências para governos democraticamente eleitos que, ao tomarem decisões apressadas acerca de terceiros, se esquecem que têm teto de vidro. Que muitas vezes precisam de crédito.

A comunidade de países não deve prestar-se a jogar o jogo do imperialismo e seus sequazes a quem no fundo nada importam a democracia, a vida e o bem-estar dos povos. A única coisa que lhes interessa é agenciar os recursos das demais nações para o bem ou para o mal, com ou sem o aval desta comunidade internacional.

Entregar-se a isso é crer que colocar-se a seu lado é garantia suficiente para não serem atacados. Erro crasso! Valeria a pena relembrar os anos recentes de Manuel Antonio Noriega no Panamá e de Saddam Husein no Iraque, ou mesmo Muamar Kadafi, que confiou nos líderes destas potências quando lhes estenderam a mão para fechar negócios. Os Estados Unidos – e vou além, o imperialismo – não tem amigos, tem interesses.

Os líderes com uma mínima cota de dignidade e vergonha o sabem. Estes são os que frearam o carro do imperialismo. Seus povos os apóiam, o que lhes dá força. Mas o imperialismo corre contra o tempo, motivado pelo seu desespero em busca da energia sem a qual a sua economia entraria em colapso e, portanto, a sua hegemonia sucumbiria.

O mundo não poderá suportar uma terceira guerra mundial, no entanto a loucura pode torná-la possível. É hora de unirmo-nos decididamente contra essa insanidade. E, se os psicopatas que hoje governam a nação mais poderosa do mundo, militarmente falando, se arrogam o direito de decidir que governo se derruba ou que líder se assassina, os cidadãos do mundo temos o direito, em defesa da vida no planeta, de fazer com que o governo dos Estados Unidos seja derrubado também. Ou não?

cmaldonado@infom.org.gt

Publicación Barómetro 01-03-12

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