Tempestade de Al-Aqsa: um ano depois

Ali Kamal Abdallah, um jovem brasileiro de apenas 15 anos que estava indo trabalhar com seu pai no Líbano, no dia 23 de setembro, quando ambos foram vítimas de um bombardeio em que perderam suas vidas. Ali e seu pai somam-se às quase duas mil pessoas que perderam sua vida no Líbano em menos de duas semanas de ataques israelenses. A União da Juventude Comunista, hoje, dia 7 de outubro de 2024, vem demarcar essa data, que marca um ano desde a operação “Tempestade de Al-Aqsa” e o início de uma das maiores e mais covardes ofensivas militares que Israel já promoveu em Gaza, desde a Nakba em 1948.

Até o momento, são mais de 100 mil palestinos feridos e mais de 40 mil mortos, sendo pelo menos 16 mil dessas vítimas crianças e recém-nascidos. Como temos visto recentemente, Israel não se limita à Palestina, avançando também para outros países do Oriente Médio.

A “Tempestade de Al-Aqsa” foi uma operação militar lançada pelas Brigadas Al-Qassam, em outubro de 2023, como resposta à crescente ocupação ilegal e às agressões nos meses anteriores ao ataque. Essas ocupações concentraram-se especialmente em locais sagrados do Islã, como a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. O ataque representou a quebra do bloqueio imposto à Faixa de Gaza e teve como alvo posições militares israelenses, além de afirmar o direito de autodefesa diante de décadas de ocupação, violência colonial e opressão.

A operação é uma forma de resistência à ocupação sionista, à repressão e ao apartheid, além do processo de limpeza étnica na região. O governo sionista, no entanto, usou a operação como pretexto para justificar uma ofensiva brutal e covarde, acusando diversos grupos de terrorismo, enquanto praticava, sob os olhos do mundo, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Por meio de bloqueios e bombardeios indiscriminados, bairros inteiros, hospitais, escolas, casas e universidades foram destruídos, com o apoio incondicional de potências imperialistas, como os Estados Unidos e outros países do Norte Global. Israel continua a promover um massacre sistemático em Gaza, na Cisjordânia e, recentemente, no Líbano.

Essa prática de apartheid e genocídio contra o povo palestino visa destruir sua identidade, autodeterminação e resistência, alimentando uma ideologia orientalista e racista contra as populações árabes da região. Isso pode ser observado no sistema educacional, na mídia e na propaganda de Israel. Mesmo diante dessa realidade, o povo palestino segue lutando incansavelmente por sua libertação e autodeterminação. Sua luta é legítima e urgente.

Nós, da União da Juventude Comunista, a Juventude do Partido Comunista Brasileiro, expressamos toda a nossa solidariedade ao povo palestino, ao povo libanês e ao povo iemenita. Estamos mobilizados em todo o Brasil para exigir o fim do genocídio e do Estado de Israel. É nosso dever denunciar e pressionar pelo rompimento das relações que o governo brasileiro mantém com o imperialismo sionista, incluindo a venda de quase 10% do petróleo usado por Israel em suas máquinas de guerra. Além disso, as forças armadas brasileiras continuam comprando armas e equipamentos que são utilizados para oprimir a classe trabalhadora aqui no Brasil, seja nas periferias urbanas, no campo, nas comunidades indígenas, quilombolas ou tradicionais.

Entendemos que o fim das relações comerciais e diplomáticas com Israel aumenta a pressão internacional por um cessar-fogo imediato na região. Hoje lembramos o martírio de Ali Kamal Abdallah e de todas as crianças, jovens, adultos, pais e mães que tiveram suas vidas interrompidas pela violência. Nosso compromisso é com a causa e resistência palestina, ao mesmo tempo em que denunciamos a hipocrisia do Ocidente, conivente com esse genocídio.

Continuaremos a mobilizar as fileiras de nossa juventude em defesa de um mundo livre do colonialismo, do capitalismo, do imperialismo e de toda forma de opressão. Que a memória dos mártires viva como combustível para fortalecer nossa luta anti-imperialista e anticapitalista.

Nosso recado final é claro: pela liberdade dos prisioneiros palestinos nas cadeias israelenses e por uma Palestina livre, soberana, multiétnica, laica e socialista, do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo.

Comissão de Assuntos de Relações Internacionais da União da Juventude Comunista

7 de outubro de 2024

https://ujc.org.br/tempestade-de-al-aqsa-um-ano-depois/