Relatório mostra efeitos do bloqueio estadunidense e pede suspensão da medida, que já dura 53 anos

Jornalista da Adital

Adital

Na última quinta-feira (20), o ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, apresentou um relatório com informações sobre o impacto do bloqueio que os Estados Unidos mantêm contra Cuba desde a histórica Revolução de 1959. Além de assegurar que o bloqueio já não tem sentido algum, o ministro destacou que o fim da medida traria benefícios não só para Cuba, mas também para os EUA.

O relatório relembra que o bloqueio persiste há 53 anos e que durante este tempo foi se institucionalizando mediante a aprovação de sucessivos presidentes e a instituição de medidas legislativas que o tornaram mais “férreo e abarcador”.

“Desde este momento [Revolução Cubana], a política de asfixia econômica que representa não cessou um só instante, o que reflete claramente a obsessão de sucessivos governos dos Estados Unidos de destruir o sistema político, econômico e social eleito pelo povo cubano no exercício de seus direitos à livre determinação e à soberania. Durante todos estes anos se recrudesceu e reforçou os mecanismos políticos, legais e administrativos de tal política com o objetivo de procurar sua instrumentação mais eficaz”, denuncia o relatório.

Por conta do bloqueio, Cuba não pode exportar e importar livremente produtos e serviços para os Estados Unidos; não pode utilizar o dólar norte-americano em suas transações financeiras internacionais ou ter contas nesta moeda em bancos de outros países; não pode ter acesso a crédito de bancos nos Estados Unidos, de suas filiais em outros países e de instituições internacionais como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

O reflexo financeiro disto, até dezembro de 2011, passa de 108 bilhões de dólares em cálculos atuais, levando-se em consideração a depreciação do dólar frente ao valor do ouro no mercado internacional. O relatório também aponta que a perseguição às transnacionais financeiras internacionais cubanas é um dos traços mais significativos do bloqueio. De acordo com o relatório anual publicado pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac), do Departamento do Tesouro, a cifra dos fundos congelados pelos EUA a Cuba no final de 2011 fechou em mais de 245 milhões de dólares, situação que barra o desenvolvimento econômico, social e científico-técnico da Ilha.

A comunidade internacional já fez inúmeros apelos aos governos dos Estados Unidos. Inclusive no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas já foi expressa em 20 resoluções este apoio ao fim do bloqueio. Apesar disso, a medida se mantém como uma “ferramenta de pressão” e não há indícios de que possa ser suspensa pelo governo do atual presidente estadunidense, Barack Obama.

“O bloqueio continua sendo uma política absurda obsoleta, ilegal e moralmente insustentável, que não cumpriu, nem cumprirá o propósito de dobrar a decisão patriótica do povo cubano de preservar sua soberania, independência e direito à livre determinação; mas gera carências e sofrimentos à população, limita e retarda o desenvolvimento do país e danifica seriamente a economia de Cuba. É o principal obstáculo ao desenvolvimento econômico e social da Ilha”, aponta o relatório.

Por isso, cientes de que o bloqueio econômico, comercial e financeiro é uma transgressão ao direito à paz, ao desenvolvimento e à segurança de um Estado soberano – segundo afirma a Carta das Nações Unidas – é que as autoridades e a população cubana reivindicam o fim desta medida de austeridade que afeta não só a economia, mas também causa prejuízos à saúde e à alimentação do povo cubano.

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